Eu devia ter pensado nisso antes. Idiota. Estúpida. Mas não. Não tinha como eu imaginar que fariam algo assim. Não tinha nenhum motivo para pensar nisso. É loucura. A guarda dos draconem averiguando apartamentos... Não quero nem pensar no que vão "descobrir" no meio dessa confusão toda.
Pelo menos eu me lembrei de parar de correr pouco depois de ter saído da arena. Uma mulher sozinha andando depressa não chama atenção. Uma pessoa correndo é outra história.
E é mais fácil e mais seguro eu ir pelas ruas principais, mesmo que normalmente eu odeie passar por elas. Nunca me acostumei de verdade com o barulho dos carros e a fumaça. Agora, é onde vai ter mais movimento, porque as ruas menores e passagens só de pedestres já estão quase desertas. Todo mundo que pode vai tentar estar em casa para evitar problemas.
Um carro buzina perto de mim e dou um pulo. Odeio. Isso. Não estou no meio da rua – nem eu nem ninguém aqui em volta. Qual a necessidade de buzinar? Nem tem trânsito o suficiente para tentarem apressar outros motoristas, e mesmo que tivesse...
O retardado buzina de novo.
— Ana!
Olho para o lado. O carro que está passando a passo de tartaruga na rua está com a janela aberta.
— Entra logo!
Eu conheço o motorista... Kauã, um dos primos de Nai. Abro a porta sem nem pensar no que estou fazendo.
— O que você está fazendo aqui?
— Te buscando, anda.
Me...
Não importa. Bato a porta e coloco o cinto de segurança enquanto ele acelera pelas ruas. Só vi Kauã algumas vezes, quando ele apareceu com Nai no bar da Rô ou nas lutas. Mas eu posso falar isso de quase todos os parentes dela. Ou seja, não tem nenhum motivo para ele estar aqui.
— Por que...?
— Nai foi direto para o seu apartamento — ele fala. — Vai ganhar tempo se os guardas chegarem. Você vai ter que entrar depressa e dar um jeito de tirar o que quer que precise esconder de lá.
Balanço a cabeça. Como Nai acha que vai ganhar tempo contra os guardas dos draconem? Nem se ela chamasse a família toda. E por que mandar Kauã me buscar...
Lena. Eu saí correndo do galpão, sem falar mais nada. Lena deve ter avisado Nai, ou algo assim.
Respiro fundo. Se os guardas estão verificando todos os apartamentos, Lena e a mãe precisam desaparecer. Quando descobrirem a oficina não vai ter nada que elas possam fazer. Vai ser uma sentença de morte por estarem desafiando os draconem de forma tão direta.
— Lena... — começo.
— Dois grupos nossos já foram para a oficina. Eles vão dar um jeito.
As gangues. É claro.
E se vou ajudar Maira e Augusto, posso desistir de me manter fora dos assuntos das gangues.
Kauã para o carro de uma vez e só não dou de cara no vidro por causa do cinto.
— Vai logo. Vou tentar dar a volta. Entregue o que precisa esconder para Nai que ela dá um jeito.
Muito fácil falar.
Saio do carro e bato a porta com força demais antes de ir para uma das portas laterais do meu prédio. A rua mais à frente está fechada, o que quer dizer que os guardas já estão aqui. Merda.
É óbvio que Lena percebeu que eu precisava esconder alguma coisa quando saí correndo daquele jeito. Agora, o que é que Nai vai dizer quando descobrir o que estou escondendo? Se é que ela realmente tem alguma forma de escapar sem ser vista.
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Marcas do Destino (Draconem 1) - Degustação
Fantasy-= Primeira versão, não revisada. A versão final tem umas tantas alterações. =- JÁ NA AMAZON: https://www.amazon.com.br/dp/B07QPCJSW9/ O mundo de Ana desabou quando sua mãe morreu de uma doença misteriosa e ela, por muito pouco, escapou de uma sente...