Capítulo 35 - Conselhos.

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Um pouco antes...

No caminho de volta para a pousada, a mãe de Rayssa decidiu ir acompanhando a menina mais a frente, deixando Pedro e seu marido mais a trás. Até aquele momento Rayssa ainda não havia falado nada sobre seu envolvimento e atualmente relacionamento com André, por mais que a mãe já soubesse por alto.

—Vem cá, quando é que a senhorita vai me contar por a par da sua atual situação amorosa? posso saber já ou preciso esperar um pouco mais?

Rayssa e Edicléia sempre tiveram uma relação maravilhosa. Eram do tipo amigas, confidentes mesmo. Rayssa era muito feliz por essa proximidade e liberdade que tinha com a mãe de poder compartilhar com ela momentos especiais de sua vida sem medo ou pudor. Contou a ela quando deu seu primeiro beijo, quando perdeu sua virgindade, seus crushs, seus amores e sempre era muito bem aconselhada pela mãe.

—Claro que a senhora já pode saber, bobinha. Eu só não te contei antes porque foi tudo muito rápido, aconteceu de repente.

—Tá! Então pode começando já. O caminho até a pousada é longo, tem bastante tempo pra você falar. 

Ela riu do comentário da mãe e então começou a descrever todo o acontecimento dela e de André. Falou meio a meio. Meio detalhado, meio resumido. Edicléia foi acompanhando todo o decorrer da história e prestando atenção nos detalhes.

—Eu me entreguei à ele naquele dia porque me senti preparada e confiava no sentimento dele por mim. Você sabe que eu só tive relação com o Rafael, porque era alguém que eu confiava, e com o André não foi diferente porque além de eu confiar, eu o amo. E foi isso mãe.

—Bom, você sabe que eu sempre fui fã do André, então sou suspeita pra falar dessa relação de vocês porque foi algo que eu sempre torci pra que acontecesse. E eu estou muito feliz por você minha filha. Feliz porque tem buscado fazer a coisa certa e seguir seu coração, mesmo ainda existindo o medo, que é algo normal quando se vai começar um relacionamento e depois de ter passado pelo o que você passou no anterior, mas eu tenho certeza que vocês serão muito felizes, não tenho duvida.

—Eu amo ele, muito. No momento estou com um pouco de raiva, não vou negar, mas eu o amo.

—Porque com raiva? o que aconteceu?—ela virou a cara. —Faz o seguinte, a gente conversa sobre isso amanhã. É melhor. Eu percebi que agora de noite você estava mais tristinha.

— É porque eu realmente não quero pensar nisso mais, não hoje. Já acabou com a minha noite e eu preciso descansar.  Mas eu prometo falar sobre esse assunto com a senhora amanhã. É até bom que eu preciso de uns conselhos. Mas amanhã a gente fala melhor. 

O dia amanheceu e Rayssa foi a primeira a acordar. Devido ao ocorrido na noite passada, não conseguiu dormir direito. Assim que amanheceu, tomou um banho da cabeça aos pés e depois resolveu andar pela pousada. Precisava pensar. Sabia que não iria adiantar ficar fugindo de André e de toda aquela situação e por mais que estivesse chateada, a saudade falava mais alto.

Se sentou em uma das espreguiçadeiras que havia há beira mar, que ficava bem a frente da pousada. Já fazia uns dez minutos que estava ali, quando sentiu alguém tocar seu ombro. Era seu pai.

Geraldo avistou Rayssa da janela de seu quarto que dava exatamente para o local onde ela estava. Percebendo a diferença da menina na noite anterior, vendo-a mais triste, sentiu no coração que deveria conversar com a filha. E assim o fez.

—Pai? —se surpreendeu.

—Eu mesmo. Esta tudo bem filha?

—Está sim. Senta aqui. —Deu um espaço para o pai, que se acomodou ali.—E o que te faz acordado ha essa hora?

—Eu é que te faço essa pergunta. Achei que levantaria às onze. —ela riu do comentário do pai.—Você aqui às sete da manhã é de se surpreender.

—Não consegui dormir direito essa noite. A cabeça não parava.

—Aconteceu algo? Quer conversar?

Rayssa também tinha muita liberdade de conversa com seu pai. É claro que não tão abertamente como com sua mãe, mas sempre que dava eles trocavam ideias e conversas e conselhos. Sempre a apoiou em todas as suas decisões pois confiava na filha e sabia que ela faria a coisa certa.

Ela estava um pouco em dúvida se dividia tal problema com seu pai, mas decidiu abrir o coração.

—Se for sobre um caboclo carioca, mais precisamente da cidade de Niterói, eu acho que eu já sei mais ou menos. —Ele disse, deixando-a surpresa.

—A mãe te falou alguma coisa ou está tão na cara assim?

—Um pouco, não vou negar, mas muito foi de observar você e está bem claro. Quem te conhece sabe como você fica quando está apaixonada e com as cenas de vocês na novela, era claro a química.

—Pai!! Eu to chocada. 

—É, mas preciso conversar com ele viu. Passar algumas informações úteis para a sobrevivência dele.

—Que isso seu Geraldo, desse jeito vai assustar o menino.

—A ideia é essa. —Ela riu. 

—Mas enfim, é sobre ele sim. Temos vindo tendo alguns conflitos e acho que isso vem de alguns traumas do meu relacionamento passado. E especificamente ontem aconteceu algo que me deixou extremamente confusa e não tem me deixado confiar nele totalmente. Me invade um medo enorme de sofrer tudo de novo. 

—Filha, não se fixe nessa coisa de trauma. Cada pessoa é de um jeito e não podemos taxar uma situação por conta de outra que já vivemos. Baseie o relacionamento de vocês no diálogo e na confiança. Tenho certeza que dará certo. 

—Esse é o problema, eu não consigo conversar.

—Eu te entendo e é claro que cada um precisa do seu espaço. Tem momentos que a sua mãe quer discutir e eu não quero;—ela riu do comentário de seu pai. — prefiro ficar na minha, do que falar um tanto de coisas na hora da raiva e depois me arrepender. Mas você precisar falar sobre isso com o André e seja sempre sincera. Ele vai te entender, respeitar o seu momento e saber como contornar a situação se encaixando no seu modo de ser e você igualmente no modo dele. Mas não fuja das conversas. Fale nem que seja por sinais. E por mais que fazer isso seja difícil pra você é algo que precisa ser moldado aos poucos pra que vocês se entendam. Então sente com ele, ouça o lado dele, que é extremamente importante, exponha o seu lado e entrem num consenso no que for melhor para os dois. 

—É, acho que o senhor tem razão.

—E não se deixem levar por esses conflitos. Essa não será a primeira e muito menos a última, mas isso faz parte da vida e serve para o nosso crescimento. Eu e sua mãe já discutimos muito e hoje estamos aqui comemorando trinta anos de casados. Então que esses momentos sirvam de ensinamento, pois são essenciais para a evolução de vocês como pessoas e principalmente como casal. Saber lidar um com o outro não é nem um pouco fácil, mas quando se ama de verdade, tudo vale a pena.

Rayssa se sentia mais leve depois daquela conversa. Seu pai tinha total razão e aquela conversa foi essencial para que ela se resolvesse consigo mesma, resolvesse seus problemas internos e pensamentos sobre o ocorrido. E ela estava decidida a se entender com ele.



 

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