Andar de Baixo

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Acordei sentindo um peso sobre meu peito e com algo áspero e humido sendo passado em meu rosto, abri meus olhos relutantemente e encontrei um lince de olhos avermelhados me encarando com sua cabeça de lado.

Eu ainda não havia lhe dado um nome, e nem se quer entendi como um cão do inferno se transformou em um felino. Ná verdade, eu prefiro não entender isso agora.

Me levantei com o lince no colo e o coloquei na cama novamente, já que eu precisava me trocar e obviamente não o levaria junto ao banheiro.

Depois de me trocar e escovar os dentes, sai do banheiro e fui em direção a porta. Eu iria sair do quarto, se não tivesse escutado alguem falando comigo.

- Vocês, humanos, demoram muito para se arrumar. Eu só preciso, no maximo, me chacoalhar depois de me molhar. - Me virei procurando a voz, mas ela vinha da direção do lince. - Ou eu mesma me limpo, ao menos quando estou nesta forma.

A voz era feminina, mas não havia mais ninguém. Isso só pode significar uma coisa....

- Que a senhorita está enlouquecendo, heeee, parabéns, você é a mais nova louca do pedaço!- A voz feminina ecoava na minha mente, mas vinha da lince na minha frente. - Olha, senhoras e senhores, ela descobriu a América!

- Isso é loucura.....- Disse suspirando e ficando de frente para o felino que aparentava estar se tivertindo com a situação.

Sim, o lince estava com uma expressão de divertimento em sua face. Isso é no minimo, assustador.

- Mais assustador do que ter um cão do inferno na sua cama? Só se o proprio Lucifer te observa-se durante os seus sonhos.

- Como você pode ler a minha mente? - Perguntei-lhe sendo direta. Não havia tempo para enrolação, depois do café eu iria para minha ultima tarefa.

- Não exatamente. - Disse ela voltando para a cama do quarto que pertencia a minha mãe. - Eu posso ouvir o que você está pensando alto, e você pode se comunicar comigo através desses tipos de pensamentos. É como se fosse uma oração. Eu não tenho acesso as suas memorias, as suas lembranças, conhecimento ou se quer a sua essência, apenas aos seus pensamentos altos.

- Legal, mas, por que quis ficar justo comigo? E como podemos nos comunicar? - perguntei ainda mais confusa.

- Já vi que você é meio lerda. - Revirou os olhos.- Levando em conta que eu odiava a minha casa e o meu ex superior e você ter poupado minha vida, nada mais justo, e seguro, eu permanecer ao seu lado. - Respondeu de modo indiferente. - E pelo fato de ambos termos tentado matar uma a outra já nos torna ligadas pela morte.

O argumemto dela é convincente, embora seja bem estranho. Mas a minha vida é estranha, então não posso falar nada.

- Tá legal, eu vou tomar logo o café para poder digerir toda essa historia. - Disse abrindo a porta e indo para a sala.

O felino veio atrás de mim rapidamente e escalou minhas costas, para logo em seguida se aconchegando em meu ombro direito.

- O que tem pro café? - Perguntou animada.

- Café. - Respondi sem muita paciência com sua pergunta. Ela parecia uma criança.

Ao chegar na sala encontrei minha avó sozinha na mesa, se servindo com um chá que não me dei ao trabalho de identificar, mas acho que era chá verde.

- Bom dia, Cade o vô?

Me sentei a mesa e peguei umas tres fatias de presunto e entregue a lince, acho que  ela pode comer essas coisas.

- Seu avô foi convocado para ir ao Vaticano. Claro que, não o Vaticano que você conhece, é uma historia muito longa. Que lhe explicarei apenas quando voltar. - disse ela colocando geleia de amora em uma torrada.

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