Capítulo 24

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Luanda se encontrava acorrentada a uma parede de pedra nas masmorras McCloud, cada um de seus pulsos e tornozelos estava preso com algemas de ferro. Seu corpo tremia de exaustão, medo e fome. Ela se perguntava como ela, uma princesa real, o primogênito dos filhos MacGil, podia encontrar-se naquela situação, ela tinha descido a um nível muito baixo. Era difícil conceber isso. Há apenas alguns meses, ela tinha imaginado que ainda estava por viver tantas alegrias em sua vida. Ela imaginava-se casada com um príncipe McCloud, imaginava tornar-se um dia rainha do reino McCloud. E agora, ali estava ela, uma prisioneira em sua própria corte, tratada como uma criminosa comum, ou ainda pior.

O McCloud mais velho, seu sogro era uma criatura do mal, o ser mais baixo de toda a humanidade. Ela nunca tinha encontrado homem mais cruel, mais vil e mais vicioso em sua vida. Ele aterrorizava tudo e todos ao seu redor. Embora ela tivesse se arriscado, falhado e terminado onde estava, ela não estava arrependida de sua tentativa de acabar com a vida dele naquela casa, lá em sua cidade natal, no dia em que ela tentou salvar a pobre moça do ataque dele. Tinha sido um erro pensar que ela poderia matá-lo. Bronson bem que a tinha avisado. Olhando em retrospectiva, ela via que tinha sido algo estúpido. Mesmo assim, ela não se arrependia.

Luanda fechou os olhos e passaram pela sua mente as imagens horríveis de Bronson sendo atacado por seu próprio pai e perdendo a mão em sua tentativa de salvar a vida dela. Ela se sentiu invadida por ondas de culpa. Ela amava Bronson mais do que nunca, o admirava por finalmente tomar uma posição contra o seu pai e apreciava o seu sacrifício mais do que ele jamais saberia. Ela também sentia um renovado sentimento de repulsa por seu pai, uma repulsa mais forte do que nunca.

Ela tinha de sair daquele calabouço e resgatar Bronson. Ele estava sentenciado a ser executado, antes de ter de morrer pelas mãos de seu próprio pai. Ela tinha de sair da cidade com ele, sair definitivamente do território McCloud e de alguma forma regressar às Highlands e voltar para a segurança do lado dos MacGil. Ela tinha de chegar até a corte de seu pai e esperava que a aceitassem de volta ali.

Mas agora, tudo isso parecia muito distante. Bronson, pelo que ela sabia, já poderia estar morto e como ela estava lá, algemada não havia a menor esperança de conseguir fugir de seus carcereiros.

Na verdade, ela tinha coisas mais urgentes em sua mente: seus carcereiros eram dois cretinos que se alternavam para atormentá-la durante toda a noite. Um deles puxava seus cabelos, o outro levantava sua blusa; um a ameaçava com um punhal, o outro com um ferro quente. Eles não tinham nem torturado nem abusado dela ainda. Mas suas ameaças já seguiam há horas e iam aumentando. Ela sentia que eles estavam tramando alguma coisa e se todas as suas ameaças fossem verdadeiras, ela sabia que seria estuprada, torturada e deixada jogada ali para morrer antes do sol nascer. Eles eram dois homenzinhos bem nojentos, com sua barba por fazer e cabelos sebentos. Eles usavam o uniforme dos McClouds e ela percebia que suas ameaças eram em sério. Suas horas estavam contadas. Ela tinha de encontrar um jeito de sair dali, e rápido. Era hora de armar uma jogada. Ela só não sabia qual.

"Eu digo que a cortemos bem devagarinho." Um deles dizia ao outro com um sorriso diabólico e cheio de dentes podres, em seu rosto.

"Eu digo que a queimemos primeiro." Disse o outro.

Os dois riram, divertindo-se com suas próprias piadas e Luanda tentou pensar rápido, mais rápido do que ela jamais havia feito em sua vida. Sendo mulher, ninguém nunca tinha dado crédito a sua inteligência, mas ela era inteligente, pelo menos, tão inteligente quanto seu pai, tão inteligente quanto qualquer um dos filhos MacGil. Ao longo de sua vida, ela tinha conseguido sair-se bem em quase qualquer coisa.

Ela reuniu sua força interior e toda a astúcia que pudesse ter, a astúcia de gerações de reis MacGil, cujo sangue corria em suas veias. Ela fechou os olhos e pensou profundamente, desejando que uma solução chegasse a ela.

Um Grito de HonraOnde histórias criam vida. Descubra agora