20- Thiago

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       Todos nós estávamos apreensivos pelo resultado. Se a nossa escola conseguisse passar até no vigésimo lugar, teríamos mais tempo para nos preparar. Fora que as eliminatórias são quase impossíveis de passar. Fazia pouco mais de dez minutos que estavam fazendo a contagem de pontos e anunciando os vencedores. 

       As mãos dadas em nervosismo, corações aos pulos. Luísa ao meu lado não conseguia tirar o sorriso do rosto, tanto de alegria quanto de medo. Seus olhos azuis não saíam dos jurados. Eu olhava Patrícia na platéia, sua silhueta pouco nítida por conta da distância. Ela estava sentada, meio parada no tempo. Parecia haver algo de errado. 

       - Em oitavo lugar: Escola Cecília Meireles do estado de São Paulo! - A voz do locutor brandiu. 

       Meus colegas começaram a vibrar como loucos, entre gritos, sorrisos e abraços, eu peguei Luísa a enchendo de beijos pelo rosto. Ela ria, se mexendo por conta da cosquinha. 

        - A gente conseguiu, Thiago! - Ela sorria alto e grande. Aquele sorriso era sem sombra de dúvidas, o mais lindo que eu já havia visto. Ou pelo menos, era o maior que eu conhecia. 

        - Eu disse pra você que daria tudo certo. - Minha vontade era colocá-la no meu colo, para não soltar nunca mais. 

         Contudo, contra minha vontade, tive que soltá-la para abraçar outros colegas e sentir a emoção estampada nos rostos de cada um deles. Apertos de mãos, pulos no ar, comentários engraçados e confiantes. Por fim, graças às nossa boa colocação, nós iríamos pular algumas etapas e só estaríamos de volta na Competição dos Escolhidos, isso nos daria tempo o suficiente para ensaiar e compôr uma coreografia impressionante que garantisse outra boa colocação. Deu tudo certo, em tão pouco tempo. Seguiria assim. 

         Nos reunimos num abraço coletivo, dessa vez, mesmo com Luísa distante de mim, Keven não tentou se aproveitar disso. Assumir o namoro ao público havia sido muito bom, no fim das contas. Ele finalmente havia percebido que estava sendo inconveniente. Eu não poderia estar mais feliz. 

        - Caramba, Camila, conseguimos mesmo! - Sara, a garota introvertida comentou, esboçando um olhar confiante. 

        - Com essa coreógrafa de mão cheia, não tinha como não conseguirmos! - David pegou Camila pelas costas, num abraço apertado. 

        Fiquei surpreso por ele não ter recebido uma cotovelada nas costelas, a vitória havia garantido um bom humor em nossa líder. 

        - Isso significa que estamos na Competição dos Escolhidos?! É isso mesmo?! - Marcos gesticulou sua alegria com as mãos.

         - Exatamente isso, meu jovem! - Luís falou, colocando seus óculos de volta no rosto e ajeitando o boné na cabeça.

         Luís era terrivelmente magro e alto como um poste, ao ponto de andar curvado. Era pálido feito giz e tinha o cabelo comprido, sem o menor sinal de barba. Afinal, além do Diogo, a maioria dos meus amigos da escola realmente não tinham barba. Essa era uma coisa que eu não estava louco para ter. 

        Devido aos estudos, aos trabalhos e programas da escola, eu mal tinha tempo para eles. Antes disso, nós constituíamos um excelente grupo de amigos. Éramos cinco, no total. Charles era o espalhafatoso; David o convencido; Luís era o skatista que muitos da escola achavam que usava droga (quando assistir Naruto for droga, ele será oficialmente um drogado) e Diogo era o cérebro mais velho do grupo, enquanto eu era o nerd-tímido. 

         - Aí, gente! - Charles gritou com a mão para o alto, chamando a atenção de todos para ele. - Hoje tem festa na minha casa, meu aniversário merece uma celebração! - Ele usou habilmente da sua lábia. - Vamos terminar isso aqui lá! 

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