De pacato ao caos

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Essa noite eu não consegui dormir, eu tentei, mas não foi o suficiente para que o sono viesse ao meu encontro. Agora o meu despertador está tocando, indicando que são cinco e cinquenta da manhã.

Me levanto sem o menor pingo de ânimo, e me troco, a rotina de sempre até chegar na escola. Ethan estava sentado de baixo de uma árvore lendo um livro que não pude identificar.

Falando em livros, eu nem cheguei a ler os meus novos bebês. Sentei em uma mesa próxima a entrada e peguei o livro te teologia. Na boa, não estou com a menor vontade de ir a aula hoje. Acho que vou matar aula.

Peguei minha bolsa e o livro, e fui para o bosque que fica do lado da escola. Andei até encontrar uma clareira e fiquei por lá mesmo, sentada em baixo de uma árvore. Peguei meu livro de teologia e comecei a ler.

Quando me dei conta, já era o horário de ir em bora. Resolvi pegar um caminho diferente para voltar pra casa, pelo bosque. Já que o outro era mais longo e passava pela escola do meu irmão.

Durante o caminho eu pude ver sombras a minha volta, elas não eram borroes, era bem definidas. Eu conseguia ver seus rostos, suas roupas, suas feridas.

Devia ser outra alucinação, elas têm ficado mais forte desde que eu fiz 15 anos. Eu sou psicologicamente fodida, tenho esquizofrenia então eu sou tipo, a louca da escola.

Cheguei em casa e encontrei minha mãe no sofá, chorando, abraçada ao meu pai. De repente, era como se eu não estivesse mais lá, agora eu estava em um hospital, na ala de emergência. Eu corri sem rumo pelos corredores até ver uma sala de cirurgia com aproximadamente cinco enfermeiros e um cirurgião.

Eu me aproximei lentamente, e conforme eu chegava mais perto, fui reconhecendo as roupas sujas de cinzas misturadas com sangue. A camisa do homem de ferro, o jeans  surrado por se arrastar no chão brincando, os cabelos loiros como o do meu pai.

A sua pele estava pelo menos quarenta porcento queimada, e eu sabia que isso era um caso muito grave pra uma criança de sete anos.

Max estava com uma máscara no rosto que o ajudava a respirar, mas mesmo assim ele sufocava. Logo ele teve uma parada cardíaca, e os médicos começaram a usar o desfibrilador, mas nada. Então começaram a tentar ressuscitar, mas logo pararam.

- Ora da morte, 12:15. - Foi o que ele disse antes de eu voltar a realidade.

Eu estava novamente na minha sala, observando meus pais chorarem. Parecia que não havia se passado nem um segundo. Essas alucinações estão cada vez piores.

- O que aconteceu?- Perguntei temendo a resposta. Eles não eram de chorar na frente de nenhum dos filhos, apenas quando a situação estava muito feia.

A última vez em que choraram, foi quando a vovó Madalena havia falecido. Até eu chorei.

- Filha, senta aqui do meu lado.- Pede minha mãe batendo do lado do Sofá que estava vazio.

Fis o que ela pedio e a encarei no fundo dos olhos. Ela não conseguia pronunciar uma palavra, apenas lágrimas desciam de seus olhos castanhos.

- Joana - Meu pai me chamou, iiii.... chamou de Joana fudeu.- Hoje, ouve um acidente na escola onde seu irmão estudava... os bombeiros disseram que foi vazamento de gas....

Ele parou de falar e começou a chorar, só agora parei para analisar a frase. Ele falou Estudava no passado. Notei que o meu irmão não veio me abraçar quando Cheguei, e nem estava na mesa almoçando ou tirando minha mãe do sério.

- Onde... está....o meu irmão? - Perguntei pausadamente tentando manter a calma que eu já não tinha.- Onde ele está mãe?

Perguntei encarando ela e ela chorou mais ainda.

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