Pov Alice
Eu estava enrolando para voltar para casa. Não quero ter que encarar os meus pais e a realidade.
Eu não acredito que estou passando por isso. O que eu fiz para merecer todo esse sofrimento?
- Obrigada Miguel. - Disse depois de terminar de comer.
- Você precisa de mais alguma coisa? - Perguntou ele.
- Coragem. - Disse e sinto as lágrimas voltarem a molhar o meu rosto.
- Eu sinto muito que você tenta que passar por isso tudo. Mas não se esqueça que se precisar de algo eu vou estar aqui. - Disse ele.
- Muito obrigada. - Disse e abracei ele fortemente.
Me solto do seu abraço e respiro fundo.
- Eu preciso ir. - Disse.
- Eu te acompanho. - Disse ele.
- Não precisa. Prefiro ir sozinha. - Disse.
- Tudo bem. - Disse ele meio contrariado.
- Obrigada mais uma vez. - Disse e me levantei.
Sai da casa dele e começo a andar em direção da minha casa.
Quando estou chegando perto sinto um nó se formando em minha garganta.
Encaro a porta por mais tempo que deveria. Escuto uma movimentação na casa e então eu abro a porta.
Adentrando a casa vejo os meus pais e meu tio na sala sentados no sofá.
- Filha. Que bom que você voltou. - Disse Lili e eu a ignoro.
- Quando a gente volta para casa pai?- Perguntei e Lili me olhou assustada.
- Como assim voltar para casa? - Perguntou ela.
- Eu vou voltar mais tarde. Eu preciso resolver tudo para o enterro. - Disse o meu pai.
- Eu vou com você. Eu quero me despedir dela. - Disse
- Claro minha filha. Que tal irmos para o seu quarto para conversarmos um pouco? - Perguntou ele.
- Tudo bem. - Disse e subi na frente para o meu quarto.
Abri a porta e adentrei o quarto junto com o meu pai.
Antes que eu pudesse falar algo ele me puxou para um abraço apertado.
- Eu sinto muito minha filha. Eu sei o quanto está sofrendo. Eu sei o quanto amava ela, eu também a amava muito. - Disse ele emocionado e eu não consigo segurar as minhas lágrimas.
- Me desculpa pai. Isso é tudo culpa minha. Se eu não tivesse pedido para ela voltar rápido nada disso teria acontecido. - Disse chorando.
- Shiii. Isso não é sua culpa. Foi uma fatalidade. Ela também estava querendo voltar. Ela estava morrendo de saudades de você minha filha. Ela te amava demais. Te amava como uma filha. - Disse ele.
- E eu a amava como uma mãe. - Disse.
- Eu falei com ela antes dela partir. - Disse ele.
- E o que ela falou? - Perguntei me afastando dele.
- Ela só chamou o seu nome o tempo todo. E dizia que te amava e que precisava te ver. - Disse ele e eu começo a chorar compulsivamente.
- Isso não é justo. - Disse e meu pai voltou a me abraçar.
- Vai ficar tudo bem minha filha. Nós vamos ficar bem. Essa dor vai melhorar com um tempo. - Disse ele.
- Não vai não. A dor da perda da Milena continua a mesma. Ela e a Lydia se foram por minha culpa. Eu não aguento mais isso pai. Eu só queria sumir, parar de sentir essa dor. - Disse e ele voltou a me apertar em seus braços.
- Não fale isso minha filha. - Disse ele.
- Eu preciso ficar um pouco sozinha. Eu vou arrumar as minhas coisas. Quando você estiver indo me chama. - Disse.
- Tudo bem. Eu te amo muito filha. - Disse ele.
- Eu também pai. - Disse e ele saiu me deixando sozinha.
Vou até a minha mala e arrumo tudo dentro dela e a fecho.
Sento na minha cama começando a me sentir sufocada.Me levanto com a intenção de sair mas alguém bate na porta e entra.
- Oi. Posso falar com você? - Perguntou Lili.
- O que você quer? - Perguntei.
- Eu sinto muito minha filha. Eu queria tanto poder tirar essa dor de você. - Disse ela com os olhos cheios de água.
- Pare com isso. Grande parte dessa dor começou por sua causa. - Disse.
- Eu queria tanto te explicar só que não é o momento. Eu só queria te dar um abraço e te dizer que eu estou aqui e sempre estive aqui para você mesmo você achando que não. - Disse ela.
- Para com esse papo. Você nunca esteve aqui para mim. Você não pode achar que vai conseguir recuperar o tempo perdido que foi causado por você mesma. Independentemente de você ter tentando falar e manter contato comigo durante esses anos não vai apagar os três anos sem notícias suas. Você sabe o que é para uma criança se abandonada? Você já pensou nas consequências disso na vida de uma criança? Eu cresci achando que ninguém iria gostar de mim ou me amar, já que a minha própria mãe foi incapaz de fazer isso. E os dias das mães na escola? Esses com certeza foram os piores dias da minha vida. Ter que ver todos os meus colegas com as suas mães e eu sempre entreguei os presentes para a Tereza. E sabe quem foi que supriu a sua ausência e fez o papel de minha mãe? A Lydia. Desde que ela se casou com o meu pai ela estava presente em minha vida. Ela que me ajudou na minha primeira menstruação, foi para ela que eu contei a minha primeira paixão e e pedi conselhos, foi para ela que eu contei sobre o meu primeiro beijo, foi ela que sempre escutou os meus problemas. - Desabafei.
- Minha filha... - Disse ela.
- Fica quieta que eu não terminei. Pode se dizer até que a nossa relação desde que eu vim para cá melhorou mas eu não consigo te perdoar. Mesmo que isso pareça horrível, tudo o que eu sinto por você é rancor e ódio, porque não vai ter um dia em que eu vou olhar para você e não lembrar o que eu passei. - Disse e sai do quarto dando de cara com a Camilla que me olhava feio.
Passei reto por ela e desci as escadas com tanta raiva. Encontrei na sala o meu pai, meu tio e o Miguel que me olhavam confusos.
Tentei ir embora só que eles me impediram.
- Onde você vai filha? O que aconteceu? - Perguntou meu pai.
- Agora você vai me escutar garota. Cansei de ver você humilhando a minha tia. - Disse Camilla descendo vermelha de raiva.
Oii gente. Espero que gostem do capítulo.
Votem e comentem.
Bjos. ♡
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O caipira
Teen FictionAlice é uma patricinha linda e mimada. Sempre teve tudo o que quer. Um namorado lindo, vários amigos e todos a adoram. Muito popular na sua escola. Mora com seu pai. Sua mãe a abandonou para casar com seu tio e morar em uma fazenda. Miguel é um típi...