Sinceramente o meu apenas 1 dia convivendo com Mary já tinha me deixado mais animada; ela não parava de falar sobre o tal show e nós saímos para conhecer os cantos de London que nunca nem tinha ouvido falar, eu confesso que eu estava gostando de me aventurar, mesmo que escondido. Mary me levou para lugares totalmente estranhos e esquisitos, alguns cantos com grafites e artes visuais incríveis, ela sabia do meu gosto e fez de tudo para me agradar.
O dia anterior passou como vento, nós ficamos fora de casa o dia inteiro, e não pude deixar de levar um esporro do meu pai por sair sem avisá-lo; por Deus, como eu estava cansada daquela baboseira de criança. Eu precisava de alguma liberdade, eu precisava aproveitar. Durante todos esses anos eu apenas seguia ordens e ficava trancada dentro de casa obrigada a estudar, e Mary de alguma forma me trazia essa tal liberdade. Eu confesso que no início não gostava muito do jeito doido dela de ser, mas hoje percebo o quanto ela será importante.
Eu ia para casa na esperança de que almoço já estaria acabando, eu estava totalmente sem fome e não aguentaria ficar na mesa conversando sobre a política ou decisões importantes para o meu futuro; se já não bastasse a manhã inteira de sexta-feira atendendo gente de mau humor, os meus pais acabariam com a minha paciência.
Eu estava encapuzada dos pés à cabeça, o frio de London não era nem um pouco agradável e ter que sair de casa em dias negativos era a pior coisa do mundo. Infelizmente eu não podia ficar sem o meu pequeno salário que recebia, eu não vivia na asa dos meus pais nesse ponto, e eu certamente não gostaria de ficar sem fazer compras. Eu dirigia a 60km/h no carro velho do meu pai, a claridade incomodava a minha vista e o vento forte entrava pela janela traseira que estava quebrada, fazendo o meu corpo congelar de frio. A cafeteria não era muito longe, mas a incapacidade do carro de andar rápido fazia a viagem ser longa e cansativa. Eu já tinha me acostumado com essa rotina.
Finalmente entrei na rua de minha casa, eu podia ver de longe a minha pequena casa amarela, que se localizava em frente à uma farmácia. Eu estacionei o carro e entrei pela porta da frente.
Pela falta de barulho, imaginei que o almoço já teria acabado, e para minha sorte, eu estava certa. Entrei na cozinha e a comida gelada tinha sido deixada a minha espera, mas eu não estava com fome.
Quando diziam que a paixão emagrece, eu nunca acreditei, parecia uma bobeira para mim, era sem lógica essa frase. Mas se você olhar nas entrelinhas, pode ser que seja verdade. Eu não podia declarar com todas as letras que eu estava apaixonada, e não tinha por quê dizer isso, mas alguma coisa eu estava sentindo, alguma coisa que me fez perder a fome.
— Buenos dias, mi amore! — eu pulei de susto ao ver uma pessoa surgindo da porta para o jardim.
— Por Deus, Mary. — eu pus a mão sobre o peito e ela abriu um sorriso.
Minha cabeça estava longe. Se não fosse por isso, o susto talvez não teria acontecido.
— Como foi o dia? — Mary entrou na cozinha com botas de plástico, luvas enormes e um chapéu enorme na cabeça.
— Normal, o mesmo mau humor de sextas-feiras. — eu coloquei minha bolsa e as chaves do carro numa mesinha pequena que se encontrava ali.
— Nenhuma novidade?
Novidade. Por alguma razão, o meu coração deu um pequeno pulo ao ouvir aquela frase.
— Não. Nada. — eu encarei a mesa.
Mary deu de ombros e esqueceu aquele assunto, na verdade, ela queria saber era de outra coisa:
— Então... o show de hoje está de pé, né!? — ela falou quase sussurrando.— Com certeza. Preciso esfriar minha cabeça o mais rápido possível. — falei enquanto ia em direção à geladeira com as panelas. A comida estava fria e eu não comeria aquilo nem pagando.
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Selfish || Duff Mckagan
Fiksi Penggemar"O olhar daquela garota era inexplicável. Eu não sei o que ela tinha, eu nem sequer a conhecia, mas eu não podia ficar parado, apenas olhando. Ela era reservada e ao mesmo tempo calorosa; me deixava maluco. Eu tentei de todas as maneiras me aproxima...