Twenty Two

3.7K 617 203
                                    

• Choi MinHee •


Estava deitada no sofá da sala, meus olhos estavam fixos na luz acima de mim, e em alguns momentos se fechavam lentamente, em sinal de cansaço. Não por fazer atividades, mas de todas emoções, das situações em que eu me coloquei.

Minha cabeça latejava, seguindo em sinapses das minhas têmporas até a fronte. Minhas pálpebras pesavam, possívelmente cansadas pela quantia de lágrimas que as deixaram mais cedo. As cenas de antes voltavam a minha mente, e o que não me faltava era disponibilidade para esquecer, porém se tratava apenas de uma vontade. Minha mente não queria deixar Kim SeokJin no passado.

Ouço a campainha, por um instante penso em ignora-la, mas a preocupação me toma, ao pensar que estava chovendo e ao outro lado havia alguém, em baixo daquela tempestade. Forço meu corpo a se levantar, sentindo a dor em cada um dos meus membros, além da queimação das escoriações em minha pele. Me  recomponho até chegar a porta, abrindo e acreditando que não passava de uma peça da minha mente, que insistia em mate-lo ali.

-Jin? - o nome sai dos meus lábios ainda quando observo a figura encharcada a minha frente, desta vez sem a presença do seu blazer, desprotegido na corrente fria.

-Está chovendo!- digo quando caio em meus sentidos reais,  estico meu braço o puxando pela camisa, e sentido o latejar em meu pulso. -Espera aí, eu vou pegar uma toalha!

Me viro para seguir até meu quarto, mas eu sinto a mão de Jin se prender em meu braço, me viro encarando seu rosto, que parece analisar cada expressão minha. As vozes de mais cedo se lançam a minha cabeça, a imagem do mais velho parado a minha frente sem respostas, e então me vem a vontade de chorar. Fecho meus olhos evitando qualquer sentimento que observa-lo me traria.

-A toalha pode esperar...- Jin estava próximo demais.

Próximo o suficiente para que seus lábios colassem rapidamente nos meus, não me permitindo que eu tivesse uma reação pensada, ou tentasse lhe afastar em busca de me proteger, eu já havia provado o caos que seus lábios poderiam me causar, e agora eu deveria apenas evita-los. 

Mas em um único impulso meu corpo corresponde ao seu, é como um ímã unido pelas cargas opostas, meu caos atraía a paz de Jin. E desta vez não havia calma alguma, nossos lábios pareciam descontar toda a confusão que nos envolvia, se movendo de uma maneira brusca e apressada. As mãos de Kim se prendem a minha cintura, como se eu pudesse fugir mais uma vez, e minha mão se limita a tocar sua bochecha.

Quando nossos pulmões raclamam, e nossos lábios sentem a ardência do ato rude, nos afastamos, mas os braços de SeokJin me prendem em um abraço. Meu rosto se encosta em seu peito, ouvindo as batidas do seu coração, e pela primeira vez, alguma parte de Jin não estava calma.

-Não faça isso Jin. - fecho meus olhos evitando as lágrimas, enquanto círculo com a ponta do dedo em seu peito.

-Você também me faz sentir coisas estranhas MinHee.- o mais velho levanta meu rosto, com a ponta dos dedos em meu queixo, encarando o fundo dos meus olhos, e seus lábios novamente estão próximos. Mas dessa vez eu o impeço.

-Vamos devagar Jin.

-Nós temos muito a conversar Min.- ele assume ainda me encarando.

-Você tem muito a conversar Jin! - digo ao lembrar da sua resposta silenciosa. -Senta! Eu vou pegar uma toalha.

Saio em direção ao meu quarto, meus passos que estavam apressados se tornam lentos, devida a pouco disponibilidade do meu corpo. Tudo parecia doer. Me limito a ascender a luz, abro a porta do guarda roupas, pegando o tecido branco, e ignorando meu reflexo no espelho ao meu lado. Volto a sala, encontrando Jin sentando, com sua coluna curvada, enquanto apoiova seu rosto em suas mãos, observando a parede.

-Aqui está! -estendo a mão com a toalha sentando ao lado do mais velho,  cruzando minhas pernas em cima do sofá.

-Gomawo! - Kim puxa a toalha, e eu sinto a dor em meu pulso, não consigo esconder a expressão em meu rosto, e o chefe a perfecebe correndo com seus olhos para o local.

-Omo MinHee! Você caiu?- ele solta a toalha segurando em minha mão e puxando a manga larga do moletom branco, revelando a pele ralada na lateral do meu braço, e meu pulso roxeado.

-Foi um carro...- minha cara de dor não se repele, ao sentir o garoto mexer em meu pulso.

"Ao voltar para casa minha mente estava tão transtornada, e minha visão totalmente embasada das lágrimas que se misturavam com a chuva, minhas roupas pesavam devido a água que se acumulava nelas limitando meus movimentos ágeis. E por um instante eu esqueci os riscos de viver em uma sociedade aberta, esqueci que haviam outras pessoas.

E então me veio a memória, assim que algo se chocou contra meu corpo, o derrubando no asfalto frio, sob meus joelhos. E neste momento eu me rendi, ficando ali, e sentindo as lágrimas mais pesadas do que antes. O motorista desce do carro em minha direção, minha reação é me manter ali, deleitando de toda a dor que me consumia.

-Aigoo! Você está bem? - ele pergunta desesperado parando a minha frente.

-Eu estou bem. - sento meu corpo tirando os saltos do meu pé, e os segurando em minha mãos.

-Eu vou levá-la a um hospital, pode ter se machucado! -ele aponta para o carro.

-Fique tranquilo, está tudo bem.- me ponho de pé com dificuldade.

E de tantas coisas que poderiam passar em minha cabeça, a primeira delas é  me condenar por repentinamente resolver usar saltos, algo que eu nunca me dera bem. Mas inutilmente eu acordei acreditando que hoje seria um ótimo dia para usá-los, talvez seja, pois tornaram o tombo mais bonito."

E assim eu segui até em casa, acompanhada pela dor de ter toda minha auto proteção perdida, carregada pela confusão causada em mim, enquanto meus pés se arrastavam pelo chão frio que eram meus sentimentos.

Att:

        Olá amadas, como estão? Estão dormindo direitinho? Descansem bem neste fim de férias!

Aah quando eu acho que não vou mais sofrer com esses personagens, estou eu lá já enxugando minhas lágrimas.

Por hoje é isso, vejo vocês na próxima att! XxNanda

EpiphanyOnde histórias criam vida. Descubra agora