Prólogo

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      A televisão estava ligada, mas Naty não prestava atenção.

      “Uma série de assassinatos tem acontecido na cidade. A polícia suspeita que se trate de um assassino em série, apesar de não haver nenhuma ligação entre as vítimas. Ao todo no último mês foram registradas treze mortes, e nesse mês já somam sete. Das vinte mortes onze são homens e nove são mulheres, todos estão na faixa entre vinte e trinta anos.

      Naty desligou a televisão e foi tomar um banho. Entrou no banheiro e ligou as torneiras de agua quente e fria para encher a banheira na temperatura ideal. Já anoitecia e ela teria um encontro naquela noite. Conheceu Regis na internet, e, apesar dos avisos de suas amigas para ela não ir ao encontro, Naty decidiu dar uma chance ao destino. Se encontrariam em uma boate no centro da cidade que Naty amava ir. Ela sempre gostou de sair para festas.

      Regis era alto, tinha os cabelos castanhos claros. Os olhos eram azuis, o que Naty achava muito atraente. Pelo menos era assim que ele se descrevia, ela esperava que ele estivesse dizendo a verdade, apesar de não se importar com a aparência dele. Naty valorizava muito a personalidade, e menos a beleza.

      Quando a banheira já estava quase cheia, Naty desligou as torneiras se despiu e entrou em um longo e relaxante banho. Seus sais de banho deixavam o ambiente com um leve aroma de flores do campo e enchiam a banheira com espumas. Naty pensava em como seria seu encontro, já faria seis meses que não conhecia alguém. Seu último relacionamento tinha terminado de uma maneira trágica. Ela e seu namorado, Ryan, voltavam de uma viagem de fim de semana. Um carro desgovernado veio em sua direção e Ryan virou rapidamente para a direita, o carro caiu no acostamento e capotou. Naty não conseguiu contar quantas voltas ele deu e só se salvou porque usava o cinto de segurança. Ryan não usava. Agora, depois de tanto tempo, Naty finalmente se julgava pronta para assumir um compromisso.

      O celular começou a tocar e Naty saiu do banho. Ouviu um barulho vindo da sala, ou da cozinha, não saberia dizer ao certo. Se enrolou em uma toalha e foi ver o que era.

      “Tem alguém ai?”

      Seu celular estava no quarto, era uma ligação de Anna. Naty ligou para ela e enquanto o telefone ainda chamava ela viu uma rosa vermelha em sua cama. Naty deixou o celular em cima da cômoda e foi averiguar. Olhou para os lados mas não viu ninguém. Pegou a bela rosa vermelha que estava perfeitamente colocada em seu travesseiro branco. Tinha um aroma que ela amava.

      Mais uma vez um barulho. Dessa vez ela conseguiu identificar que vinha da cozinha.

      Naty pegou seu celular e discou para a polícia.

      “Acho que tem alguém na minha casa. Achei uma rosa na minha cama quando sai do banho e tem um barulho vindo da cozinha.”

      “Qual o seu endereço?” A policial perguntou.

      “Rua três, número trezentos e vinte.”

      “Já estamos enviando uma viatura.” A oficial disse e desligou.

      Naty não gostava de esperar, e, apesar do perigo em que se encontrava, queria verificar. Talvez não fosse nada mesmo. Pegou uma pequena torre Eiffel de metal que enfeitava sua cômoda, ganhou de Ryan no primeiro mês de namoro. Andou pela sala sempre olhando para os lados e sem nenhuma pressa. Acendeu as luzes no interruptor e não viu nada no cômodo. Seguiu para a cozinha. Não havia mais barulho. Naty caminhava nas pontas dos pés nesse momento. Abriu a porta rapidamente e acendeu a luz. Um gato estava comendo os restos de comida do almoço que estavam no lixo.

      “Não era nada” Ela pensou.

      Por um momento ela se assustou quando ouviu seu celular tocar, mas não teve tempo de pensar em atender. Mal se virou e foi atingida brutalmente na cabeça. Não conseguiu ver quem havia a atingido, só se lembrava de uma blusa preta com um desenho estranho. Caída no chão, com a testa ensanguentada, Naty gritou por ajuda, mas sua voz se recusava a lhe obedecer. Sua visão turva ainda lhe permitiu ver de relance aquela máscara negra.

      Fechou os olhos.

      Fez uma oração.

     Sua vida acabava ali.

O Assassino das RosasOnde histórias criam vida. Descubra agora