"Fique viva e guarde seu coração para mim"

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Olhei ele novamente sorrindo:

- Catarina, não é um prazer conhecê-lo

- E quem disse que é um prazer conhecer você? Eu não achei

Sentei na grama abraçando meus joelhos rindo baixo:

- Você não vai surtar ou algo do tipo?

- Por que Harry?

- Bom, assaltamos um lugar. Você parecia estar brava antes

- Eu vou chamar a polícia ainda, estou gravando mais características suas. Quanto mais detalhes, mais chances de a polícia pegar você.

Ele parou por segundos analisando o que eu havia dito e os movimentos foram rápidos demais, senti suas mãos ásperas tocarem meu rosto, eu não sei o que deu em mim, mas fiquei parada ouvindo meu as batidas do meu coração, foi então que ele aproximou mais seu rosto e beijou meus lábios com uma certa pressão, o beijo desajeitado foi se tornando agradável e abri devagar a boca permitindo a língua dele entrar, a língua dele invadiu minha boca, soltei um gemido involuntário, a língua dele girou lentamente dentro na minha boca, levei minhas mãos até o cabelo dele e puxei com força sentindo um sorriso em meio ao beijo. As mãos dele subiram da minha cintura até meus seios, parti o beijo no mesmo segundo e abri os olhos devagar admirando o rosto dele, ele soltou meus seios e tocou meu rosto com calma, olhei os olhos dele, estavam tão verdes quanto antes.

- Você está arrependida?

Fiquei em silêncio remoendo a pergunta mentalmente e fitei ele novamente:

- Não sei se arrependida é a palavra certa, mas talvez eu esteja cismática. Essa noite está sendo confusa, há pontos positivos e negativos. Você consegue ser ambos pontos. Então, qual seria a palavra certa para isso?

- Harry

- Estou me sentindo Harry então

Ouço a risada dele e solto uma gargalhada alta, gostando da sensação de estar com ele:

- Agora é hora de eu deixar você ir embora

- Isso mesmo, eu já ia chamar a polícia mesmo

- Espero te ver um dia novamente

- Eu não sei se espero o mesmo

Levanto com ele caminhando até o carro e entro em silêncio. Penso em tudo que aconteceu na noite enquanto coloco o cinto de segurança, pouso minhas mãos calmamente sob os joelhos e olho ele de relance. Ele liga o motor do carro quebrando parte do silêncio ensurdecedor, olho para frente ainda sem saber o que fazer direito. Harry dirige pela cidade mantenho o olhar cinza e frio, deitei a cabeça no vidro pensando em como fui parar ali. Talvez ambos tenham feito escolhas erradas esta noite, sinto que irei me punir por ter participado de tudo. O carro para em frente a universidade e ele toca meu ombro, um pouco bruto, corrijo a postura assustada e olho ele:

- Em que momento eu disse que moro aqui?

- Eu roubei você, não lembra? Sei um pouco sobre você

Um sorriso tímido surge no canto dos lábios dele, tiro o cinto sem jeito com o olhar fixo nele:

- Tudo que você tem, foi roubado?

Harry me olha surpreso e o olhar cinza se torna divertido:

- Nem tudo, ainda não consegui roubar seu coração

Só os deuses sabem o quanto as pupilas dilatadas dele me fazem querer gritar e essa frase junto com as pupilas quase me fizeram subir pelas paredes, Harry se diverte com minha reação. Recupero meu fôlego olhando ele:

- Sinto muito, mas isso você nunca irá roubar

Ele pisca para mim rindo, desço do carro olhando ele. Ouço o barulho do vidro sendo abaixando e viro o rosto fitando ele de perfil:

- Fique viva e guarde seu coração para mim

Controlo todos os gritinhos de adolescente que eu poderia soltar nesse momento e giro corpo caminhando para dentro sem olhar para trás enquanto sentia meu corpo tremer de excitação e um sorriso idiota surgia em meu rosto. Entrei no quarto, fechei a porta atrás de mim e soltei um longo suspiro sentindo meu coração acelerar novamente. Contei até 10 controlando meus sentimentos e sorri novamente abraçando meu corpo até a cama, paro vendo um papel branco colocado em cima da cama, me aproximo pegando o mesmo em minhas mãos e olho a grade curricular. Só pode ser o universo gritando para eu focar nos estudos e esquecer tudo que aconteceu nessa noite.

