T1 C4: Sinal

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A exaustão tomava conta deles. Depois de enfrentarem uma forte correnteza, e um longo dia de caminhada, não tinham tantas forças como antes.

Walter optou para que continuassem, assim evitariam cruzar com outro bando ou animal faminto.

A noite caiu. A lua iluminou a rota 35, local onde estavam.

A ventania ficou forte, soprando as folhas caídas no asfalto.

Na beira da estrada havia um carro estacionado. Uma van, com o vidro traseiro coberto por um lençol que ameaça sair voando com o forte vento.

O veículo estava empoeirado, assim como as janelas.

– Tá vazio - Aldous checou. Arrastou a porta da van e ambos entraram.

O lençol cobria um vidro quebrado, que ainda mantinha seus cacos no banco de trás.

– Eu durmo na frente.

– Espero que essa ventania passe logo.

– Eu também.

Ambos deram um pulo quando um raio atingiu o asfalto à dez metros de distância do veículo.

– Estamos seguros aqui. - Walter tentou tranquilizar a si mesmo.

O vento ficou forte.

Uma parte sem prego fez o lençol ser soprado, sendo sustentando por apenas um que ainda o impedira de sair voando. A poeira invadiu o interior da van.

– Me dê sua faca. - Walter disse. Aldous lhe entregou.

Tirou sua blusa e fincou a faca na manga da esquerda. Fez o mesmo com a da direita, só que com sua própria faca. Prendeu os cantos de baixo do vão entre os bancos de trás. Assim, sua blusa ficou presa, tapando a entrada.

– Uma gambiarra. - sorriu.

– Dá pra sobreviver. - o trovão roncou.

[...]

Walter acordou com o bater do capô. Viu Aldous através do para-brisa, o mesmo estava sentado encima.

– Bom dia. - arrastou a porta.

– Te acordei?

– Imagina. - esfregou os olhos. – O quê tava fazendo?

– Tentando ver se esta coisa funcionava. - bateu no capô. – Não tem peças. Devem ter roubado.

– Que droga. - foi para a traseira. A blusa foi coberta pela areia. – Era minha blusa favorita.

Um zumbi vinha arrastando o pé, logo à frente. Também trajado com uniforme policial. Aldous deu cabo dele.

– Tem uma delegacia aqui perto, eu me lembro. - disse enquanto revistava o corpo. – Numa cidadezinha.

– Você ia pra lá?

– As vezes. - tirou um Halls do bolso do cadáver. – O problema é saber se dá pra entrar. Tava com uma policial na minha porta no dia que te conheci.

– Temos um lenhador criminoso - sorriu. – Vai me assassinar com o machado?

– Mais fácil você fazer isso.

[...]

Para chegarem na vila não tiveram tantos problemas, o único vilão era o sol escaldante.

– Não vejo a hora de encontrarmos um carro e dar o fora do sul. - Aldous disse.

Ao chegaram, tiveram a recepção de um dos rastejantes. Era fraco e magro, não muito perigoso. Passaram reto.

A placa indentificando a cidade foi derrubada, tento pegadas na mesma de tanto ser pisoteado.

Carros eram de poucos no local, com um ou dois em uma rua.

– Talvez tenhamos sorte no estacionamento da delegacia.

– Vamos aproveitar uma dessas lojas. - Walter apontou.

Com o cabo do machado, Aldous bateu na porta do mercadinho. Nenhum morto deu as caras.

Prateleiras vazias e derrubadas enfeitavam o cenário abandonado.

– Foram mais rápidos do que nós. - Aldous disse ao pegar um lacre vazio.

[...]

Arrombaram as duas portas da delegacia.

O zumbi trajado se levantou da poltrona. Walter chutou seu abdômen, levando ele de volta ao assento. Furou a cabeça com sua faca, o objeto chegou a furar o enchimento da poltrona. Ele retirou com força.

– Walter! Olha isso aqui! - viu o amigo parado ao lado de uma porta.

– Senhor. - se encantou ao ver o armazém.

O cômodo não tinha tantas armas assim, mas foi o suficiente para encher a bolsa que pegaram ali mesmo.

Duas shotguns, uma 9mm e uma Ruger .22.

Após se garantirem, ficaram por ali mesmo. Especificamente, no escritório do xerife. Lá havia um quadro enorme com o rosto pintado do fundador do local.

Usufruíram dos dois sofás ali presentes. Walter ficou acordado, vigiando.

A luz da noite da passava pela janela do escritório. Walter quase adormecia escorado na porta.

Seus olhos foram se fechando, ele forçava para se manter acordado, mas não conseguia conter. Uma voz abafada e tanto travada fez ele arregalar os olhos.

Olhou por baixo da fresta da porta, não havia ninguém. Abriu a mesma o tanto receoso. A voz continuava.

Décima segunda tentativa da semana.

Percebeu que a voz vinha do corpo na poltrona. Se aproximou devagar.

Décima segunda tentativa. - repetiu.

O walk-talk no peito do morto-vivo detectou sinal. Pegou o rádio.

– Alô?

Quem estiver na escuta, por favor, responda.

Alô? Está me ouvindo?

Há um lugar para todos. Centro Compartilhado do Estado, número 66.

– Está me escutando?! - levantou o braço em busca de sinal para detectar sua transmissão.

– Ao norte do estado, depois da milha 13. A 59 km do National Mall. Repito. Depois da milha 13.

Me ouve? - subiu no balcão de recepção.

Siga ao norte... - a transmissão se encerrou.

– Não...

———

Enfim, o quarto capítulo.

Não muitos acontecimentos, mas pelo menos uma possível solução.

Seria uma armadilha? Uma ajuda?

Até o próximo capítulo.

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