16- Thiago

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       Me diz, eu não avisei? Quando eu disse que a Camila estava aprontando, você nem ligou... Achou que não adiantaria muito ou que talvez eu estivesse enganado, não foi? Bom, eu acertei. Não soube dizer exatamente o que eu pensava daquilo, mas lembro de ter ficado de pé e concordado com aquilo. Aquela competição era séria, já havia ouvido falar dela desde que me mudei. Foi um vexame, quando uma escola pública participou e conseguiu ganhar a placa de ouro e o prêmio, esse tipo de torneio acontecia muito, mas nem todos ligavam para o que acontecia, pois nem todos tem muita noção daquilo que não tem interesse. Me assustei quando vi o cartaz que Camila mostrou para a diretora, mas notei que aquela foi a única escolha que ela encontrou para conseguir manter Luísa na escola. Mas, vamos ser honestos, o que você pensa que aconteceria se a Luísa tivesse que dançar sobre patins? Eu acredito que ela conseguiria qualquer coisa se quisesse, mas... Vou apenas torcer para que tudo dê certo!

        Esse torneio não era apenas sobre patins, como o próprio nome diz, se tratava de dançar sobre rodas, esse era o desafio. Poderíamos escolher entre bicicleta, patins, patinetes, skates... Desde que tivesse rodas, estava de acordo. Mas, era uma exigência que os participantes usassem pelo menos 2 dos objetos. No começo, é claro que muitas escolas se inscreviam, porém até chegar na na Grande Final... Muitos desistiam ou eram expulsos. Eu não sabia de todas as regras, mas estava contando que Camila nos contaria logo.

         Por mais estranho que pareça, vi muitos alunos abraçarem Luísa contentes, por ela não sair da escola. Eu particularmente não conseguia me mover quando olhava para ela. Pra mim, ela estava linda sempre, com o cabelo arrumado ou não, mas... Ela estava tão... Encantadora que tive medo de me aproximar e deixar que todos soubessem o que estava acontecendo entre nós e uma boa parte de mim queria fazer isso... Contudo, era muito cedo. Ainda precisávamos aprender um pouco mais sobre o que se passava de fato quando estávamos a sós. De qualquer modo, no intervalo, decidi que eu precisava me aproximar ao menos para dizer "oi".

        Levantei da minha cadeira exitante, ela estava sentada, pensativa, com os olhos arregalados olhando para o caderno ainda com o lápis na mão, trêmula. Sentei-me ao seu lado e um pouco sem jeito, coloquei uma mecha do seu cabelo agora arrumado e atingindo os ombros ondulados e vermelhos, mais vermelhos do que nunca. Seus olhos encontraram os meus depressa e ela sorriu, nervosa.

          - Acredita que eu nem vi quando você sentou aí?! - Ela sorriu abertamente.

          - Percebi que está muito quieta... Achei estranho. Está tudo bem? - Perguntei. Porque ela me deixa tão à vontade? É como se eu estivesse escorregando em notas musicais suavemente... Uma sensação incrível e viciante!

         - Bem?! Não sei dizer! Como é que eu vou fazer isso, Thiago? - Ela me perguntou, tentando não desmanchar seu lindo sorriso.

         - Você ficou do mesmo jeito com a peça e você foi muito bem. - Falei. Porque eu só tenho olhos para ela e esqueço do mundo ao meu redor quando estou perto dela?!

         - Ah! - Ela riu alto. - Aham, olhe só minhas companheiras aqui! - Ela mostrou as muletas ao seu lado. - Eu nem apresentei a peça! E se acontecer de novo?

        - Não vai acontecer, seja otimista. - Eu disse. Se você soubesse o quanto é linda... O quanto eu amo as cores que cercam você...

        - Tudo bem. Eu ainda não sei andar sobre nada que rode! Eu tento andar com as pernas e acabo ganhando parceiras! Imagine só se eu andasse em cima de... Sei lá, um barril em movimento?! Ou... Não sei... Andando em terra plana, eu consigo tropeçar no meu próprio pé, imagine sobre rodas! - Ela riu muito de si própria.

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