Armada ela, a Chuva.

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Um passo do gatilho,

Não existe amor em SP e em lugar nenhum.

Colheita, reações as ações, um final previsível.

Mas veja só você ai,

Que me vazava pelos olhos e espremia meu coração.

Fragmento de meu ego, orgulho e rancor,

Sombra de minha sombra.

Velha companheira,

Matéria sutil que me pesa os ombros, a cabeça e meu quarto.

Cria minha, pobre criatura

De minhas vísceras te dedico um amor quase fraternal.

Destino-lhe papel e caneta

Para que desliza-se dos meus dedos

Ganhando sua liberdade e eternizando-se em palavras.

Conforto familiar,

Nestes sentimentos que me apresenta a tantos anos

Em que eu te engolia enquanto me devorava,

Nunca me faltaram palavras para dedicar-lhe.

Você que me apresentou a mim mesma.

Uma escolha aleatória.

Um gatilho,

Dele, que possui presença tão palpável

Quanto qualquer uma de minhas criações mentais.

Num dia qualquer, você escolheu perder seu tempo.

Enaltecendo toda a gritaria e toda a pancadaria.

Saberei um dia o que você viu, como sentiu?

Importa?

Ou ficara compactado em "desdes"

Desde que eu me lembro.

E já não lembro de mais nada,

E todos esses sentimentos antes tão claros,

Hoje me alimentam insônias e incertezas,

E a chuva que já nem passa mais por aqui,

Vai me regar com palavras que eu

Ainda não encontrei para falar de ti?

Pressinto quando você chega ligeiro

Vasculhando a minha tralha,

Bagunçando minha cabeça,

Metralhando o que carrego na quinquilharia.

Mesmo assim

Deixa, as vezes sinto paz.

E nesta brincadeira de roubar-nos citações

Não barganhe com meu santo,

Já lhe todo o meu tempo.

Enquanto as palavras desses sentimentos furtivos,

Estão perdidos por ai,

Você canta para eu dormir?

Canta pra mim,

Sobre seus professores, gatos

E todas as banalidades sem importância que tanto me importa.

Porquê me interessa tanto saber sobre o seu lápis?

Enquanto você muda todas as probabilidades do previsível

E a chuva não vem.

Rego meu capim da vida com toda a sua poesia

E não já não importa mais os meios, fins e começos,

Afinal eu já sei seu nome.

Existência NulaWhere stories live. Discover now