Cap 3

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- III -

VIDA DUPLA

O sol já estava se pondo em Smallville.

Clark tinha acabado de entrar no banho para se livrar da fuligem do incêndio, quando o telefone tocou.

Foi atender enrolado numa toalha.

– Chloe?! Tudo bem?

– Tudo. Não recebeu meus recados?

Clark olhou a luz piscando da secretária. Na verdade nem tinha tido tempo de checar. Perdeu a tarde inteira naquele incêndio. Se fosse só apagar teria sido mais rápido. Mas, além disso, parte da estrutura do pequeno edifício ficou comprometida com o calor e o local estava cheio de gente presa. Deu um jeito de escorar a construção com material que arranjou numa construção na vizinhança, principalmente lingotes de ferro, para que as pessoas tivessem um mínimo de segurança, mesmo que fosse uma medida provisória e precária.

Na pressa de escaparem das chamas, muitas pessoas subiram no telhado. Apesar de um tanto perigoso, os bombeiros tentavam retirar as que estavam nos dois primeiros andares usando uma escada magirus e estudavam a possibilidade de retirar as que estavam no telhado com um helicóptero mesmo que não tivesse como pousar. Corriam contra o tempo com a possibilidade de parte da construção ruir. Clark se imcumbiu de retirar as que estavam no telhado, subindo e descendo os três andares do prédio várias vezes. Ia tão rápido e estava tão sujo que não se preocupou muito se alguém que salvasse visse seu rosto, estavam tão aterrorizados que nem prestavam muita atenção nele, mais preocupados com os focos que ainda não tinham sido debelados.

Os bombeiros só perceberam a ajuda que tinham recebido no final do resgate, mas durante todo o processo Clark acabou cruzando com vários deles e teve que redobrar a atenção para não ser visto. Uma coisa era gente apavorada, outra eram homens treinados para aquele tipo de situação. Às vezes era uma tremenda desvantagem não poder mostrar o rosto.

Quando julgou não haver mais ninguém no prédio, usou sua apurada audição para ter certeza que todas as pessoas tinham sido resgatadas. Pôde ouvir os bombeiros comentando no subsolo à respeito de sua improvisação de escora para a fundação não ceder durante a operação. Pôde ouvir a voz de Lois conversando com os bombeiros. Um deles falava:

– Não devia estar aqui srta. Lane. Apesar das escoras que o Red Blue Blur pôs aqui, ainda há perigo de desabamentos e...

Clark balançou a cabeça, desanimado, uma sombra de sorriso no rosto. Como ela conseguia entrar nos lugares mais inadequados e estar no meio da ação era um mistério para ele.

Escutando a conversa que acontecia dois andares abaixo, não percebeu um bombeiro chegar, sorrateiro e tocar seu ombro. Sorte estar de costas. Foi correndo para fora e nem viu o olhar espantado do homem que o confundira com uma vítima. Certamente ele logo descreveria seu encontro com o Red Blue Blur para o primeiro jornalista que visse. Clark podia apostar que seria Lois, apesar de toda a imprensa estar cobrindo o acidente.

Voltando a atenção pra Chloe, respondeu:

– Acabei de chegar. Aconteceu alguma coisa?

– Aconteceu, mas já estou quase chegando aí pra gente conversar. Só estava checando se estava em casa.

Stiletto - Final AlternativoOnde histórias criam vida. Descubra agora