Melhor Amigo?

Capítulo 11 - Papéis da peça

Uma semana passou e finalmente chegou a aula em que a professora terminaria de distribuir o papel de quem ia atuar na peça. Antes de tudo, ela quis saber de cada aluno que já tinha a sua tarefa o que tinham feito nessa semana e depois de ouvir todos, disse estar feliz com a organização da turma. Quando chegou a vez da Fabiana e Letícia apresentarem os personagens e a base do roteiro, a Fabiana travou na frente da turma, sem conseguir falar nada. É claro que o resto da turma começou a rir, o que piorou mais ainda, mesmo com a professora chamando a atenção de todos, parecia que ninguém a ouvia.

Passado um tempo, a professora conseguiu controlar os mal-educados e, já que a Fabiana se recusou a voltar a falar, a Letícia começou a apresentar os personagens e o enredo. Como a amiga dela, Sandra, tinha sugerido para a diretora, a Letícia conseguiu convencer a Fabiana e o resto da turma a criar uma história romântica, mais precisamente um triângulo amoroso, com direito ao típico badboy e às cínicas líderes de torcida. Depois de explicar o papel de cada um dos personagens, a professora colocou os nomes deles no quadro e combinou que tentaria deixar que cada aluno escolhesse um, mas, havendo discussão, os nomes seriam escolhidos por sorteio. Ela também disse que uma vez escolhido o personagem, não poderia ser alterado para não virar uma novela em vez de uma peça de teatro!

Na mesma hora a Sandra levantou a mão bastante empolgada:

- Professora, eu gostaria muito de ser a capitã das líderes de torcida!

- Alguém se opõe? – A professora perguntou para a turma, mas ninguém se opôs. – Ótimo! – Ela se virou e escreveu o nome da Sandra ao lado do nome da capitã das líderes de torcida.

- E nós queremos ser as duas amigas dela! – As duas meninas que viviam grudadas à Sandra disseram juntas. Mais uma vez ninguém se opôs e os nomes das duas foram escritos ao lado de suas respectivas personagens.

- Professora! – O Fábio interrompeu. – Acho que para o papel da professora deveria ser a Juliana... Ela é alta e usa óculos... Bem como a Letícia descreveu a personagem! – Vários alunos murmuraram concordando.

- Sim, seria o ideal. – A professora concordou. – Se as meninas aceitarem... – Ela olhou para a Juliana que balançou a cabeça confirmando e depois para mim, que fiz o mesmo. – Ótimo! – Ela virou feliz para o quadro. – As meninas estão bastante decididas hoje! Estou orgulhosa! Então a Luciana vai ser a Katy.

Apenas quando a professora falou o nome da personagem, eu voltei a prestar total atenção ao que estava acontecendo na sala de aula. Enquanto a professora estava resolvendo os personagens, eu estava trocando bilhetes com o Luís Felipe, então prestava atenção parcialmente ao que estava sendo dito e combinado. Só que na hora que ela disse "Katy", eu me toquei que essa era a personagem principal! E foi nessa hora que me dei conta que ao definir quem seria a professora, ela tinha perguntado apenas para a Juliana e para mim! Eu tinha me metido numa enrascada por falta de atenção e eu sabia que não teria como mudar. A professora tinha sido clara o suficiente que não deixaria alterar o personagem depois de escolhido. Olhei para o Luís Felipe e vi que ele engoliu em seco quando também notou o meu nome ao lado da personagem principal.

- Ninguém merece! – Falei muito baixo para mais ninguém ouvir.

- Fica tranquila. Vai dar tudo certo. – Ele também respondeu baixo, mas ele não olhava para mim, e sim, por cima de mim. Olhei para trás para descobrir para onde ele olhava e vi o Fábio o encarando com um sorriso cínico nos lábios. Ele desviou o olhar rapidamente para mim e voltou a prestar atenção na professora que perguntava se algum menino já tinha escolhido o seu papel.

- Fabi! – O Diego a chamou. – Qual é o personagem que fala menos?

- Não sei exatamente, Di... – Ela parecia pensar. – A gente tenta colocar a mesma quantidade pra todos... Quero dizer, EU tento! – Ela revirou os olhos. Ela tinha me contado que a Letícia não escrevia nada, apenas ficava dando ideia de como os personagens deveriam ser e forçando a barra para ter um triângulo amoroso, mesmo que fosse sem beijo.