A Herdeira Essex

Capítulo 24

Saíram de mãos dadas do clube, ela ainda estava um pouco sem fôlego quando chegaram no carro, ele abriu a porta do carro para ela entrar, mas ela travou, abrindo o sorriso e dando outro beijo nele:

- Eu não posso, meu bem... Eu realmente não posso! Esses dois beijos é o máximo que eu posso te dar! Me desculpe se eu não posso te dar esse dia... Eu não quero mais perder tempo com o passado, eu quero viver o futuro... E, me desculpe... – ele assentiu com a cabeça

- Eu posso viver com isso, Eva... – ele a beijou de novo na testa e trocaram um longo e demorado abraço, ela foi pro seu carro, Paul se aproximou e ela baixou o vidro:

- Eu preciso que você descubra uma coisa para mim...

- O que, Srta. Essex?

- Onde o Scott está, eu preciso saber onde o Sr. Scott Mountbatten está e eu preciso encontrar ele agora. Pode dizer que a 3aGuerra Mundial está prestes a acontecer, mas eu preciso encontrar com ele. E preciso que alguém avise a Kate que eu não vou poder almoçar...

- Precisa que eu vá dirigindo?

- Por favor. – ela pulou para o outro lado, ele fez algumas ligações no outro carro e voltou para o dela – Tudo resolvido?

- Sim, e o Sr. Mountbatten está no escritório.. A senhorita gostaria de vê-lo agora ou posso marcar para outro momento? – ela negou com a cabeça

- Eu preciso ver ele agora, Paul. Por favor. Vá para onde ele estiver.

- A senhorita está bem?

- Estou. – ela ficou em silêncio o resto do percurso, ela se identificou na entrada e subiu como um furacão, o elevador parecia se arrastar, quando chegou na frente da sala dele sentiu as pernas tremerem, a secretária a olhou desconfiada:

- Em que posso ajudar a senhora?

- O Scott se encontra?

- Ele está em uma reunião, gostaria de esperar por ele?

- Sim, por favor.

- Tem hora marcada? – ela deu um meio sorriso

- O Tyler ou a Coleen estão por aqui?

- Não, senhora.

- Certo. Isso é constrangedor, mas acredito que ele irá me receber. – a jovem só balançou a cabeça, ela andou de um lado para o outro do hall, odiava não invadir a sala e soltar tudo que há tanto guardava, a porta abriu e alguns homens saíram, ela não esperou ser anunciada, entrando como um furacão, a secretária veio atrás, mas foi em vão

- Desculpa, Sr. Scott. – ele olhou para Eva, incrédulo

- Pode sair, Ali. – ela assentiu, fechando a porta ao passar

- Aconteceu alguma coisa?

- Precisava lhe ver... Te atrapalhei em algo muito importante?

- Não, Srta. Essex, você nunca me atrapalha. Em que posso ajuda-la? – ele manteve um tom amistoso

- Preciso que você converse comigo... – ele sorriu, ainda cauteloso até em como se movia

- Acredito que eu nem tenha outra escolha, não é?

- Desculpa ter invadido sua sala, fiquei com medo de você não me receber.

- Eva, tá tudo bem com você? O que está acontecendo?

- Eu... Eu estou bem.

- E por que você acha que eu não te receberia?

- Não sei, você não respondeu nenhuma das dez milhões de mensagens que eu te mandei...

- Isso tem quase um ano, e, dada as circunstâncias, eu queria que você refletisse e ficasse a vontade com a escolha que fez.

- Que escolha, Scott? Eu passei mais de três horas naquele maldito avião esperando você chegar, e você nunca chegou... – ele franziu a testa

- Você me esperou?

- Esperei até quando simplesmente não dava mais pra ficar lá. Esperei por suas respostas, esperei por você...

- E o Bennett?

- Quem?

- O Henry, Eva.

- Eu não tenho mais nada com ele, e hoje tive a certeza disso... – ele ficou em pé

- Eu fui pra sua casa naquele dia, você disse que ia dar a ele outra chance, ninguém me contou, eu escutei e fui embora...

- Eu nunca dei outra chance a ele, quer dizer, mais ou menos, eu dei um beijo nele hoje... – ele riu

- Você veio aqui rir da minha cara, foi isso? Um ano atrás eu mudei minha vida pra ir pra sei lá onde você queria, e eu teria ido pra China com você, ou onde quer que você fosse. Eu entrei lá e vi você com aquele animal, animal mesmo, porque um cara que te tratou da maneira que ele lhe tratou só pode ser um animal.

- Scott...

- Deixa eu falar... – ela assentiu, ele mantinha o tom de voz mais agitado, mas sem aumentá-lo – Ele te deixou sem explicação, foi na sua casa mil anos depois, você perdoa e vocês não estão juntos? Ele é muito babaca.

- Não, você que é um babaca. Porque perdemos um ano juntos.

- Eu não vou ficar com você, Eva.

- Mas...

- Eu não posso. Simplesmente não posso deixar que você me coloque de escanteio de novo, eu saí dali...

- Cala a boca, seu babaca! Tem quase um ano que eu não lhe vejo, e não tem um dia que passe que eu não lembre de você... Não tem um rosto que eu olhe e não me venha lembranças suas... E até hoje eu fui muito forte, porque eu não tinha beijado ninguém, mas hoje, hoje eu vi que eu não quero mais ninguém... – ele riu, solto

- Então você beija outro cara e sai correndo para me ver? Ele deve ter adorado isso, não foi?

- Não, na verdade eu quebrei uma promessa que fiz a ele, eu prometi 24 horas a ele...

- Sai daqui, Eva, por favor. Eu não tenho que escutar essas coisas. Eu não quero ficar nessa sua confusão de Henry, Richard, sei lá mais quem tá na sua vida...

- Não tem mais ninguém na minha vida, Scott.

- Saia daqui, por favor. O nosso tempo acabou, o que tínhamos que viver, nós já vivemos. É hora de crescer, Eva.

- Scott...

- Eu nunca vou te destratar, nunca vou deixar de te atender, até de te escutar se você precisar de alguém pra te ouvir, mas não podemos voltar pra Saint Tropez e fingir que não doeu. Eu não dou conta de me deixar levar por você e depois morrer afogado. – ela engoliu a seco – Me desculpe por esse termo, eu... – ela ficou em pé

- Essa é sua decisão final?

- Eu tomei essa decisão ano passado, e eu realmente não tenho pretensão de muda-la.

- Inflexível?

- Ninguém brinca comigo, Eva. Arruma as suas bagunças. – ela assentiu

- E eu posso voltar quando eu estiver arrumada? – ela segurava o trinco da porta, ele riu

- Eu não caibo na sua vida, Eva. Eu nunca tive espaço, eu fui o que fui, um romance passageiro, um affair, ou sei lá como se falam... Me supere, siga a sua vida.

- Muito bem, Scott, eu já entendi seu recado. Acho que era melhor você nem ter me recebido.

- Eu nunca vou deixar de te receber, Eva. Te retornar é outra história.

- Entendido. – ela saiu de lá firme, aquela foi a gota d'água, tinha cansado de desabar por os homens que passaram na sua vida, pegou o telefone:

- Mudou de ideia?

- Sim, mudei. Onde a gente se encontra?

- Te pego em casa em quarenta minutos.

- Não demore.