Confissões

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Fecha os olhos, para ouvir as trovoadas, raios e pingos que desaguam na janela.

Esses dias de chuva purificam a alma.

Abre os braços, silencie os olhos, seja brisa ou ventania, 

com seus muitos dedos gelados que te acariciam e te abraçam.

Esses dias nublados, sempre me foram cartas de alforria.

Então me diz, por qual motivo estou sendo arremetida a você

E essa dificuldade de respirar, que nada tem a ver com toda essa fumaça inalada

Me tirou tanto o fôlego, que me tornei refém de sua presença para inspirar e expirar, irónico não?

Você meu livro de cabeceira, regresse para que meus pulmões  voltem a trabalhar.

Ainda vai me cantar cantigas para sonhar?

Mesmo com todos esses impulsos para justificar toda a beleza que tu representa para mim?

Com você posso ser quem sou?

"Tão intensa" você diz, isso que tanto me apavora, não te assusta?

Tivesse investido talvez num bloco que ainda estivesse expirais,

Numa caneta com tinta, ou em uma caneca que não estivesse gelada e vazia.

De repente as palavras não me faltariam, e eu não estivesse tão dependente dessas confissões.

Quisera eu ter sua facilidade para falar de amor, sem estar tão presa em ressalvas.

Obrigo-nos a contentarmos com essas declarações insossas.

Não fosse tão ordinário todo esse sentimentalismo trazido da Era de Aquário.

Talvez eu pudesse ser tão boa para você, quanto é para mim. 

Existência NulaWhere stories live. Discover now