Eu tentei fazer desse capítulo o último , mas não consegui. Tinha muita coisa pra colocar ainda. Então o último vai ser amanhã. Agora vai, dessa vez vai.
Autora Eli Souza
Acordei com Maria de Lourdes chorando, estava em fome. Como fazia apenas pouco mais de um mês que ela tinha nascido, eu ainda tinha leite no peito. Nada melhor do que o leite materno. Voltou a dormir.
Depois de um tempo pensando, eu decidi fugir Dalí. Eu matei Ana Paula a sangue frio. Eu era uma assassina, e por mais que meu pai me amasse , ele iria me entregar pra polícia, era um crime muito grave. Eu provavelmente voltaria ao manicômio. Eu não poderia permitir isso.
Arrumei as roupinhas de minha filha, peguei umas peças de roupa de Ana Paula, peguei o dinheiro da caixa e parti antes do sol nascer. Fui pra estação, cheguei o sol tava nascendo. Não precisei mostrar nenhum documento , foi fácil. Antes de entrar no vagão, me lembrei da primeira vez que eu vi mãe Lurdinha. Era como se eu estivesse revivendo aquele momento.
Logo entrei no vagão e me acomodei. Meu destino era a fazenda da família de Lúcio.
Fui bem recebida, mas não contei sobre o assassinato. Apenas disse que sequestrei minha própria filha.
Não ficaram chocados, afinal todos sabiam que eu iria atrás de meu bebê.
Mas Luzia percebeu que tinha algo que eu estava escondendo. Não teve jeito, tive que contar pra ela e Lúcio. Não me julgaram , afinal , Luzia também havia matado o guarda.Eu estava preocupada com a reação do meu pai, quando ele chegasse e encontrasse aquela cena , e ver que a bebê havia sumido. Mas , pra minha surpresa, meu pai não voltou pra casa naquela manhã. Ele estava mais perto de mim do que eu imaginava.
Lúcio tinha um amigo falsificador de documentos, a tarde ele nos levou até a cidade de Barroso, vizinha de Barbacena. Tiramos novas identidades. Eu continuei sendo Beatriz, apenas mudei de sobrenome e a filiação. Maria de Lourdes ganhou um novo registro , só não tinha o nome do pai. Mas conforme ela fosse crescendo ela saberia de toda a verdade.
Luzia agora era Lúcia.Na volta, resolvemos parar numa pracinha. Ter um momento de pessoas normais, e tirar aquele ar de fugitivos.
A liberdade era muito boa, eu sempre sonhei com o dia que Antônio e eu, pudéssemos andar livres por aí. E de certa forma, ele estava comigo alí, livre.
Eu olhava os casais apaixonados alí naquela praça, e fechava os olhos imaginando Antônio do meu lado, e feliz.
Um casal me chamou a atenção. Um senhor de barba e cabelos grisalhos.
_Pai?! É o meu pai.
_O que você está dizendo?- perguntou Luzia.
_Aquele é o meu pai. Mas o que ele está fazendo aqui?
_Eu vou lá. -falei me levantando.
_ Não. Você não pode. O que você vai dizer? - Lúcio me impediu.
_Meu pai precisa saber que eu estou viva. Que Ana Paula está morta, e que a filha que ele pensou ser dele, na verdade é minha.
_ Eu vou conversar com ele. Vou contar tudo , vou prepara-lo para o reencontro.
Eu fiquei no canto da praça da praça com minha filha e com Luzia. Lúcio se dirigiu ao meu pai.
_Boa tarde senhor.
_Boa tarde.
_O senhor se chama Antônio não é?
_Sim. É o meu nome. O que você quer meu rapaz?
_Eu tenho notícias de sua filha Beatriz.
_O que? Beatriz? Não pode ser, ela está viva?
_Sim senhor. Peço que me acompanhe até aquele barzinho, está vazio, lá podemos conversar melhor.Lúcio , meu pai e sua amante; sentaram-se ao redor de uma mesa.
Lúcio contou ao meu pai ,como foi que Ana Paula havia me enganado para me levar ao manicômio. Falou das torturas físicas e psicológicas que eu passei. Falou que lá, eu também me casei. Tive uma filha e ela tinha sido roubada de mim.
De longe eu consegui ver as expressões do meu pai. Ela estava indignado com aquilo. Uma vez ele chegou a procurar no manicômio , suspeitou de Ana Paula. Mas disseram que eu nunca estive lá.
_Eu vou matar aquela mulher. - Dizia meu pai alterado.
_ Não será preciso o senhor fazer isso. Ela já está morta desde ontem.
_O que? Como? Quem fez isso?
_Foi a Beatriz senhor.
_Meu Deus. -meu pai passava a mão na cabeça.
_Ela conseguiu fugir do hospício há 5 dias. Juntamente com seu esposo, mas um dos guardas o matou. E ela perdeu o razão.
_Minha bebê, o que aconteceu com a minha bebê? Eu preciso ir pra Barbacena.
_Calma senhor Antônio. O seu bebê está bem. Deixa eu terminar a história.
_ Ouve ele meu a amor. -disse a amante.
_ Ontem a noite , Beatriz foi até a sua casa, a procura do senhor. Mas o senhor não estava, claro. Ela estava muito perturbada com tudo que tinha passado, estava com ódio de Ana Paula. Descobriu que a sua bebê senhor, na verdade era a filha roubada dela. Ela não aguentou, e matou Ana Paula senhor.
_Eu não tô conseguindo acreditar no que você está dizendo. Mas faz sentido, durante a gravidez , eu nunca toquei nela... E a mancha, a mancha é igual a da Beatriz.
_Essa é a verdade senhor.
_Onde está minha filha? Eu preciso ver a minha filha.
_Calma senhor. Hoje às emoções estão muito afloradas. Vai pra Barbacena, como se não soubesse de nada. A essa hora, a polícia já foi chamada por causa do mal cheiro. Resolve tudo lá, da queixa do desaparecimento da bebê. E daqui a duas semanas a gente se encontra aqui. Espero que não entregue sua filha a polícia senhor. Ela já sofreu de mais nessa vida. Agora merece ser feliz.
Meu pai concordou, e saiu de lá direto pra Barbacena.

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O manicômio
Ficção HistóricaUma historia baseada em fatos reais, baseado no documentário Holocausto brasileiro . A história se passa Em Barbacena Minas Gerais nas décadas de 60 e 70 , no maior e mais cruel hospício do Brasil .