Sem dúvidas um dia excelente para Lavínia Helena, quem estava indo para a escola pela primeira vez naquele ano. Assim que entrou em sala, entretanto, logo percebeu os olhares.
Miguel e seus amigos, que estavam rindo vendo o celular, ficaram calados e a encararam com semblantes de vergonha. Victória e suas amigas também perceberam a presença dela, mas algumas comentaram entre si, enquanto Victória soltou um riso tímido e acenou na direção de Lavínia.
Lavínia não se importou. Sentou-se na única cadeira vazia, que ficava na frente de Makeda.
– Aquilo é um traveco? – Miguel sussurrou para um de seus amigos. – Tem um traveco estudando com a gente?
Victória Aguiar foi até ela e se agachou ao seu lado. Disse, com um sorriso:
– Oii! Eu nunca te vi por aqui antes, você é nova?
– Na verdade, eu estudo aqui desde o começo do ano, só que é a primeira vez que eu venho. – Lavínia disse.
– Ah, a gente deve entrar em provas daqui a pouco, se quiser eu te passo as minhas anotações.
– Sério? Isso seria ótimo! Você é muito legal, qual é o seu nome?
– Victória. E o seu?
– Lavínia.
Na mesma hora, Makeda tirou os olhos do celular e cutucou ela.
– Lavínia? – Indagou. – Lavínia Helena?
– Mulher, você tá aqui! – Lavínia exclamou e abraçou Makeda.
– Socorro, filha de Oxumaré, que close você fora do Ilê!
– Aquenda, mona, se eu soubesse que cê era desse ilê-iwe eu teria vindo pra cá antes!
– Que bafoooo! – Makeda exclamou. – Mas, como assim? Pra mim você morava pencas longe!
– Eu moro, mapoa, eu fiz a lôca e disse que morava na zona sul pros meus pais.
Victória Aguiar ficou completamente perdida naquela conversa.
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First - Eu nunca achei que seria capaz de amar
HumorEm um Rio de Janeiro pós-apocalíptico (depois da vitória de Bolsonaro), os jovens iniciam o segundo ano do ensino médio em grande estilo. O colégio Laranjeiras conta com funcionários que se metem em mais confusões que seus próprios alunos, entre ele...