IX.

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A campainha toca e eu bufo, levanto e fecho a porta do meu quarto e da sacada, então volto a sentar e me concentro na pintura de outra máscara. A campainha toca mais duas vezes até a pessoa, seja lá quem for, desistir. Continuo meu trabalho concentrada.

Estou irritada pra caralho.

Com tudo.

A questão é que os remédios que normalmente meu psiquiatra passa, não estão dando resultados. Meu humor tem alterado muito e minhas crises de ansiedade estão sendo constante. O doutor já passou outra receita, mas ainda não fui comprar porque sei como vou ficar ao mudar a medicação, sei disso desde criança. Meu organismo vai demorar pra se habituar e enquanto isso eu vou ficar desanimada, como se estivesse sempre cansada. É horrível. Mas sei que preciso comprar de uma vez. Esses dias eu até tive uma discussão com o Berry, foi uma merda. Foi por coisa boba e já está tudo resolvido, até porque ele sabe como eu sou. No dia eu já estava muito nervosa por ter ido conversar com a Zaz, não que ela tenha me deixado zangada, mas eu estava ansiosa, queria falar com ela. Guardei a emoção até sair e encontrei com o Berry, ele ficou enchendo meu saco falando que devo voltar ao clube Tribo pra fazer algumas lutas. Sei que tenho, agora ainda mais, porém estou sem um pingo de vontade.

°

Após finalizar a última máscara, eu respiro fundo aliviada. Olho a hora e arregalo os olhos correndo para tomar um banho, me arrumo rapidamente, pego minha mala que já estava pronta e meu passaporte, vou em direção ao aeroporto. Embarco para o Texas, na casa do Hayden. Claro que não ficarei por muito tempo aqui, já que a corrida me espera quase do outro lado do mundo, na Índia. Esse percurso é só pra não dar muita bandeira pra minha família, fico uns três dias aqui, depois vou para o meu destino principal, quando sair volto pra cá. Eles não podem nem sonhar que participo dessas corridas.

Aviso aos meus pais que cheguei e converso com a Regina marcando o esquema para nos encontrarmos quando eu for embarcar para a Índia.

Ao sair da sala de espera, já vejo a Charlie e o Hay. Os abraço e vamos para a casa. Por ser sexta, Hayden volta para a empresa e eu fico com a Kay e a Charlie. Saímos para comer e ela me leva para visitar alguns lugares. Paramos num shopping para a Charlie ir ao banheiro, eu fico esperando na frente do espelho com a Kaya ao lado.

— Quando você pretende voltar pra Londres? — Pergunto já que estamos só nós três, de dentro da cabine a Charlie responde:

— Vamos passar minhas férias toda aqui. — Ela sai indo lavar as mãos, me olha sorrindo. — Até porquê o Ruy vai ter que fazer uma viagem um pouco longa.

— Ah, é? — Pergunto fingindo pouco interesse. — Pra onde ele vai?

Ela da de ombros.

— Ele vai pra Índia fechar negócio com alguns sócios, da pra acreditar? — Sorri. — Hayden e eu decidimos ficar por aqui mesmo, até porquê no ano que vem não vamos vir, né, eu e a Kay, só o Hay. Então vou aproveitar por enquanto.

Sorrio balançando a cabeça.

— Como consegue ficar nesse lugar tanto tempo? É um calor da porra.

— Não diga palavrão, Evie — ela resmunga tapando as orelhas da Kay que nos olha confusa.

Quando retornamos pra casa já é noite, quase dez horas. Hayden nos recebe sorridente, conversamos breves assuntos e eles sobem para colocar a Kaya na cama, eu aproveito para roubar algo da geladeira, então subo também com um sanduíche e um copo de refrigerante. Ao passar pela porta do quarto do Ruy, vejo que a luz está acesa comprovando minhas dúvidas, ele está em casa. Até o momento não o havia visto. Mas passo direto e entro no quarto que estou.

Indomável - Eva [2°história]. Onde histórias criam vida. Descubra agora