Epiphany

Twenty

  • Min Hee  •

Fecho a porta do meu consultório, me deparando com Kwan sentando em uma das poltronas da sala de espera, com sua perna direita dobrada e sobreposta com seu pé em cima da esquerda. O sunbae bloqueia seu celular, e ergue sua cabeça quando sente minha presença.

-Podemos ir?- ele pergunta ao se levantar, Kwan sempre mantinha um sorriso simpático, e em sua expressão sempre estava presente uma representação calma.

-Ne! - afirmo seguindo até a porta.

Nos certificamos de que todas as luzes estavam apagadas, e se havíamos a trancado da maneira correta. Kwan abre espaço para que eu ande ao seu lado, a clínica se situava em uma das proximidades de Cheonggyecheon. Todos os dias saímos juntos, no pequeno percurso em que ele seguia até seu carro, e eu até o ponto de ônibus, algumas vezes Ong insistia em me levar até em casa, principalmente nos dias em que saímos mais tarde, em poucas eu cedia diante a persistência do mais velho.

Na semana passada eu havia dado entrada em toda documentação, e logo estaria com meu carro. O que seria um alívio quanto as minhas dependências horárias de um transporte público. Aperto meu sobretudo cinza, o vento soprava forte, e o céu acinzentado indicava a tempestade que se aproximava.

-Eu acho que vêm uma bela tempestade Min, poderia leva-la até a sua casa...

Ao outro lado da rua meu olhar se prende, próximo ao ponto de ônibus, a figura de cabelos lisos e escuros escorada na parede, é inevitável segurar o turbilhão que existe em mim. Seus olhos estão direcionados a mim, eu queria entrar rapidamente naquele carro e sair, mas eu queria ficar. Me desculpe Kwan, a tempestade já havia chegado, e estava dentro de mim.

-Muito obrigada oppa, mas eu preciso fazer algo antes. - seu olhar segue em direção do meu.

-Oh tudo bem, até mais MinHee. - ele faz uma leve reverência e eu a retribuo.

Olho para Jin, sua expressão parece mais leve e aliviada por eu não estar dentro do veículo, paro próxima ao meio fio, lutando entre seguir ou fugir. Tudo havia ficado muito confuso desde aquele dia no restaurante, quando nos beijamos. Ao final eu não conseguia decifrar a expressão de Kim, parecia tranquila, porém ao mesmo tempo se prendia a uma próxima de um erro. Após sua pergunta um "não sei" deixou meus lábios, sendo seguido pelo pedido de desculpas do mais velho. Nos desculpamos por algo que tivemos culpa, e pesa em nós, como um erro certo?

E desde então fingimos que nada aconteceu... Uma semana havia se passado, e trocávamos algumas mensagens, poucas confesso, e Jin não aparecera mais em casa. E agora ele estava ao outro lado da rua, próximo a Cheonggyecheon o qual têm uma distância considerável de Hongdae, onde o Kim deveria estar em poucos minutos, em vista de que o restaurante logo abriria.

Respiro fundo, e em passos pesados atravesso a rua, até estar a sua frente, Jin usava uma camisa branca com flores simples estampadas em algumas partes do tecido, a calça e o blazer pareciam um conjunto xadrez em tons preto e branco. Uma combinação estranha, mas em SeokJin parecia certo, era inegável que ele poderia usar um trapo rasgado e ainda continuaria elegante.

-Dia de folga? - pergunto tentando manter minha expressão fleumática, e lhe conceder um sorriso, mas era uma luta com o que havia em mim.

Já Jin não demonstra muito, nem calmo, nem turbulento, prevalece neutro. Seu olhar cai sob mim, ainda sem expressão mas pensativo, meu sorriso se fecha com a situação.