Depois daquele dia, todos foram direto para casa. Yixing voltou em um táxi e Minseok levou Jun de volta para casa, mas eles não trocaram uma palavra. Era como se nem se conhecessem, como se o Kim mais velho fosse apenas um motorista para ele. Os corações que antes estavam mais aquecido que nunca se encontravam despedaçados e sem qualquer tipo de emoção, enquanto olhavam a paisagem de Seul, que mais do que nunca parecia monótona pela fumaça cinza que cobria o céu. Ele não estava brilhante, sequer azul.
Nuvens de chumbo, acinzentadas e informado um temporal que estava por vir. Desta forma, os coreanos concluíram que o sol que os iluminava era Jongdae, mas ele havia se apagado.
Não teria um funeral adequado, o máximo que Minseok poderia dá-lo seria um caixão simples e flores, no cemitério público. Ele não tinha dinheiro para sequer dar uma partida decente para o amor de sua vida. Jun não conseguiria comparecer, mesmo que sequer tivesse sido convidado.
Quando chegaram em frente ao prédio de Myeon, ele desceu e abraçou Minseok por dois segundos. Foi meio desajeitado, o corpo do mais velho estava quente como se pegasse fogo, um tanto indiferente para alguém que estava sempre gélido. O choro abatia os olhos que estavam tão cerrados que Jun jurou que sua pálpebra quase se duplicava.
Quando Myeon entrou em casa, ele espiou seu amigo pela janela e pôde ver Minseok soltando as lágrimas que prendeu, socando o volante. Não foi até ele, não poderia consolá-lo depois de ter sido o culpado. Mesmo depois do Kim ter avisado tantas vezes sobre a saúde de Jongdae, ter se preocupado tanto, Myeon não o parou. Se ele apenas tivesse mandado Dae ir dormir, ou não pulado de lá e dito que é impossível renascer se não morrermos primeiro. Mas não fez nada disso, e acabou matando alguém.
Sobre o relacionamento de Junmyeon e Yixing, eles nem sequer falaram sobre ele, mas estava, em poucas palavras, acabado.
A depressão de Jun se tornava cada vez pior e ele se recusava ir ao psicólogo ou às consultas com Seok. Ficou trancado dentro de casa por um bom tempo, sem comer, sem sair da cama, legitimamente acabado. Voltou ao ponto inicial, aquele ponto que estava antes de conhecer o Min, e sentia vergonha de si mesmo. Como sempre, estragava tudo quando entrava na vida dos outros.
Junmyeon magoava todos ao seu redor. Era incapacitado de ser normal e de ter uma família, nem sequer sabia porque pensou que ele pudia conseguir. Nunca esteve enganado sobre quem era e, mesmo que sentisse saudade de Yixing, mesmo que sua única vontade no mundo fosse implorar por perdão para Minseok, ele não poderia fazê-lo. Não tinha direito de perdão.
E assim continuou por cinco meses, onde Jun tinha apenas o vazio, e nada além de sua própria companhia, vivendo em um cárcere que ele mesmo criou.
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ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤYixing estava renascendo.
No fundo da piscina do local que trabalhava e seu amigo Jongin era proprietário, afundava e esperava até que não tivesse mais fôlego. Mesmo que não fosse saudável, já tinha feito aquilo pelo menos três vezes naquela manhã. Não conseguia ficar muito tempo, sempre perdia o ar mesmo que tivesse acabado de descer. Simplesmente, não sentia mais que era alguém novo. Quando subia de volta, os problemas ainda estavam lá, o assombrando.
Jongin e Beatriz chegaram, e Yixing pode ouvir as vozes falantes sendo distorcidas pela água. Os amigos viram o gritaram por um momento, mas foi só olhar para o fundo da piscina que sabiam exatamente onde ele estava.
— Você pode vir nos cumprimentar a hora que quiser, Xing. – O moreno disse, irônico, fazendo o Zhang pegar impulso nos pés e subir, sorrindo para os amigos.
— Olá.
— Veio cedo hoje. – Beatriz observou, vendo a face do chinês nublar-se novamente. — É por causa do seu namorado, não é?
— É certo ainda chamá-lo assim? – Jogou seu cabelo para trás, balançando a cabeça para se livrar da água nos ouvidos.
— Não sei, me diz você. – Jongin cruzou os braços, abrindo o prédio interno com a chave especial e seguindo para a sua sala.
— Não ligue para o Jongin. Ele é meio insensível quando quer. – Bea tentou amenizar a situação, sentando-se na borda da piscina com as pernas dentro da água. Yixing se acomodou ao lado dela, porém com uma distância considerável.
— Ele não falou merda dessa vez. – Bea desistiu de qualquer coisa que fosse dizer, chegando mais perto do professor. — É meio egoísta, não é? Eu deveria entender a situação e só aceitar, afinal uma vida está no meio da situação. É egoísmo meu querer que o Junmyeon volte ou que tudo seja como antes de... acontecer.
— Não é egoísta.
— É sim...
— Não, não é. Olha... – Virou o rosto de Yixing para si. Ele era perfeito, mesmo com uma face inexpressiva. Isso irritava um pouco Bea. Mesmo que ela sempre tentasse fazer ele sentir algo por ela, Yixing sempre foi indiferente. Mas, assim que o tal de Junmyeon apareceu, ele vivia por ele e até parecia mais falante. — Você também tem sentimentos, ok? Eles não são inferiores aos dos outros. E você sequer fez algo de ruim na história toda ou disse para o Junmyeon deixar de pensar nisso ou ficar com você. Você deu espaço para ele, sem se importar consigo. Isso é admirável.
A menina colocou os dedos magros no rosto de Yixing, fazendo-o a olhar. Por um momento, seus olhos foram para os lábios dele de relance, e ela tentou beijá-lo. O Zhang afastou a mão dela, balançando os ombros.
— Desculpe, eu não quero nada com você, Beatriz.
— Por quê? Por que você não fica com alguém que se preocupa mais com seus sentimentos? Pelo o que eu me lembro, te conheço há muito mais tempo que o Junmyeon.
— Sim, você me conhece. Também foi você quem me levou pra primeira competição de natação onde eu me apaixonei pelo Jun e virei fã dele. Foi a primeira a me presentear com uma revista que continha uma entrevista dele. Muito obrigado, você pode ter marcado muito minha vida, mas não desse modo.
Ela se levantou, virando as costas para ir embora, em um misto de raiva e tristeza. Não sem antes falar o que vinha em sua mente, mesmo que não olhasse nos olhos dele:
— O Jun ama o jeito que você o faz sentir. Especial, normal, amado. Ele não ama você, Yixing.
O chinês resolveu não responder nada. Talvez realmente fosse verdade, depois de tudo. Ele sabia muito bem o que era depressão, e que isso fazia alguém de afastar até das pessoas mais amadas. Mesmo assim, o jeito que foi abandonado ainda o machucava.
Pulou na piscina de novo, repetindo o velho processo continuamente, buscando por respostas.
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seu modo de andar [ sulay ]
FanfictionKim Junmyeon era um nadador profissional apaixonado pela água. Nela, encontrava seu refúgio e os problemas eram levados pelo azul da piscina. Até que, depois de uma lesão séria em uma competição e uma infecção oportunista, ele teve que ter uma das p...