O Artefato

Cap. 25 - Elestenar

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Um homem esguio e de sorriso largo olhava para Ivoleth contemplando a sua reação de surpresa ao vê-lo. Ele não deixou de reparar na vermelhidão do rosto da maga e a veia saltada em sua testa. Com certeza ela estava nervosa ao encontrá-lo ali, mas talvez não nervosa no sentido em que ele estava imaginando.
 
— Mas o que… O que está fazendo aqui? — Indagou Ivoleth tirando o braço da mão dele devagar.

— Ora, não está feliz em ver seu noivo? 

— Hã? — Ollef ainda de pescoço esticado para olhar tentava ter certeza se tinha ouvido direito. 

— E você quem é? — Perguntou o homem olhando para Ollef com um certo ar áspero.

— Eu sou Ollef Galgalin, mago aprendiz de Lordórian — e esticou a mão para cumprimentar, mas o homem apenas o olhou de cima para baixo – So-sou amigo da Ivoleth — completou o mago ao ver que o homem parecia desconfiado.

— Muito prazer mestre Galgalin – Disse apertando a mão do jovem — Eu sou lorde Enan Vrelas, de Kitania. Noivo da senhorita Hal. 

— Ah, é noivo,é? Pa-parabéns! — Ollef deu um sorriso sem graça e não sabia mais o que fazer naquela situação e de canto de olhou mirou em Ivoleth, que parecia estar processando o fato de Enan estar ali. 

— Agradeço, mestre Galgalin. Agora se me der licença — Enan entrelaçou seu braço no de Ivoleth — gostaria de aproveitar esta melodia com minha querida — E guiou a maga para uma dança.

— To-toda. 

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Enan valsava com elegância enquanto conduzia sua futura esposa, com um sorriso clássico e calculado no rosto, tudo o que seus costumes da alta corte exigia. Ivoleth sempre admirou pessoas da nobreza, como se portavam, suas roupas finas, palavras pomposas e a posição de poder que ocupavam. Ela nunca quis nada disso através de um casamento, aliás a ideia de casar-se não lhe agradava nem um pouco, mas  talvez uma vida confortável não fosse tão ruim, talvez ela não devesse dispensar a chance caso não tivesse outra alternativa. A chance de ser da nobreza estava bem ali em sua frente, talvez assim seu pai finalmente a aceitaria como uma igual.

Porém, olhando para Enan naquele momento, sentiu que tudo havia mudado, aquilo parecia falso ou… nada natural. Por que ela iria querer isso por um título ou para impressionar outra pessoa? Mesmo que a pessoa fosse seu pai, toda a sua vida mudaria em função disso. 

Ivoleth temia que se ela se casasse não seria mais uma pessoa livre. Livre para correr atrás de suas aventuras e se tornar uma maga renomada. Enan não seria compreensível a este ponto.

Enquanto dançava viu de relance em um dos arcos do salão a figura de Arleon virando-se para ir embora. Ela se soltou rapidamente de Enan, pediu licença e correu até lá. No corredor apenas alguns pequenos grupos conversavam e casais se flertavam. Nada do caçador. Ela foi até o fim do corredor, mas o restante do castelo estava vazio. Talvez tivesse sido sua imaginação.  

Quando Ivoleth se virou para voltar para a comemoração trombou com Ollef, que estava logo atrás dela.

— Se quer fugir do seu no-noivo, agora é o momento! — Sugeriu o jovem enquanto apontava Enan passando pela multidão e vindo em sua direção enquanto cumprimentava outras pessoas. 

Ivoleth não pensou duas vezes, puxou Ollef pela camisa e ambos apressaram-se para sair da vista do empolado lorde. 

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