T1 C2: Sua História

98 19 7
                                    

O homem aceitou o convite de Aldous.

O levou até sua casa. Ao abrir a porta, permitiu que ele entrasse primeiro. Desconfiado, deixou a mão sobre a arma, então entrou.

Revirou o cômodo com seus olhos de águia, a espera de alguma surpresa.

– Eu tô sozinho. - fechou a porta. Passou por ele e foi até a penúltima porta do corredor.

Ficou ali espreitando, estava preparado para qualquer coisa, até se Aldous saísse daquele quarto com uma arma ou mais outra pessoa.

– Aqui. - saiu do quarto com uma pilha de roupas e uma toalha no ombro. – Pegue. Acho que vai servir, somos quase do mesmo tamanho. - sorriu - O banheiro fica na primeira porta a direita. Não tem luz, mas tem velas. E água quente é pouca, então seja rápido.

– Valeu. - disse em um tom quase inaudível. Se dirigiu ao banheiro.

[...]

Ouviu a porta bater. O homem saiu do corredor.

Agora estava com a barba feita, parecia outra pessoa. Estava bem mais cheiroso do que antes.

– Droga, esqueci do calçado. - percebeu o tênis sujo.

– Tudo bem, eu...

– Eu tenho um no meu quarto, provavelmente vai servir. Mas bem... - olhou para o que estava fazendo - Eu preparei o jantar, tá afim?

– Com certeza.

Se reuniram na mesa da cozinha. Ficaram frente a frente na longa mesa retangular.

O homem comeu feito louco. Um mexido que o satisfez muito bem.

Aldous comia com alma, apenas observando a ferocidade do colega.

– Desculpe. - limpou a boca.

– Tranquilo. Mas então, como se chama?

– Walter - engoliu a comida.

– Prazer.

– Eu não te agradeci pelo que fez lá fora.

– Não precisa.

– Eu tenho. Obrigado. - Aldous assentiu – Então... - olhou ao redor - Tá aqui dês de quando?

– Dês do começo. 

– Jura? - confirmou. – Aquela coisa dos mortos, como soube?

– Bem - engoliu o macarrão -, eles sempre ficavam na porta. Com o passar do tempo eu fui matando e deixando eles no quintal. A partir daí os outros pararam de me atormentar.

– Interessante.

– É. Mas então, Walter, como tá lá fora?

– Vazio. É até estranho ter que ouvir minha própria voz depois de meses... - encarou o horizonte - Tudo destruído. Não tem mais ninguém... Só mortos. Nunca saiu?

– Saí. Mas não tão longe.

– O machado... - limpou o prato - O que fazia?

– Eu era lenhador. Ainda sou, quer dizer. As minhas saídas sempre foram para a floresta, nada mais. Os estoques duraram muito, tive que caçar só uma vez.

– Tem experiência em caçada, lenhador?

– Um pouco do que meu pai me ensinou. Aquele veado empalhado foi meu irmão que conseguiu.

– Legal - olhou - Então, a casa não é sua?

– Não, mas estou aqui. - sorriu.

[...]

O Outro MundoOnde histórias criam vida. Descubra agora