14- Thiago

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Ok, eu não aguentei! Eu tinha que vê-la! Precisava ter a certeza de que ela estava bem. Agora eu posso dormir tranquilo. Se eu conseguir, por que a ameaça da diretora de colocar Luísa para fora está me deixando preocupado... Ainda era sábado, de tarde. Eu estava sentado no cadeira do escritório do meu pai, lendo um livro. Um de Filosofia para ser mais exato. Meu pai tinha muitos e eu gostava de ler sobre Nietzsche, que na minha mente, não era bem um filósofo, ele não se intitulava assim. Era uma leitura complicada, tinha que prestar muita atenção e eu ficava cansado.

Toc-toc. Havia alguém na porta. Márcia colocou metade do corpo para dentro do quarto enquanto eu desviava meus olhos para ela calmamente.

- Seu pai está chamando você. - Ela disse, indo embora por onde entrou.

Levantei da cadeira, para guardar o livro. Cruzei o quarto, indo para a sala. O que será que ele quer falar comigo?

No caminho, Patrícia bateu em mim de ombro. Ela andava estranha nos últimos dias, estava mais calma, mais quieta, ainda não tinha inventado uma festa do pijama, ainda não tinha feito bagunça no seu quarto gritando feito uma louca ... O que houve com você, Paty? Em parte, eu estava preocupado com ela, por outro lado, eu estava tranquilo. Deve ser normal, afinal eu nunca sei como ela vai estar no dia seguinte. Talvez amanhã ela me coloque de casa pra fora, só porque quis... Ter uma irmã dá nisso, mas é a vida. Alguns amigos meus diziam que eu era muito bonzinho para Patrícia, que ela fazia de mim "gato e sapato", eu ria. Ela podia fazer de mim gato e sapato como diziam, podia me bater, me xingar... Mas, na maioria dos casos, eu a provocava. Ri mentalmente.

Meu pai estava assistindo um jornal. Porque adultos assistem jornal? É sempre igual. Notei que haviam mudado a decoração da sala. Uma cortina na cor lodo nas portas de vidro que iluminavam a sala durante o dia, um tapete cinza espalhado pelo chão com leves listras pretas, um sofá maior e preto acolchoado, alguns retratos de família no rack, a televisão no painel de madeira. Percebi algumas flores em jarros no canto, eu não soube indentificar qual era, especificamente, o tipo da flor.

- Oi, pai. - Falei, me sentando ao lado dele no sofá.

- Thiago, você tem algo para fazer hoje? - Perguntou, desligando a televisão.

- Não. Nada. - Respondi, o olhando em expectativa.

- Eu tenho que fazer uma viagem hoje, à trabalho. Vou para nossa cidade natal. - Ele falou, mudando seu foco para mim. - Quer ir comigo? Você pode voltar amanhã pela noite no avião. Mamãe gostaria muito de uma visita sua.

Olhei para o lado. Eu gostava de viajar com meu pai, pois passava pouco tempo com ele. Quando eu era criança, sentia mais falta. Atualmente, eu já não sou mais assim. A última vez que eu tinha visto minha avó, fora no ano passado pelo Natal para a ceia. Estava com saudade dela.

- Tudo bem, eu vou pegar umas mudas de roupas para a viagem. - Levantei do sofá, indo para o meu quarto.

- Eu vou sair às três, não demore. - Ele disse, voltando a ligar a TV.

Subi a escada para o meu quarto e peguei minha mochila para arrumar as coisas. Nada a mais que o necessário e eu só dormiria uma noite e passaria o dia, além do mais, minha avó sempre guardava coisas minhas no meu quarto. Teve um ano, que ela esteve doente que eu morei com ela. Dona Silvia me fazia comer muita coisa, com receitas variadas todos os dias. Ela me fazia sorrir e me arrastava pela cidade para passeios no parque e nos pontos turísticos.

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- E então? Bateu a saudade? - Meu pai perguntou, rindo.

- Um pouco. O cheiro da praia é ótimo. - Falei.

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