— Pois é, tios! O Frederico não anda mais acordando, comendo e dormindo direito já faz três semanas! Tanto é que ele está cada vez mais abatido, magro e pálido! Comenta o primo.
— Mesmo depois de ir ao Doutor... Como é mesmo o nome dele? Pergunta o Senhor Lorenzoni.
— Maxpir Ado, psicanalista com diploma de pós- doutorado. Responde a Senhora Lorenzoni. "CASA DE FREDERICO"
— A coisa mais engraçada é que penso e sinto que já vi aquele rosto em algum lugar... Mas onde terá sido afinal? Pensa Frederico, deitado de ponta- cabeça na cama de seu quarto.
"AGÊNCIA FOTOGRÁFICA TIRO E QUEDA"
— COMO ASSIM, CONTRATO CANCELADO PELO CLIENTE? VOCÊS ACHAM QUE VIDA DE
FOTÓGRAFA É MOLEZA E SIMPLICIDADE? Berra
Juliana ao telefone.
"CLANG!" O telefone é desligado.
Mas que droga! Tem gente que acha que fotografia é brincadeira!
— Avisei a você de que não deveria fazer negócios com determinadas criaturinhas! Diz o assessor de Juliana.
— Você faz tanta hora com minha cara que eu nunca sei quando é sério e quando não é!
O assessor faz que sim com as mãos. "CASA DO CASAL LORENZONI"
— E você sabe o que está acontecendo com ele agora exatamente? Pergunta o Senhor Lorenzoni.
— Sim, temos que saber de tudo! Diz a Senhora Lorenzoni.
— Bem, ele tem medo e vergonha de que vocês saibam, mas... ele está sendo vítima de bullying no escritório!
— Como assim, bullying no escritório? Questionam o Senhor e a Senhora Lorenzoni, bastante
impressionados.
— Os colegas pensam que ele é louco, psicopata e retardado mental só porque ainda está solteiro! Segundo eles, o Frederico é louco por achar que não precisa de mulher (contrariando a realidade), psicopata por achar que mulher não é relevante (discriminando, ofendendo e preconceituando o sexo feminino) e retardado mental por não entender que mulher pode ser agradável (usando baixa capacidade intelectual).
Os pais ficam boquiabertos. "CASA DO PATRÃO"
— Alô? Sim, pode falar! Como é, que é? Vocês querem que eu mande internar o Frederico em um hospício? Veja bem, prezo por demais todos os meus funcionários, mas essa brincadeira de vocês todos já foi longe demais! Ah, e você ainda vem me dizer que é sério? Minha esposa estava certa: vocês todos são um bando de esquizofrênicos, neuróticos e paranoicos! Diz o patrão, atendendo a um telefonema de um de seus funcionários.
"CASA DO CASAL LORENZONI"
— E tem mais uma coisinha: o Frederico não para de pensar em uma mulher que ele viu e se esqueceu de perguntar como se chama! Diz o primo.
— Só falta agora nosso filho cometer a besteira de querer conquistá-la apenas para convencer a todos de que não é nenhum doente mental! Comenta o Senhor Lorenzoni.
— Temo e receio que ele vá fazer isso, sim! Diz a Senhora Lorenzoni.
— Se irá, só irá e como irá! Responde o primo. "CASA DE JULIANA"
— Se você não quer mais trabalhar como modelo fotográfico para mim, está tudo ótimo! Arranjarei outro modelo masculino! Diz Juliana, atendendo a um telefonema de um ex-cliente.
"CLANG!" Juliana desliga o telefone.
"Mas quem poderá ser essa pessoa? Não conheço ninguém que sirva para ser o modelo de que tanto preciso! Tem que ser alguém alto, bonito, elegante
e expressivo!"
Três horas mais tarde...
"CASA DO CASAL LORENZONI"
— Filho, você precisa se abrir conosco! Insiste o Senhor Lorenzoni.
— Sim, isso mesmo! Além de sermos seus pais, também somos seus maiores orientadores! Concorda a Senhora Lorenzoni.
— Já reclamei com o patrão que os colegas andam fazendo bullying comigo e ele insiste que é só uma coisa bem-humorada e brincalhona! E, agora, para piorar, não tiro da cabeça uma mulher que conheci há três semanas e que nem tenho ideia do nome! Responde Frederico.
— Seu primo já nos contou que você pretende conquistar uma namorada, apenas para vencer uma aposta idiota do escritório! Diz o Senhor Lorenzoni.
— E já vamos lhe adiantando de que, de longe, não é uma boa ideia! Reforça a Senhora Lorenzoni. "CASA DO PATRÃO"
"O que faço? Se demitir praticamente todo mundo, precisarei ir à falência e não possuo outro negócio! Por outro lado, se mantiver todo mundo em seus cargos, o Frederico continuará sofrendo demais em quantidade e qualidade!" Pensa o patrão, sentado na cama e com a mão esquerda fechada por debaixo do queixo.
"CASA DO CASAL LORENZONI"
— Filho, olhe bem uma coisa: você não é nem louco, nem psicopata, nem retardado mental, sabia disso? Comenta o Senhor Lorenzoni.
— E aliás, já faz um bom tempo que as nomenclaturas já foram alteradas em respeito aos transtornados mentais (não mais doentes mentais também!): a loucura passou a ser a insanidade, a psicopatia passou a ser o transtorno de personalidade antissocial e o retardo mental passou a ser a deficiência intelectual, os tempos agora são outros! Conclui a Senhora Lorenzoni.
— Mas os caras me disseram que para não ter namorada ou esposa, mesmo após já ser tão grande (como é meu caso), só pode ser louco,
psicopata e retardado mental! Diz Frederico. "CASA DO FUNCIONÁRIO (7)"
"Sinceramente, não faço ideia de como é que o patrão ainda deixa que um louco, psicopata e retardado mental trabalhe lá no escritório!" Pensa o funcionário (7), chateado e irritado além da conta.
"CASA DE MARIHÁ E DE ANNE"
— Recentemente, cientistas brasileiros, americanos e argentinos andaram descobrindo novas formas de tratar (ou, pelo menos, amenizar) os problemas dos insanos, antissociais e deficientes intelectuais. Contaremos o que foi que descobriram logo depois do intervalo! Diz o repórter de TV.
Marihá, Hairan e Anne fazem caras para lá de fechadas.
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O Desespero de um Solteiro
Storie d'amoreNo primeiro livro da Trilogia O Desespero de um Solteiro, o escriturário desesperado Frederico Lorenzoni precisa conquistar a fotógrafa sonhadora Juliana Medeiros para provar aos colegas de trabalho e a si mesmo que não é um triplo doente mental. Co...