Valentina MelloAh não, esse maldito despertador tinha que tocar justo agora. Estou tão cansada, a rotina nos últimos tempos tem sido muito puxada, acho que tenho uns dois anos que não tiro férias, assim que as festividades passarem tirarei um tempinho para descansar. Não costumo fazer isso, gosto de seguir meu cronograma certinho, mas aperto o modo soneca, mais alguns minutinhos não fazem mal a ninguém.
Trim!
Que inferno! Não é possível que uma pessoa não possa dormir em paz, agora é o toque chato do meu celular, quem será o louco que está me ligando às oito da manhã?
— Valentina, onde diabos você se meteu? — Claro, tinha que ser a chata da Sophia.
— Onde mais eu estaria, Sophia? — Deixo transparecer todo meu mal humor. — Estava dormindo, mas você fez o favor de me acordar. O que você quer?
— Como assim o que eu quero? — grita do outro lado da linha.
— Para de enrolar, Sophia, fala logo.
Já estou perdendo a paciência com a minha irmã.
— Faz um favor para mim, Valentina, olha a porra do relógio.
Caralho! Dormi demais já são quase onze da manhã, tenho várias encomendas para entregar às duas da tarde. Merda, era para ser apenas dez minutinhos de sono. Nem me dou ao trabalho de responder a minha irmã, desligo o telefone e corro para o banheiro. Ainda tenho um ponto ao meu favor, moro em cima da doceria.
Depois de um banho rápido, já estou pronta para mais um dia de trabalho. Hoje está um pouco frio, então optei por uma calça de moletom e camisa de manga cumprida. Ainda bem que sempre deixo algumas coisas pré-prontas, dessa forma não corro o risco de ficar sem entregar nenhuma encomenda.
— Bom dia, bom dia. — Passo correndo por todos e entro na cozinha.
Confiro a minha agenda, hoje tenho que entregar seis bolos e trezentos docinhos, fora os que ficam a venda no balcão. Bora lá Valentina, mão na massa que o dia vai ser longo.
Começo pelos bolos, eles precisam de mais atenção. Como amanhã é o festival, muita gente encomenda bolos e doces para suas festas, antes eu pegava muitas encomendas e com isso deixava de curtir a festa. Então, esse ano decidimos não pegar muitas encomendas e não iremos abrir amanhã.
— Olha, a dorminhoca apareceu. — Bernardo entra na minha cozinha. — Perdeu a noite cunhada?
— Nem começa, Bernardo, estou sem um pingo de paciência hoje. — Olho para ele de cara feia. — Já pode ir avisando a sua mulher, é melhor ela nem vir me encher o saco.
— Nossa, hoje você está totalmente azeda, uma verdadeira cópia da sua irmã. — Rimos com seu comentário. — Mais tarde vou trazer Lorenzo para conhecer a loja, então melhore esse humor cunhadinha.
Não lhe digo uma palavra, apenas lhe dirijo o olhar e ele bem que entende, pois sai correndo me deixando sozinha. Hoje vai ser necessário muito controle, não sei o que me deu, mas acordei virada do avesso. Preciso tomar cuidado para que meu estresse não passe para meus bolos.
Graças a Deus terminei tudo, estou morrendo de fome, não tomei café da manhã nem almocei. Pelo menos terminei tudo, acho que Bernardo deu o recado a Sophia, aquela chata não apareceu na minha cozinha hoje, deve estar com medo de que lhe jogue farinha de novo.
Limpo toda a cozinha, coloco tudo no lugar, agora posso respirar aliviada, vou comer alguma coisa em paz, por isso vou para o balcão de pedidos da doceria.
— Irmãzinha, ficou com m... — Não consigo concluir a frase, Sophia está conversando com um homem, na verdade um puta homem. Nunca o tinha visto por aqui, ele é alto, magro, porém um pouco musculoso, barba por fazer, cabelos castanhos e um furinho no queixo. Santo Deus, tenho tara por homens com furinho, sem falar na boca encantadora.
— Pode parar de babar agora, irmãzinha — Sophia fala próximo ao meu ouvido, nem tinha visto essa peste chegar.
— Eu não estava babando coisa nenhuma. — Tento me recompor e voltar a minha dignidade.
— Pode confessar, Valentina — fala em um sussurro — esse Lorenzo é um homão, se eu não fosse casada...
Essa Sophia só pode ser louca, se Bernardo escuta uma coisa dessas, tadinha da minha irmã, ia ouvir até umas horas do meu cunhado.
— Cunhada, preciso lhe apresentar uma pessoa. — Por puro instinto, dou uma checada rápida na minha aparência, já estive melhor, mas fazer o quê? — Lorenzo, essa aqui é a Valentina.
— Prazer, Valentina. — Puta que pariu, o diabo do homem tinha que ter uma voz extremamente sexy? — Estava ansioso para te conhecer, ragazza.
Lindo. Gostoso. E Italiano...
— A mim? — pergunto surpresa. — Posso saber o motivo?
— Sim, Bernardo falou algumas coisas de você. Ainda me disse que tem o seu toque feminino na minha casa — ouço sua voz rouca ecoar pelo ambiente, nossa senhora, que voz maravilhosa esse homem tem.
— Espero que tenham sido só coisas boas. — Sorrio de canto, um pouco envergonhada. — Estou em desvantagem, ele não me falou nada sobre você, Lorenzo.
— Não se preocupe, ragazza, você ainda terá oportunidade de me conhecer. — Sorri e eu fico meio que hipnotizada na beleza desde homem. — Pode apostar.
— Agora que vocês já se conhecem, Lorenzo, você precisa provar dos dotes culinários da minha cunhada. — Bernardo acaba me trazendo a realidade. — Ela é responsável por todos os doces, se você provar, vai ficar viciado.
— Tenho certeza que sim. — Pode ser coisa da minha cabeça, mas Lorenzo não estava se referindo ao doce.
Minha ideia de sair para comer foi por água a baixo, Lorenzo quer provar alguns doces e seria muito feio da minha parte não ficar. Minha nossa, ainda estou encantada com a beleza desse homem, não me lembrava que ele era italiano, o que é uma grande burrice da minha parte, já que a maioria dos donos de vinícolas são italianos ou descendentes.
Lorenzo me parece um deus grego, um sotaque maravilhoso e uma voz deliciosa de se ouvir. Tenho que parar de ficar babando nesse homem, Sophia não para de me olhar, tenho certeza de que vai me encher o saco, maldita. Servi alguns doces para Lorenzo, ele me pareceu apreciar os sabores, cada gesto que fazia, eu ficava mais encantada.
Já vi que a tarde vai ser longa.
o
STAI LEGGENDO
Lorenzo - Série Primos Bianchi ( Degustação )
Romance*** Degustação, história completa na amazon *** https://amzn.to/2MtxXa1 CEO de um dos maiores empreendimentos da Itália, Lorenzo Bianchi tinha um propósito ao sair de seu país, despistar sua insistente e perseguidora ex-mulher. Lindo, poderoso e don...