Foi no intervalo que Aldous aproveitou para ir até os túneis para ver o companheiro de viagem.
Em uma descida para o córrego, ele avistou Walter sentado atrás das grades com um pé de cabra em mãos. Ele encarava a parede suja e escura do túnel, apenas tendo o correr da água suja pelo chão como trilha.
– Walt? - desceu no córrego, evitando pisar na água. Chegou perto das barras e colocou o braço entre os buracos, oferecendo seu cantil d'água.
– Não.
– Ok. - tomou um gole e fechou o cantil. – Tá tudo bem?
– Não. - abaixou a cabeça, negando. – Sabe onde estamos?
– Um lugar clandestino o bastante para nos manter seguros e encarcerados. Acertei?
– Aquele velho havia dito que existiam mais comunidades como aquela, do mesmo no nome e afins...
– É o que estou pensando?
– Meu filho, Al... E se ele estiver aqui?
– Estamos em uma das comunidades?
Walter pegou a placa do seu lado e mostrou a escrita. Aldous ficou quieto após ler, viajando os olhos entre ele e o metal.
– Eu e mais um cara estamos cavando para fora daqui.
– O quê?
– Tem uma saída que eles não previam. Da numa ravina próxima a ponte, foi o que ele disse.
– Acha que podemos sair por lá?
– Eu tenho certeza. - afirmou. – Só precisaremos de mais gente.
– Vou ver o que posso fazer.
– É melhor você ir. - Walter disse – Vão dar falta. Aliás, o frio aqui embaixo é tenso.
– Vai ficar bem?
– Vou sobreviver. - se levantou – Pode me fazer um favor?
– Claro. O que quiser.
– Tente encontrá-lo. Algum vestígio ou algo parecido. Qualquer coisa que tenha sinal dele.
– Tudo bem. Vou fazer o possível. - começou a andar.
– Al. - ele olhou por cima do ombro ao ser chamado – Obrigado. - Aldous assentiu.
——
– Os miseráveis estão controlados. - Stanley disse, observando a fila para o poço da janela do escritório.
– Assim que é bom. - Marlakey tomou um gole do café. – Controlamos o rebanho e eles param de fazer bagunça. - colocou os pés sobre a mesa.
– Chefe. - Carla veio do fim do corredor. – Tem visita. - saiu da frente, revelando Aldous.
– Aldous. - Marlakey sorriu. – Veio pra escolher o lado certo? A oferta ainda está de pé.
– Na verdade só estou aqui por curiosidade.
– Estou ouvindo.
– Por acaso você... - as palavras se esvairam quando notou o enorme galão de água no final do corredor. Não apenas um, mas três. A transparência mostrava o plástico cheio do líquido.
– Aldous?
– Queria saber se já providenciaram a nossa água.
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O Outro Mundo
Science FictionDepois de um vírus se alastrar pelo mundo, Aldous viveu sozinho em sua casa pelo tempo que precisasse até tudo acabar. Era algo que ele pensava ter fim. Um derivado de Era Zumbi.