Capítulo 29

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Pov Alice

Estava prestes a me trancar no quarto quando senti uma necessidade enorme de falar tudo o que eu sinto e quero para a Lili e Camilla.

Desço as escadas e quando chego na cozinha as duas já estavam conversando sobre outro assunto.

- Aconteceu alguma coisa Alice? - Perguntou Lili preocupada.

- Estava chorando? - Perguntou Camilla e eu comecei a gargalhar sentindo uma raiva descomunal crescer dentro de mim.

- É sério que vocês estão me perguntando isso? - Perguntei irritada.

- Não estamos entendendo Alice. -  Disse Camilla.

- Eu escutei a conversa que vocês estavam tendo sobre mim, bom saber que você acha que eu não perdoo a Lili por ser mimada. -  Disse.

-  Você está interpretando mal meu amor. -  Disse Lili.

- Cala a boca Lili!  É muito fácil falar sobre isso estando de fora Camilla, é muito fácil falar isso tudo porque não foi você que sofreu tudo o que eu sofri. Você adora me julgar o tempo todo mas nunca tentou se colocar no meu lugar, sabe por que? Porque é muito fácil falar isso tudo vendo tudo do lado de fora, você perdeu a sua mãe biológica mas teve o seu pai e a Lili sempre por perto. Você nunca deixou de ter uma mãe ou o amor de mãe. Você adora falar que eu sou mimada e sempre tive tudo o que eu quero, sendo que isso não é verdade. Todos os presentes, viagens e dinheiro nunca foi capaz de suprir todo o sofrimento que a ausência da Lili me causou. Materialmente eu tive sempre tudo como você fala, só que sempre me faltou o amor e a presença da minha mãe. Então antes de jogar na minha cara que eu sempre tive tudo o que eu quero, olha para você mesma. Você tem e sempre teve o que qualquer pessoa quer, que é uma família que a ama incondicionalmente. - Disse e as duas me encaravam surpresas e com lágrimas nos olhos.

- Você poderia ter tudo isso se escutasse  a sua mãe, ela tentou se reconciliar com você e você nunca quis escutar. -  Disse Camilla.

- É muito fácil falar! Como você acha que eu me senti quando ela veio me procurar depois de tantos anos querendo meu perdão? Eu fiquei anos sem notícias dela e de repente ela volta e acha que pode retomar tudo como se nada tivesse acontecido, ela foi embora quando eu tinha sete anos! Ela não podia voltar tantos anos depois achando que eu iria perdoar, e se você realmente sabe a história toda com certeza sabe que ela desistiu de mim. Mas eu entendo ela ter desistido, ela conseguiu a família perfeita dela aqui, ela está casada com o homem que ela ama e tem você como filha. Foi muito fácil ela escolher desistir de lutar pelo meu amor quando eu era criança quando tinha vocês aqui, é sempre mais fácil desistir. Ela pode fazer e tentar o máximo mas nunca vai ser a minha mãe, a minha mãe morreu há alguns dias em um acidente estúpido. - Disse enquanto tentava controlar o meu choro.

- Eu desisti de você porque achava que você estava bem melhor sem mim, eu sofro até hoje por essa minha escolha.-  Disse Lili chorando.

- Foi estupidez e burrice você achar que uma criança iria ficar melhor sem a mãe. -  Disse.

- Eu sinto muito Alice!  Essa história é tão complicada porque todos vocês erraram e do jeito que as coisas andam nunca irão conseguir se perdoar. - Disse Camilla.

- Eu não errei em nada! Eu fui a grande vítima dessa história toda! -  Gritei com raiva.

Miguel e meu tio entraram correndo na cozinha e nos olhavam assustados.

- O que está acontecendo?  Estávamos perto de casa e escutamos gritos. - Disse meu tio.

- Eu estou tão cansada disso tudo! Eu estou sobrando aqui. A família perfeita precisa conversar. - Disse e sai em direção ao meu quarto.

Percebo que o Miguel está me seguindo e por isso entro no meu quarto e deixo a porta aberta.

- O  que aconteceu meu amor? -  Perguntou ele preocupado.

- Eu estou cansada. Eu não fico nessa casa nem mais um dia! -  Disse pegando a minha mala jogando com raiva na cama.

- Calma Alice! Eu ainda não sei o que aconteceu mas não é bom fazer nada de cabeça quente assim. -  Disse ele e eu fui até a cômoda e peguei a minha necessaire.

- Eu tentei Miguel, mas eu não consigo perdoar. Eu só escuto coisas que me machucam e eu não sou obrigada a passar por esse sofrimento. Eu vou para casa do meu pai! -  Disse.

-  Está bem, eu posso te levar. Eu só queria que você se acalmasse, eu não gosto de te ver assim. - Disse ele e eu fui até ele e o abracei com toda força.

- Você é e sempre foi a melhor coisa que aconteceu desde que eu vim para cá. - Disse e o beijei.

- Vai ficar tudo bem. Eu prometo. - Disse ele separando o nosso beijo colando as nossas testas.

- Eu queria acreditar nisso. Eu preciso ser sincera com você Miguel, eu não posso fazer isso com você. - Disse.

- Do que você está falando? - Perguntou ele se afastando um pouco.

- Eu sei que está cedo para falar isso, mas eu te amo muito, e por isso eu não posso mais levar adiante o nosso relacionamento. - Disse e ele me olhou de uma forma desesperada que partiu o meu coração.

-  Como assim? Eu não me importo se vai morar com seu pai, vamos nos ver sempre, a distância é pouca. - Disse ele.

- Não é por isso. Eu nunca vou conseguir estar inteira para você, eu só me sinto quebrar cada vez mais. Eu não sei até quando eu vou aguentar. - Disse chorando.

- Mas eu te amo assim Alice! - Disse ele e meu coração se apertou mais ainda.

- Eu não mereço esse amor Miguel! Todas as pessoas que eu amo acabam se afastando ou eu as afasto, nada na minha vida da certo. Eu não quero que isso se estenda até você. - Disse.

- Nós vamos conseguir passar por tudo isso, você está muito nervosa para ter esse tipo de conversa Alice. - Disse ele.

- Eu não vou mudar de ideia Miguel, eu sinto muito. - Disse e entrei no banheiro trancando a porta atrás de mim.

- Eu só vou sair daqui quando você estiver melhor, eu nunca vou te deixar sozinha. -  Disse ele e percebo que ele sentou encostado na porta.

Começo a chorar compulsivamente e me sento no chão agarrada com a minha necessaire.

Eu não sei o que fazer, eu só queria sumir. Acho que nenhum lugar, nem mesmo a minha casa vai me trazer paz ou felicidade.

Tudo o que eu queria é ter a Milena e a Lydia comigo, talvez agora eu finalmente possa me encontrar com elas.

Me levanto e encho um copo que tem aqui com água da bica e abro a minha necessaire jogando os meus remédios no chão. Pego o máximo de cápsulas de  calmante e anti depressivo.

Eu espero que agora toda essa dor que eu estou sentindo suma.

- Obrigada por tudo Miguel, eu te amo! Eu sinto muito por isso! Me perdoa papai! -  sussurro e me sento encostada na porta.

Tomo a coragem que preciso e coloco todos aqueles comprimidos na minha boca e engulo eles com a ajuda da água. Aos poucos vou ficando zonza e não sinto mais nada.

Oii gente! Espero que tenham gostado do capítulo.

Não entrem em desespero porque ainda tem muita história pela frente.

Mas não se preocupem que os dias de glória da Alice ainda vai chegar, ela não vai viver de sofrimento.

Votem e comentem o que estão achando.

Bjos ♡

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