O despertador berrou às 6h00 lutei contra todas as minhas forças para não jogar ele longe, levantei resmungando baixo, caminhei até o banheiro calmamente, liguei o chuveiro, entrei e fechei os olhos sentindo a água quente passear pelo meu corpo, envolvi meu corpo em uma toalha quando saí do banheiro e voltei para o quarto, coloquei um vestido azul ciganinha que ia até o joelho, ajeitei o cabelo em um rabo de cavalo, peguei a grade de horários colocando dentro da mochila, reclamei mais um pouco sentada na cama.

Eu deveria parar de reclamar, francamente, olha onde eu estou na universidade que sonhei desde os 10 anos, está na hora de fazer o certo. Está na hora de eu ser a melhor aspirante a jornalista do mundo

Levantei da cama determinada, saí do quarto e dei de cara com o campus, estava tão lindo, para todo lado que eu olhava havia pessoas correndo desesperadas e ansiosas para o primeiro dia de aula. Era primavera já, as flores estavam vibrantes e coloridas, isso deixou tudo mais bonito, caminhei tentando esconder toda minha empolgação e fui lendo as placas para me localizar, entrei na sala após notar o prédio bonito, as paredes de tijolos antigos deixava a entender que muitas pessoas haviam passado por lá. Sentei no meio, a sala foi enchendo aos poucos, todas as pessoas estavam bem vestidas, comecei a me arrepender aí. Tirei o caderno colocando sob a mesa enquanto todos em volta usavam tablets e notebooks, peguei a caneta envergonhada e comecei a rabiscar linhas aleatórias. O barulho foi silenciado quando o professor entrou na sala olhando todos, levantei a cabeça olhando ele colocando o próprio material em cima da mesa.

Alto, cabelo encaracolado castanho escuro, olhos escuros, nariz arrebitadinho para cima com uma cicatriz na ponta, os lábios finos dando ar de seriedade, os ombros largos demonstravam cerca de 27 anos, o corpo esgrouviado compunha o homem charmoso.

- Bom dia a todos, eu sou o Heitor Colonomos, seu professor de Filosofia desse semestre. Podem me chamar apenas de Colonomos ou professor, os textos estão disponíveis no e-mail de cada um de vocês e será para a próxima aula, é importante que façam a leitura.

Ele encerrou sorrindo para a turma e começou a lecionar a aula, foi uma aula tranquila, um conteúdo sobre os deuses gregos antes mesmo de se pensar em comunicação. Anotei tudo conforme eu conseguia ouvir, acredite, muitos dedos teclando ao mesmo tempo é horrível para a audição. Quando a aula terminou, levantei rapidamente junto com todo mundo, o caderno enroscou na mochila e coloquei com dificuldade:

- Está tudo bem?

Ouvi a voz atrás de mim e me virei olhando o professor:

- Cadernos, sabe como é

Olhei ele sem jeito colocando as alças no ombro e ajeitei a mochila sorrindo:

- Prontinho

Saí da sala após me despedir do professor e caminhei até o pátio afinal meu estômago estava gritando de fome, fui até a cantina mais barata para comer, eu precisava economizar ou ficaria sem dinheiro por um bom tempo. Comprei apenas uma fatia de pizza e sentei na cadeira apoiando um dos cotovelos na mesa, senti meu celular vibrar e peguei o mesmo olhando a mensagem

Situação bancária difícil né? Sabe que eu posso ajudar. É só responder essa mensagem. -H

P.s: a grade curricular da BU é um pouco complicada, então coloquei a minha grade do primeiro semestre de jornalismo

|| I'm in love with a criminal || h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora