o manicômio

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**Atenção! Esse capítulo é muito pesado.**
Autora Eli Souza

Com o passar de alguns meses, percebi que mãe Lurdinha estava ficando doente. Cada vez, mais debilitada. Pedi a uma irmã, que chamasse o médico para ela, a irmã disse apenas:
_Eu vou rezar por ela.
Aos 8 meses de gravidez, eu não fazia mais serviços pesados, fazia apenas crochê pras irmãs. Toda semana, Ana Paula mandava frutas e biscoitos. Eu dividia com Antônio e mãe Lurdinha.
Aos quase 9 meses de minha gestação, mãe Lurdinha quase não se firmava em pé. Antônio carregava ela nos braços. Pela grade ,eu falei com ela que ia dar um jeito de conseguir ajuda médica. Eu sabia que seria impossível, mas eu iria tentar. Mãe Lurdinha passou a mão na minha barriga e disse que um dia , Antônio ,eu e o bebê; conseguiríamos fugir Dalí.
_ Não sem a senhora, minha mãe. -Eu disse dando um beijo em sua mão.

Mais tarde , os mais debilitados ,foram separados dos demais. Foram levados para a enfermaria. Lá, deram uma injeção em todos eles. Na manhã seguinte todos estavam mortos, inclusive mãe Lurdinha.
Uma irmã veio me contar, que minha mãe, não resistiu. Eu me dezeperei . Eu sabia que foi assassinato. Comecei a gritar ; e como castigo, fiquei trancada no quarto. Mas ,do alto ,pela janela de grades ,  vi o amontoado de corpos no pátio, ao lado de grandes tonéis cheios de ácido. 
Eu já estava acostumada a ver esse tipo de situação, era comum. Porém , dessa vez, tinha alguém que eu amava. Mãe Lurdinha.
Foi a pior coisa que eu já tinha visto em minha vida. O corpo de minha mãe, sendo jogado para ser dissolvido.
Eu gritava de desespero, e logo comecei a gritar de dor. Tava entrando em trabalho de parto.
As enfermeiras, vieram para me castigar. Mas ao ver que minha bolsa tinha estourado; me deitaram para  fazer o parto.
Eu chamava por mãe Lurdinha, e a enfermeira pedia para que eu fizesse força para o bebê sair. Eu estava em choque, e só conseguia pensar no corpo de mãe Lurdinha, caindo no tonél de ácido.
As enfermeiras, colocavam o peso de seus corpos em cima de minha barriga. Era como se eu estivesse sonhando, se não estivesse mais sentindo dor. Meu pensamento era apenas em mãe Lurdinha. E nos primeiros momentos de choro do meu bebê, eu ainda  não estava na realidade.  Só minutos depois que a enfermeira , colocou o bebê na minha frente, foi que eu voltei para a realidade.
_ É uma menina , mamãe.- Disse uma enfermeira.
Minha filha, era linda. Tinha a pele parda. No seu braço, uma mancha igual a minha.
_ Maria de Lourdes. Esse é o nome dela. -falei.
A enfermeira a levou para o berçário. Eu fiquei para terminar o resto do parto.
Eu sabia que eu estava feliz com o nascimento de minha filha. Mas não consegui sorrir. Só pensava em mãe Lurdinha.

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