Capítulo 8

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Pov Alice

Sinto alguém se aproximando e logo vejo Miguel que se senta ao meu lado.
Ficamos um tempo em silêncio até ele se pronunciar.

- Eu sei como você se sente.- Disse ele e eu ri.

- Não, não sabe. - Disse.

- Eu também perdi muitas pessoas que eu amava. -  Disse ele.

- Não do jeito que eu perdi ela.-  Disse.

- Eu perdi os meus pais em estúpido acidente. -  Disse ele.

-  Eu sinto muito por isso. Mas isso não quer dizer que entende como eu estou me sentindo. - Disse.

- E por que não ? - Perguntou ele.

-  Porque você não foi culpado pela morte dos seus pais. Milena morreu por minha culpa. -  Disse e lágrimas voltaram a cair sobre o meu rosto.

-  Eu sinto muito mesmo. - Disse ele mas eu ignorei.

- Por que eu tinha que ser tão teimosa? Ela não queria sair naquela noite, mas como eu sempre consigo o que  quero. Então fomos para aquela maldita festa. Eu nunca imaginei que aquilo fosse acontecer. Eu não imaginava que pudesse existir alguém que odiasse tanto o meu pai. Era pra ser só eu, só que eles a pegaram também. Aqueles dois dias foi um inferno. Eles pediram resgate ao meu pai. No dia da entrega meu pai apareceu sozinho. Eles tinha uma arma apontada para minha cabeça enquanto seguravam a Milena. Quando meu pai entregou o dinheiro eles não me liberaram, eles iam me matar. Milena em um ato de loucura tentou impedir e um deles simplesmente disparou contra sua cabeça. Eu nunca vou esquecer essa cena... Logo depois os policiais entraram e conseguiram pegar os bandidos. Só que não adiantava mais. Minha melhor amiga estava morta, com a cabeça estourada, tudo isso por minha causa. Eu sou a culpada por isso. É horrível ter que carregar essa culpa sozinha e sempre fingir que superei isso. É horrível ter que mentir para todos que eu tô bem. Foi horrível ter que mentir para todos a minha volta que eu estou bem só para não ter que ir ao psicólogo, eu não precisava de terapia, eu precisava da minha melhor amiga. -  Disse e comecei a soluçar de tanto chorar.

Miguel me puxou para um abraço porque meu choro só foi intensificando.

Me senti mais aliviada por ter dividido isso com alguém, mesmo que esse alguém seja o caipira.

- Eu tenho certeza que ela não iria querer que você se culpasse desse jeito. Ela fez aquilo porque te amava. Isso não é sua culpa. - Disse ele.

- Desculpa. Eu não deveria ter falado isso tudo pra você. Eu já estou melhor. Só foi um momento de fraqueza. Já passou. - Disse saindo do seu abraço e me levantando.

- Não minta para mim. -  Disse ele.

- Miguel não se preocupe. Eu estou bem. Só peço que não conte isso a ninguém. - Disse.

- Não vou contar a ninguém. Mas eu te aconselho a falar isso com a sua mãe. Ela precisa saber e tenho certeza que ela vai saber te ajudar. -  Disse ele.

-  Caipira eu estou bem. Só que nesse dia fico mais emocional e também estou de tpm. Eu vou voltar pra casa.-  Disse e limpei qualquer vestígio de lágrimas e sai andando.

Chegando em casa não vejo ninguém na sala então subo para o quarto. Quando entro no meu quarto vejo Lili.

- Eu não quero conversar. - Disse.

- Não precisa. Só me escuta por favor.- Disse ela.

- Eu não quero. -  Disse.

- Por favor. Seu pai nunca me contou sobre isso e nem você. Você nunca deixou que eu me aproximasse. Eu sempre tentei falar com você. Eu sei que está magoada comigo e você tem sua razões, mas se você me escutasse ia entender. Eu te amo tanto, e ter que lidar com essa rejeição me mata a cada dia. - Disse ela.

-  Sério? E como acha que eu me senti quando me largou junto com o meu pai para se casar com o meu tio? -  Perguntei.

- Não foi bem assim. Eu me apaixonei. Eu nunca quis lhe deixar, eu voltei tantas vezes e você não quis me ver. -  Disse ela.

- Eu cansei, ok ? Você por favor pode sair? - Perguntei e suspirei.

- Eu sinto muito. Eu te amo filha. - Disse ela e saiu.

Pela segunda vez no dia eu desabei. Eu estou tão cansada emocionalmente. Eu preciso do meu pai. De tanto chorar acabei dormindo.

Acordei sentindo alguém me dando um beijo na testa. Abro os olhos e vejo meu pai, não consigo evitar o grande sorriso que nasce em meu rosto.

- Pai. Eu senti tanta a sua falta. -  Disse e o abracei

- Eu também querida. -  Disse ele.

- Você veio me tirar daqui? Eu tenho que arrumar minhas coisas. -  Disse me levantando animada.

- Não minha filha. Não vim aqui para te levar para casa. - Disse ele.

- Como assim? O que veio fazer aqui? Visitar a Lili que não foi. - Disse.

- Vim te ver. Saber se estava bem, sei como fica nesse dia. - Disse ele.

- Se sabe como eu fico deveria me levar para casa. Eu vou ficar bem mais feliz lá. -  Disse.

- Pelo o que eu escutei você está melhorando, está até trabalhando bem. Ajudando o Miguel mesmo vocês brigando tanto. - Disse ele.

- Não é por opção minha. Se não veio me tirar daqui perdeu seu tempo. Pode voltar para casa. -  Disse.

- Achei que gostaria de sair comigo. - Disse ele.

- Sair ? Para onde? - Perguntei me interessando.

- Que tal para algum lugar que tenha sinal de celular, sei que deve estar sentindo falta de falar com sua amigas. Vá se arrumar. - Disse ele.

- Obrigado. Eu te amo pai. - Disse o beijando. Peguei uma roupa bonita e fui para o banheiro.

Tomei um banho rápido e me vesti. Me arrumei e fiquei muito linda.

Sai do banheiro e meu pai não estava mais no quarto. Pego meu celular e ponho na bolsa e  desço animada e vejo ele na sala conversando com o meu tio e Miguel.

- Vamos pai. -  Disse.

- Claro. O Miguel vai com a gente. Quero conhecê-lo, sei que esta trabalhando com ele - Disse ele.

-  Pensei que iríamos sair sozinhos. -  Disse.

- Eu preciso ter uma companhia enquanto demora a fazer suas coisas. Camilla também vai com a gente. -  Disse ele.

-  Tudo bem. -  Disse

- Estou pronta. -  Disse Camilla chegando.

- Vamos então. - Disse e saímos. 

Quando nós afastamos da Fazenda no carro mesmo o meu celular deu sinal de vida. Várias notificações de mensagens chegaram mas uma especificamente me chama atenção. Uma foto no grupo da escola.

É o Steve

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É o Steve. Beijando a Melissa. Eu não acredito!


Oii gente. Espero que gostem do capítulo.

Votem e comentem.

Bjos. <3

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