I

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Destranco a porta do quarto.
Coloco somente a cabeça para fora, olhando para os dois lados do corredor.

Saio do quarto, mexendo em minhas mãos, cobertas pelas luvas, hesitante.

Vou andando pelos corredores nas pontas dos pés, temendo que Anna escute.

- Elsa?

Anna aparece atrás de mim.

- Ah, o-oi Anna.

Falo mexendo em meu cabelo, constrangida. Anna percebe, porque ela acena com um sorriso amarelo e volta para o seu quarto em silêncio.

Suspiro.

Volto a andar, agora sem medo de que alguém me veja.

Assim que chego ao jardim, me sento em um banco afastado, de baixo de uma árvore coberta de gelo, e sem folhas.

Costumava vir aqui depois do "acidente".

Já estava anoitecendo, amava o entardecer.

Tinha somente oito anos na época.

Eu olhava para as luvas brancas cobrindo minhas mãos, hesitante. Uma lágrima escorreu pelo rosto, sentindo o nó na garganta se formar mais uma vez.

- Por que está chorando?

Um sussurro.

Um garoto alto aparece. Usava um moletom azul coberto por geada, e segurava um cajado de madeira. Seu cabelo, branco como a neve que ficava no chão depois de uma tempestade, e seus olhos, zuis como flocos de neve.

- Quem é você?

Pergunto confusa.

- Você me vê?

Ele pergunta confuso, como se não compreendesse que tenho olhos e posso ver.

- Ah, meio obvio.

Falo secando uma lágrima.

- Quem é você?

Pergunto novamente. Ele sorri, como se esperasse essa pergunta a muitos anos.

- Sou Jack Frost.

E tudo começou assim.

- Sou Elsa de Arendelle.

Sorrio. Então ele se senta ao meu lado.

- Por que estava chorando?

Ele pergunta curioso. Olho para minhas luvas.

- Eu tenho um segredo.

Ele me olha confuso.

- Se eu te contar o meu segredo, promete não contar a ninguém?

Ele sorri.

- Não poderia nem se eu quisesse.

O encaro confusa, mas assinto, tomando aquilo como um "sim".

- Eu tenho poderes mágicos.

Falo e ele ergue uma sobrancelha, como se duvidasse.

Tiro uma luva, ainda hesitante, e toco o tronco da árvore. Então uma geada começa a cobri-la por completo.

Ele me encara, como se não acreditasse, e já tivesse visto isso antes.

- Viu? É ruim.

Falo, deixando uma lágrima rolar. E ele sorri.

- Isso não é ruim, é lindo.

Ele fala e eu o olho confusa.

- Já ouviu histórias sobre o Papai Noel, Fada dos Dentes, Coelho da Páscoa ou o Bicho Papão?

Ele me olha, esperando minha resposta. Um pouco pensativa, o respondo.

- Claro, minha mãe me contava histórias quando era uma bebezinha.

Falo revirando os olhos.

- E se eu dissesse que eles existem? Me acharia maluco?

- Óbvio.

Falo o mostrando a língua. Ele sorri.

- E se eu dissesse que sou como eles, só que mais divertido.

- Como assim?

Pergunto confusa, mas com vontade de rir.

Ele pega seu cajado, e toca a árvore, em uma parte não congelada.

Ele me olha e sorri, logo volto a olhar a árvore, que estava congelando aos poucos.

- C-como?

O encaro confusa e surpresa.

- Então você é o que? Filho do Papai Noel?

Falo irônica.

- Haha, muito engraçado. Mas não. Sou Jack Frost, fui escolhido pelo homem na lua para me tornar isso, alguém que ninguém vê, que tem o poder de congelar coisas.

Ele fala frustrado.

- Mas eu te vejo.

Ele me olha e sorri.

- Porque você acredita em mágica, os outros não. Você é especial, Elsa.

Sorrio e o abraço.

Levanto-me do banco, e suspiro olhando para o castelo.
Você é especial, Elsa.



The Secret of my History - JelsaOnde histórias criam vida. Descubra agora