Em um Rio de Janeiro pós-apocalíptico (depois da vitória de Bolsonaro), os jovens iniciam o segundo ano do ensino médio em grande estilo. O colégio Laranjeiras conta com funcionários que se metem em mais confusões que seus próprios alunos, entre ele...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
À noite, um grupo formado por três jovens estava saindo das aulas de artes marciais, no Complexo da Maré.
– Não acredito que o nosso pai não deixou a gente ir morar com a Mathea! – Gabriel exclamou, enquanto fumava um cigarro.
– Ué, – Makeda disse – ele não disse que deixaria caso vocês tivessem um emprego?
– Ah tá que a gente vai conseguir um trampo em meio esse caos de desemprego. Você não viu o que aconteceu com a Lavy?
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Próximo daquele local, o pai da dupla de irmãos estava junto a Ywanne em um motel próximo ali. Ambos bebendo vinho, Ywanne estava fumando um cigarro na poltrona enquanto Erick parecia apreensivo, sentado na cama.
– Eu só não entendo isso – Erick disse. – Por que demitiram ela?
– Descobriram que o certificado de ensino médio dela era falso, ué.
– Pra trabalhar numa lanchonete precisa de ensino médio completo, agora?
– Foi isso que os ocós disseram, né – Ywanne continuou, jogando seus cabelos para o lado para não se estressar. – Três dias antes, ela gritou com um cliente.
– Foi aquilo que você disse que um grupo de caras começou a mexer com ela quando a lanchonete tava vazia?
– Eles viram uma travesti novinha e acharam que era prostituta. Pra gente é "normal", todas nós estamos acostumadas com isso, só que a Lavínia ainda não aprendeu a se conter.
– É, mas isso é horrível! – Erick exclamou. – E demitiram ela por isso?
– Por arrumar confusão com cliente? O chefe deve ter pensado que poderia voltar a acontecer, daí usaram esse negócio de ensino médio como desculpa.
Erick, sempre que levava os filhos para as aulas de luta, gostava de se encontrar com Ywanna para conversar. Muito embora ela fosse uma prostituta, e cobrasse por sua hora, eles ainda não haviam tido relações sexuais.
– E ela tá errada em reagir? – Erick disse. – Ou melhor, ela tem que "aprender a aceitar essa situação"?
– Não ache que eu não teria descido o cacete naquele grupo, que pacífico é o oceano – Ywanne respondeu, acendendo outro cigarro. – Só que sem emprego, ela não vai ter onde morar, onde comer... Ela ainda é sortuda por ter pais que pagam um colégio particular pra ela, porque a maioria de nós nem pisou no ensino médio.
