Capítulo 38

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O Rei McCloud saiu em disparada de seu castelo, o segundo sol já estava se pondo no céu quando ele cruzou à praça de sua corte real, cheio de raiva. Ele pulou em seu cavalo e esporou o animal irrompendo em um galope, seguido por dezenas de seus homens leais, através de sua pequena cidade. Eles cruzaram os portões em arco, em direção a estrada poeirenta que levava até a montanha.

Ele esporava o animal cada vez mais forte, suas veias estavam queimando de indignação. Ele tinha acabado de receber a notícia de que seu filho tinha escapado, juntamente com sua esposa. Eles tinham se libertado das mãos de McCloud antes que ele tivesse a chance de torturá-los, matá-los e depois fazer uma exibição pública deles.

McCloud ardia com a indignidade de tudo. Ele não podia acreditar que aquela mulherzinha o havia ludibriado. Ele havia estado de mau humor desde que tinha voltado para casa e naquele momento ele estava com uma fúria sem tamanho. Ele iria caçá-los até o fim do mundo, nem que fosse a última coisa que ele fizesse na vida e iria encontrá-los antes que pudessem alcançar a segurança do lado dos MacGil. Ele iria torturá-los e matá-los com suas próprias mãos.

McCloud galopava, seguido por dezenas de homens. Ele estava desesperado para alcançar o topo da colina que se encontrava fora da corte. Dali, ele poderia ter um amplo panorama da paisagem, veria exatamente onde eles estavam e então, ele determinaria a melhor forma de caçá-los.

Garoto ingrato, ele pensou. Agora, ele percebia que tinha cometido um erro ao permitir que Bronson vivesse todos esses anos. Ele sentia que deveria ter matado Bronson no mesmo dia em que ele tinha nascido, sentia que deveria ter matado todos os seus filhos, assim ninguém poderia ameaçar com destituí-lo. Ele tinha sido muito fraco. Agora ele estava pagando o preço.

Ele também havia sido tolo ao manter aquela jovem MacGil por tanto tempo. Ele sabia por experiência que sempre era boa ideia matar mulheres, nem bem tivesse a oportunidade e assim, não correr nenhum risco com elas. Mais uma vez, ele tinha se tornado demasiado débil em sua velhice, agora ele estava determinado a ser mais cruel e desumano do que nunca.

McCloud gritou e chicoteou cavalo vez após vez, até fazer o animal sangrar, o cavalo rinchava e resfolegava enquanto todos os homens avançavam, até que finalmente subiram até o topo da colina.

Desde sua posição vantajosa, McCloud pôde ver no horizonte seu filho Bronson cavalgando com Luanda, pelas Highlands. Sua ira se acendeu de novo. O pôr-do-sol inundava o céu escarlate, o qual combinava perfeitamente com o estado de espírito de McCloud. Parecia que eles tinham um bom dia de viagem de vantagem sobre ele e alcançá-los não seria fácil. Isso não importava. Ele iria caçá-los e fazer disso um esporte. Ele iria cavalgar toda a noite se fosse preciso e não descansaria até lançar-se sobre eles e esmagá-los até a morte com as próprias mãos.

McCloud estava ali em seu cavalo, observando, respirando com dificuldade e estava prestes a chicotear seu cavalo novamente para ir atrás deles, quando de repente, algo surgiu e o fez ficar confuso. Ele piscou várias vezes, sem ter certeza do que ele estava vendo.

Diante de si, apareceu um exército de cavalos. Era o maior exército que ele já tinha visto, diferente de tudo que ele já tinha posto os olhos em cima. Ele parecia estar formado por um milhão de homens, eles cobriam todo o campo e se amontoavam pelo caminho, como um enxame de formigas.

Ele se virou em todas as direções e lá estavam eles, milhões de homens, enegrecendo suas terras com seus corpos, seus cavalos, rodeando-o por todos os lados. Ele não conseguia entender o que estava acontecendo. Pelas suas vestes, parecia que eles eram homens do Império. Mas não era possível que eles estivessem dentro do Anel, do outro lado do Canyon.

Será que o escudo tinha falhado? Ele se perguntou de repente e seu coração deu um salto.

De repente, e antes que McCloud pudesse processar tudo, ele viu subindo pela colina, ali, bem na sua frente, a poucos metros de distância, uns mil homens. Eles estavam liderados por Andronicus, o qual cavalgava em um cavalo singular, o cavalo dele era duas vezes maior do que o seu.

Andronicus ficou parado ali sobre seu cavalo, a alguns metros de McCloud, sorrindo para ele com um sorriso maligno, suas presas salientes e seus dentes afiados brilhavam ao sol. Seus olhos amarelos e demoníacos diziam a McCloud tudo o que ele precisava saber: ele havia sido derrotado.

McCloud foi subitamente dominado pelo pânico. Ele virou-se e olhou para trás, como se quisesse fugir, mas um instante depois, outros milhares de homens do Império o cercaram por trás.

Ele estava completamente cercado. Não havia nenhum lugar para onde pudesse correr.

McCloud engoliu em seco. Pela primeira vez em sua vida, ele sentiu um medo real. Ele sabia o que significava ser completamente derrotado.

McCloud lambeu os lábios secos ao olhar para Andronicus, perguntando se havia alguma maneira de sair daquela situação.

"Meu senhor." Ele disse para Andronicus com voz trêmula, toda a sua confiança tinha desaparecido.

"Você teve sua chance de chegar a um acordo comigo." Andronicus rosnou, sua voz era profunda antiga, era como um rugido provindo de seu peito. "E você recusou-se."

"Eu sinto muito, meu Senhor..." Disse McCloud, com a voz presa na garganta.

"Eu estava prestes a mandar meus homens para lhe enviar uma mensagem, para que soubesse que eu queria deixá-lo entrar."

"É mesmo?" Andronicus disse.

Ele inclinou-se volta e rugiu com seu riso.

"De alguma forma, eu duvido muito disso." Respondeu Andronicus. "Você é um péssimo mentiroso. Mas não teria importado de qualquer maneira. No meu mundo não há segundas chances."

Ele inclinou-se para trás e sorriu largamente.

"Agora você vai aprender o que significa desafiar o grande Andronicus."

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