Capítulo 18 - Festa de Halloween (parte 2)

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Tudo o que eu fiz foi abrir os meus olhos. O resto foi automático. Os meus dedos também se entrelaçando aos dele, cada passo dado, o sorriso que se formou enquanto a gente andava.

Eu nunca fui burra, mas sempre sofri de um pequeno problema chamado falta de confiança! Era óbvio que tinha alguma coisa entre nós dois. Ele apareceu na minha vida no momento que eu mais precisava de um porto seguro. Ele se tornou a minha sorte, o meu melhor amigo. Como distinguir um sentimento tão forte assim? Era só amizade, uma amizade verdadeira, daquelas que duram para o resto da vida? Era uma paixão pelo momento frágil que eu estava vivendo, mas que eu me fazia de forte para não sobrecarregar a minha mãe? Era amor de verdade, que nasceu com um encanto, se fortaleceu na amizade e duraria se cultivado? Sentimentos nunca foram a minha praia. Era justo eu não saber o que eu sentia de verdade. Era normal eu estar em negação que o meu melhor amigo era apaixonado por mim!

Eu já tinha desconfiado algumas vezes, já tinha percebido alguns olhares, já tinha notado muitos ciúmes, já tinha pego olhares e risos da Fabiana e do Diego para nós dois... Eu só não tinha notado que chamava a menina de quem o Luís Felipe gostava de "outra", mas a Fabiana me fez ver. E percebi que, mesmo depois de descobrir esse detalhe, eu continuava a chamá-la assim. O motivo? Simplesmente era assim que saía. Em algum lugar dentro de mim, que já sabia o que acontecia entre a gente, qualquer outra menina não passava disso... Outra!

Era por isso que eu estava no automático. A verdade é que eu estava em pânico. Eu não sabia como agir! O que ele ia me falar? O que eu deveria falar de volta? Como a gente ficaria? O que faríamos a partir da conversa? A nossa vida iria mudar? Um turbilhão de perguntas rodava a minha cabeça e eu perdi a noção de tudo. De onde estávamos, para onde estávamos indo, da conversa que tínhamos acabado de ter, das nossas mãos entrelaçadas e das nossas mãos se soltando quando um obstáculo ficou entre nós e parecia me carregar para o lado oposto ao que o Luís estava me levando.

- Vem mais pra cá. – A pessoa continuava colada em mim.

- O que é isso? – O som estava alto e eu não conseguia entender o que a pessoa estava falando. Eu estava tão aérea que ainda não sabia quem estava me carregando, praticamente abraçado a mim.

- Não tá me reconhecendo? – Tínhamos chegado em um canto um pouco mais escuro. Eu reconhecia a voz, mas ainda não tinha identificado de quem era.

- Não. – Tentei me focar e pela primeira vez olhei para a fantasia da pessoa. Era um menino, mais alto do que eu, fantasiado de algum super herói.

- Vou te ajudar, então. – A máscara cobria os seus olhos e parte do nariz. Ele começou a se aproximar, baixando sua cabeça para ficar na altura da minha.

- O que você tá fazendo?

- Só te ajudando a descobrir... – Ele sorriu.

- Não é mais fácil você simplesmente falar?

- Sim.

- Então?

- Nem sempre o mais fácil é o mais legal.

- Nem sempre as pessoas gostam de serem colocadas contra a parede por um estranho enquanto ele aproxima o rosto da pessoa.

- Eu não sou um estranho! – Apesar da máscara, deu para perceber que ele tinha erguido uma sobrancelha.

- Claro que é!

- Você me conhece. Estudamos na mesma escola. Você me vê por aí...

- Enquanto estiver mascarado e eu não souber quem exatamente você é, você é um estranho, sim! – Insisti.

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