Capítulo 1

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                                                                                 JESSIE

      Eu esperava o táxi na porta da empresa onde eu trabalhava quando o vi pela primeira vez. Ele estava parado do outro lado da rua de braços cruzados me observando. Usava um terno preto. Seus cabelos eram negros e curtos, e ele tinha a minha altura. Entrei no taxi e, ao olhar para trás ele não estava mais lá.

      Cheguei em casa quando a noite caia no céu. Não estava acostumada a sair esse horário do serviço, mas a reunião de hoje havia sido demorada demais. Sou uma simples secretária de uma grande empresa de aparelhos eletrônicos. Abri a porta e entrei no único lugar do mundo onde eu encontrava a paz. Chequei a secretária eletrônica, havia duas mensagens, provavelmente da Megan me chamando para sair mais uma vez. Achei melhor tomar um bom banho antes de ouvi-las.

      Subi para o meu quarto e me deitei em minha cama enquanto a banheira se enchia de agua. Estava lendo um livro, “Contos de uma noite inacabada”. Conseguir ler um capitulo enquanto me banho ficava pronto. O livro contava a estória de uma mulher que ficou presa na noite em que foi assassinada, eu estava fascinada. Me levantei com preguiça da cama e fui ao banheiro. O espelho estava embaçado, o limpei com a mão e me observei, como fazia todos os dias. Eu continuava sendo a mesma garota de cinco anos atrás. Mesmo tendo mudado drasticamente meu visual. Antes, meus cabelos eram longos e anelados. Agora, eles estavam curtos e lisos, mas na mesma cor alaranjada e brilhante. Isso eu não mudaria nunca.

      Tomei meu banho com um pouco mais de pressa, tinha perdido um bom tempo no trabalho e ainda tinha que preparar o jantar. Não era fácil para mim morar sozinha, mas depois de perder meus pais tive que me acostumar com isso.

      Eles foram assassinados quando voltavam para casa depois de um jantar romântico. Um assaltante levou todo o dinheiro deles e deu um tiro em cada. Eu tinha vinte anos na época. Tudo que restou daquela noite foi uma rosa que meu pai havia dado para minha mãe no restaurante. Alguns dias depois a polícia prendeu o assassino. Desde então, Megan tem sido minha única companheira, mas com o tempo comecei a me isolar.

      Ao sair do banho eu liguei a televisão e fui para a cozinha. Já era quase oito horas da noite, resolvi então preparar uma lasanha congelada. Coloquei o forno para esquentar e fui ouvir minhas mensagens. Na televisão comentavam sobre mais uma vítima de um assassino em série que assustava os moradores da cidade.

      “A polícia divulgou esta manhã mais detalhes sobre o assassinato de mais uma mulher. O crime ocorreu ontem à noite. A vítima ligou para a polícia alegando uma invasão e quando os policiais chegaram a encontraram morta. O Xerife Taylor nos informou também que a vítima foi atingida na cabeça, essa é a única ligação conhecida e divulgada sobre o assassino em série que vem assombrado todos os cidadãos de Glendale.”

      Mudei de canal, não gostava muito de assistir jornal. Fui até o telefone e apertei o botão de play. A primeira mensagem era de Megan, como eu esperava que fosse.

      “Oi amiga, como você está? Sabe, esse fim de semana eu e a Belle vamos ao cinema, vai ser a estreia de ‘Uma comédia fora do normal’. Eu queria muito que você fosse. Qualquer coisa sabe que pode me ligar”

      Morgan sempre me fazia esses convites.

      Eu sempre recusava.

      Após alguns segundos o telefone fez um “BIP” e começou a tocar a segunda mensagem. Não reconheci a voz daquele homem.

O Assassino das RosasOnde histórias criam vida. Descubra agora