O Artefato

Cap. 21 - Velho Amigo

.

.

O lugar era escuro e úmido, o chão era duro e escorregadio, o jovem mago adentrava o apertado túnel com dificuldade, não sabia como havia ido parar ali ou o que estava fazendo naquele lugar, mas sabia que tinha que continuar seguindo, seguindo uma fina luz amarelada que escapava do que parecia ser a saída.

- Mas o que estou fazendo aqui? O que é isso? - Algo rastejante caiu em sua cabeça, passando rapidamente as oito pernas cabeludas pelo seu pescoço e logo desaparecendo na imensidão de seus mantos. – Ui!

O mago se apressou para chegar até o final daquele lugar desagradável, mas a saída talvez fosse muito estreita para ele passar, teria que se livrar de parte de suas roupas para tentar se esgueirar pela fresta. Ele então tirou seu grosso manto azul marinho com dificuldade e tentou sacudir para ver se a asquerosa aranha ainda estava grudada nele, mas não dava pra ver nada.

Quando ele finalmente conseguiu atravessar para o que parecia ser um lugar mais aberto, ele sentiu um vento congelante lhe percorrer o corpo, ele pode ver o próprio hálito quente lhe escapar pela boca como fumaça e mais do que depressa puxou seu manto e o colocou novamente.

A luz estava vindo do que parecia ser uma abertura ainda maior, ele olhou para cima, mas tudo que viu foram rochas escuras, nenhum sinal do céu, se era dia ou noite, ele não poderia saber.

- Que lugar é esse?

A medida que foi caminhando em direção a claridade ele podia sentir no rosto uma brisa mais forte. Quando ele chegou próximo ao que parecia ser o fim daquela caverna, ele se deparou com um grande abismo, o céu ainda era feito de pedras, e ao longe do outro lado, ele viu o que parecia ser uma cidade ou oque restou dela, as grandes estruturas se misturavam com as rochas, a pouca luz vinha das tochas ao longe que lutavam para continuar queimando e iluminado aquele escuro mundo frio, a imagem era impressionante, mas algo ainda mais exuberante lhe chamou a atenção, pousado em uma das torres mais altas encontrava-se o enorme dragão branco, comtemplando seu domínio.

Um pavor inominável percorreu a espinha do mago e suas pernas não se moveram, ele não podia acreditar no que estava vendo, e tudo só piorou quando o dragão virou-se para ele e proferiu palavras que a principio ele não entendeu, mas ainda sim o fez congelar de medo, a voz ecoou pela caverna como o som de um trovão. O imenso dragão então preparava-se para alçar voo em direção ao jovem quando sussurrou com os olhos fixos no intruso.

“Eu vejo você”

O mago deu passos desesperados para trás e tropeçou no próprio manto fazendo o cair sentado. Então ele ouviu o som das asas deixando a torre, não havia mais nada que ele poderia fazer, não havia para onde fugir ou se esconder, o medo o petrificou, já era tarde de mais para qualquer coisa quando o dragão alçou voo em sua direção com os dentes amostra.

Um grito de pavor foi a única coisa que ele conseguiu fazer.

- Não, Não! AAAAAAHHH....

-Ei! Calma, você esta sonhando. Acorde!

- Aaah, socorro! Não!

- Ollef! Acorde!

Ollef ainda se debatia enquanto Arleon tentava acordá-lo. Quando ele finalmente abriu os olhos e viu o caçador, sentiu um alivio em ver que estava de volta, ele se levantou meio desorientado e ofegante.

- Caramba, deve ter sido um pesadelo daqueles. Você está bem? – Perguntou Arleon colocando a mão nas costas do amigo, mas Ollef ainda estava com o olhar estatelado e nada conseguiu dizer quando a imagem do dragão lhe veio a mente. - Ollef? Ei! To falando com você!