Em um Rio de Janeiro pós-apocalíptico (depois da vitória de Bolsonaro), os jovens iniciam o segundo ano do ensino médio em grande estilo. O colégio Laranjeiras conta com funcionários que se metem em mais confusões que seus próprios alunos, entre ele...
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Erick não precisava só levar os filhos para um lugar longe à noite, ele também se comprometeu a levar Makeda Castro, mesmo que precisasse buscá-la em casa. Ele não se importou; estava de bom humor graças a ter encontrado para si, um passatempo para realizar enquanto esperava os adolescentes terminarem a aula de luta.
Seu único, grande problema era que seu passatempo poderia sair um pouco caro demais. Eram trezentos reais que Ywanne arrancava dele sem piedade todas as noites, por duas horas de conversas.
Erick foi até a esquina em que Ywanne estaria e a viu.
– Ywa, oi! – Exclamou, com um sorriso no rosto, e correu até ela.
– Oi, gatinho. – Disse, simpática. – Que bom que parece que a gente tem um negócio frequente.
– É, então... sobre isso... – Erick murmurou, constrangido, com a mão coçando a cabeça. – Eu meio que tô sem dinheiro nenhum.
– Ah não, isso é tão triste.
– A gente se vê com frequência, e... sei lá, trezentos reais é muito pra só uma conversa, mas eu gosto muito de ficar conversando contigo.
– A minha hora é pra gente fazer o que quiser, gatinho. Se você escolheu só conversar comigo, é escolha sua.
– Eu sei! Mas, você não pode, tipo, fazer desconto pra um cliente frequente?
– Eu adoraria, mas eu tenho contas pra pagar. Alguém tem que alimentar as minhas meninas, né?
– Tá. Certo. Nesse caso, eu... – Hesitou ao falar pela vergonha. – É que eu queria te convidar pra sair comigo.
– Um encontro? – Ywanne disse, com um semblante de pena. – Oh, querido... não é assim que as coisas funcionam.
As meninas que estavam com ela, entretanto, começaram a rir.
– Hahaha, a Ywa em um date! – Uma delas riu. – Tadinho, ele não sabe que essa daí de romantismo não tem nada.
– Né, verdade! – A outra disse. – A Ywa é que nem uma pedra, ninguém nunca viu de casal ou indo a encontros.
– Olha só, parece que eu tenho gente pra falar por mim. – Ywanne disse, sarcástica. – Mas, elas tão certas. Eu não faço "encontros".
– Por favor! – Erick implorou, com olhos brilhantes. – Por favorzinho, não precisa ser nada romântico nem chique, é só que eu gosto tanto de ficar falando contigo. E eu te acho uma pessoa tão interessante...
Achou fofo como Erick falava com um sorriso e voz infantil, e acabou deixando um leve riso escapar. As demais riram alto, especialmente quando Ywanne começou a considerar.
– Ai, eu tava mesmo querendo encontrar a Welldona na lanchonete. – Disse, e Erick abriu um sorriso largo.
