Capítulo Quatro - Parte Três

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Fácil demais. Só consigo pensar nisso quando Kauã para o carro em uma ruela já fora da região dos megaprédios. Ninguém nos viu, ninguém veio atrás, não teve nenhum tipo de alarme. Não estou reclamando, mas não pensei que fosse ser tão fácil. Quase acho que nem precisava de Kauã e Nai, eu teria conseguido correr com Maira e Augusto sozinha mesmo.

— Nai... — Kauã começa.

Ela balança a cabeça, e isso é a única coisa que consigo ver de onde estou sentada, no banco de trás.

— Você tem que dar o aviso. E eu não posso deixar eles sozinhos — ela fala.

Cruzo os braços. Continuem conversando como se não estivéssemos sentados aqui – não que eu vá discutir sobre Nai não nos deixar sozinhos. Ela vai saber algum lugar onde posso esconder Maira e Augusto.

— Natasha... — Kauã insiste.

— Está vindo, já mandei mensagem — Nai interrompe.

O suspiro de Kauã é alto o bastante para eu ouvir. Mas o comentário dele me faz lembrar do que estava pensando mais cedo: a oficina de Lena.

— Lena...

Não posso falar mais nada perto de dois draconem. Merda.

Nai vira para trás.

— Ela conseguiu chegar em casa a tempo. Os guardas ainda estão longe.

E eu imagino que isso queira dizer que eles têm um plano... Droga. Eu devia ter sido menos covarde e procurado saber das coisas, ao invés de fazer questão de ignorar qualquer coisa que podia ter ligação com as gangues.

Os pelos do meu braço se arrepiam. Ah, de novo não.

Me viro para Maira de uma vez. As mechas roxas no seu cabelo estão visíveis de novo, mesmo que o restante do cabelo ainda pareça castanho e liso, ao invés do preto cacheado que é seu natural.

— Ela não está planejando entregar vocês, Maira!

— Ela acabou de falar que chamou alguém.

Kauã suspira alto de novo e sinto o ar ficar carregado. Ótimo. Era só o que me faltava. Augusto também reunindo poder? Não sou obrigada – e não tenho a menor chance de fazer qualquer coisa contra os dois.

— Eu devia entregar, viu. Mas tenho a impressão de que fazer isso vai ser pior para nós. — Nai sai do carro como se nada estivesse acontecendo. — Andem logo.

Louca. Completamente louca.

Continuo encarando Maira, que está olhando na direção de Nai. E... Augusto está segurando o braço de Maira, tentando conter o poder dela. Agora eu não estou entendendo mais nada aqui.

— Maira, você pediu minha ajuda. Se quiser se virar sozinha, pode ir. Mas não vai ameaçar meus amigos — aviso.

Ela se vira para mim devagar, quase como se estivesse debaixo d'água. Puta merda, Maira realmente está esperando o pior, se já carregou tanto poder assim.

— Não estou ameaçando. Só...

Abro a porta do meu lado e saio do carro. Maira é bem treinada demais para atacar um civil, mesmo que por acidente, então Kauã está seguro... Espero. Mas não tenho paciência para isso.

— Se decida. Ou quer minha ajuda, ou não. Mas minha ajuda não inclui só eu, porque não tenho como esconder vocês dois da guarda. E vocês deviam saber disso.

Bato a porta do carro sem me preocupar com a força e vou na direção de Nai. Por que é que eu ainda tento ajudar? Só para passar raiva, deve ser.

Marcas do Destino (Draconem 1) - DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora