Capítulo 6

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− Senhor, Egisto não está conosco. Nenhum sinal de seus homens.

− Maldito covarde! Ele nos traiu Alessandro.

− Mantenha os homens em formação, Dríades.

− Fiquem firmes, rapazes. Hoje será um dia gloriosos!

− Ieaptus está recuando, senhor!

− Maldição!

− Arqueiroooooos!

− Escudos!

− Não podemos aguentar sozinhos, senhor!

− Cale a boca e proteja-se, soldado.

− As flechas pararam. De pé, homens!

− Cavalariiiaaaa!

− Formaçããããão!

− Aguentem firmes...

Alessandro acordara em sobressalto. Estava muito suado e sentia todo seu corpo enrijecido. Jogou o cobertor de lado e esfregou os verdes olhos para se acostumar com a escuridão do quarto antes de se levantar. Procurou por água, mas a ânfora sobre a mesa de seu quarto estava vazia. Deu um suspiro profundo e foi em direção à cozinha.

Embora ainda fosse madrugada e a escuridão inundasse sua casa, suas pupilas já haviam dilatado o suficiente para que ele pudesse descer ao térreo em segurança. Não que não pudesse fazê-lo mesmo com olhos vendados. Havia morado ali por toda sua vida e conhecia cada centímetro da residência, mas sentia suas pernas sem forças e enxergar um pouco ajudava a descer as escadas.

Tomou um pouco de água. Sentia uma leve dor de cabeça e tentava organizar seus pensamentos. Foi em direção a saída da casa, abriu a porta principal, mas ficou escorado no batente. Sentiu o ar fresco contra seu rosto enquanto podia ouvir alguns cães latindo não muito longe dali.

Alessandro ainda era um jovem de dezoito anos, mas que tinha muito respeito dos seus pares periecos. Desde criança aprendeu com o pai, Dédalo, a lidar com os negócios da família e com o ofício da guerra. Se os jovens esparciatas passavam pelo rigoroso treino militar, o agogê, a partir dos sete anos, Dédalo começou a ensinar seu filho ainda mais jovem. Todos os dias antes do jantar, os dois simulavam combates e à medida que Alessandro crescia, novos ensinamentos eram passados pelo pai. Ficou tão bom na arte de combater com escudo e espada que muitos amigos de Dédalo brincavam cogitando a hipótese de Alessandro ser filho do brilhante general de Esparta, Brásidas, que tinha fama por saber manejar o escudo e a espada como ninguém, mas Dédalo sempre respondia que loiro como ele era, seria impossível ser filho de Brásidas, mas Aquiles renascido era outra história. Com atenção e sem questionar as palavras do pai, se transformou em alguém que as pessoas de sua vila admiravam pela seriedade, honestidade e disciplina.

Quando os cães estavam em silêncio, Alessandro podia ouvir bem fraco o rebentar das ondas contra a praia que ficava não muito longe da vila. Passou as duas mãos sobre os cabelos sempre curtos e resolveu caminhar até lá.

Passou pelas casas ainda em silêncio. Hipnos parecia mergulhar todos em um sono profundo, então, ele pode caminhar sem ser descoberto. Logo pisou ainda descalço na areia branca e fina da praia. O barulho do mar era bem mais forte agora e o aroma daquelas águas eram familiares. Sentou-se bem próximo de onde a maré podia alcançar. Dali podia-se ver um pequeno cais usado pelos pescadores locais, mas que ainda estava deserto.

Observando os movimentos da maré, passou a pensar sobre o pesadelo que o fez acordar de madrugada. Ainda um pouco confuso, podia se lembrar que estava em meio a início de uma batalha e que ele liderava seus homens. Pareciam em grande desvantagem numérica. Outro fato importante que conseguia se lembrar era da ausência de Egisto. Por que deveria lutar ao lado de Egisto e por que ele não estava presente, Alessandro não fazia a menor ideia.

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