Thirty Three

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Kim SeokJin

Desperto assim que os fracos raios solares passam pelas frestas da cortina rendada. Antes que eu me levante sinto os braços delicados postos sobre meu tronco, vê-la pacífica me fez lembrar de todos os seus traços desconhecidos na noite passada, a personalidade desconhecida, a que passa por cima de ordens mostrando que tem toda autonomia de si.

ChungHee disse que deveríamos ficar em quartos separados, a mãe de MinHee riu logo em seguida, usando da afirmação:

"Querido eles moram a centenas de quilômetros daqui, você acha que pode impedir alguma coisa daqui até lá?"

E mesmo contrariando MinHee eu aceitei dormir no quarto vazio, não queria brigar com seu irmão, no fundo eu o entendia. Da maneira mais cautelosa tentei convecê-la e com um bico nos lábios Min acabou por aceitar, sem muita insistência.

Eu apenas não esperava que no meio da noite ela abria aquela aporta, abraçada ao seu travesseiro feito uma criança amedronta na escuridão, passando por toda extensão do quarto se enfiando embaixo das mesma cobertas que eu.

Devagar retiro os membros delicados do meu tronco, os mesmos que esticam pegando meu travesseiro e o agarrando. Sigo até o banheiro tomando um banho e trocando de roupa.

Desço as escadas que me levam a sala, ainda meio escurecida já que suas cortinas eram mais densas e o sol ainda estava fraco. Aparentemente não havia ninguém ali, até que eu notasse um único movimento ao lado de fora. ChungHee estava curvado na mureta de entrada da casa, com um cigarro em mãos, observando o sol que crescia entre a paisagem. Se havia algum momento de acertar as coisas, não me restavam dúvidas de que era agora.

Quando abro a porta, o mais velho me olha por cima dos ombros, assumindo sua posição reta e máscula. Mantenha a mesma feição, eu não queria lhe provar nada além do que eu realmente era. Ao me aproximar Choi estende a mão, me oferecendo um cigarro.

-Obrigada, mas eu não fumo.

-Tudo bem.- ele move a cabeça sem dar importância, guardando o objeto de fumo no bolso.

-Sabe no fundo eu te entende e não julgo. - digo parando ao seu lado e recebendo um olhar confuso. -Eu tenho uma irmã, a dois anos ela começou a namorar com um dos meus amigos,  aquilo para mim pareceu uma traição, talvez eu não tenha sido muito compassivo no momento, sinto um pouco de vergonha em ter que assumir isso. Mas eu tinha medo de vê-la magoada, me sentia na obrigação de protege-la. Sei como se sente e porquê se sente assim.

-Então sabe bem, não é Kim? - diz com um sorriso lateral, e eu balanço a cabeça positivamente. -Me desculpe, talvez tenha sido um pouco duro, você até que é um cara legal. - sua mão aperta meu ombro. -MinHee é uma pessoa incrível, mas que se fere muito fácil, saiba disso, mas também saiba que se algum dia feri-la eu não serei um cara legal. - ele aponta o dedo quase no meu nariz.

-Se isso acontecer então eu merecerei cada parte da sua fúria. - concordo abaixando seu dedo. -Min é completamente incrível, tudo o que ela é me move encontrar a mim mesmo, eu quero fazer à ela o mesmo bem que me faz. De alguma maneira nos tornamos um espelho, sendo reflexo um do outro, condenados a compartilhar o que sentimos. - assumo a mim mesmo.

Conseguir um pequena brecha para iniciar um mínimo círculo de confiança com ChungHee foi mais fácil do que realmente imaginei. O dia havia passado, era quase final de tarde, eu andava de mãos dadas com MinHee enquanto ela me apresentava cada parte da fazenda.

-Você é muito lerdo SeokJin.- ela reclama já a alguns metros a frente.

-Ya, você que anda desesperada!

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