o manicômio

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Autora Eli Souza

_Eu sei como vamos fugir. Minha mãe de coração, já fugiu algumas vezes, mas não tinha pra onde ir, andava pelas ruas e era capturada novamente.
_ Como?
_Quando formos liberadas do castigo, vão nos mandar para o pátio. A noite, antes de todos entrarem para os quartos; nos escondemos no porão, que fica ao lado do pátio. E de madrugada a gente foge pelo telhado. -Eu disse.
_ você já tentou fugir antes?
_ Não. Eu tenho pavor de altura.-Eu disse me arrepiando.
_E como você vai tentar fugir pelo telhado? Você perdeu a razão?- Ela perguntou.
_ Eu perdi há muito tempo.
_E o seu marido , também vai?
_ É claro que vai! Que pergunta besta. Ele só não partiu antes ,por minha causa. Não queria me deixar... Mas você tem certeza que seu namorado vai estar esperando com o carro?
_ Sim. Ele vai.
_Espero que esteja mesmo; Porque lá fora, tem muitos guardas, se conseguirem nos pegar... Aí você se prepara, que o castigo será pior.

Eu estava decidida a enfrentar o meu medo. Eu tinha ódio, e esse ódio me fortalecia. Eu sairia de lá , porém o hospício , não sairia de mim.

Na quarta semana de internação, o namorado de Luzia mandou outro recado. Continuaria esperando todas as noites.

Eu fui liberada do castigo, e saí para o pátio primeiro que Luzia. Ela ainda ficaria mais uma semana, a interesse daquele guarda desgraçado.

No pátio, quando vi o Antônio, aquela muralha que bloqueava os meus sentimentos , desmoronou. Eu o abracei forte e chorei. Chorei tudo o que eu guardava dentro de mim. Antônio conseguiu resgatar meus sentimentos e minha sanidade.
Contei sobre o plano de fuga. Não seria fácil.

Enquanto Luzia, não era liberada para o pátio; Antônio e eu vivíamos nossas vidas como antes. Fazíamos amor loucamente, e em meio a tanta desgraça , eu consegui sorrir novamente.

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