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Um mês havia voado desde que Agatha mudou para o apartamento de Rodrigo, eles tinham se adaptado rápido a nova rotina, e apesar de suas vidas corridas demais, saber que tinham o colo um do outro a noite era maravilhoso. A única coisa que ainda tirava a paz de Rodrigo era o fato da mulher não ter se desfeito do apartamento dela, que já estava vazio, e pronto para ser passado, e ainda que ele tivesse ajudado a procurar alguém para alugar, ela insistia em mantê-lo fechado, e continuar pagando o aluguel.

-O Gu me perguntou de novo sobre o apê. –Ele comentou assim que eles entraram em casa.

-Ah... pede pra ele esperar que eu vou falar com o proprietário...

-Vai mesmo? Ou vai enrolar mais um mês? Você tá mesmo feliz de vir morar aqui? –Ele suspirou.

-De novo isso? Claro que eu estou feliz de estar aqui Rod...

-Mas não parece, Agatha. Parece que você não confia em nós. Sempre tem um pé atrás, sempre deixando a insegurança gritar. Eu mudei tanto por você, mudei tanto por nós...

Ela suspirou, não era uma total mentira. Os antigos relacionamentos ainda a assustavam demais, ao tempo em que nenhum deles ela havia amado tanto, como amava Rodrigo, e seu medo de tudo desmoronar de uma hora pra outra a fazia caminhar com calma, apesar de seu peito gritar para que ela se jogasse de cabeça nele.

-Eu confio na gente, claro que confio. Eu só... você precisa entender que é difícil pra mim...

-Difícil o que? Por que? O que mais você quer que eu prove?

-Nada, eu não quero que me prove nada, eu confio em você, confio no que sinto por você. O apartamento é só...

-Só você com medo do que os outros podem pensar, dizer... deixando teu medo falar mais alto do que o que você sente... –Ele suspirou e deixou sua bolsa em cima do sofá, tirou seus sapatos os deixando no mesmo canto de sempre, e caminhou até seu quarto.

Agatha suspirou o vendo se afastar, como ela queria poder não dar razão a ele, mas seu apartamento era como uma garantia do medo que ainda gritava alto em seus ouvidos, ela só queria seguir em frente sem ele, mas não conseguia. Sentiu seus olhos arderem e limpou duas lágrimas teimosas que insistiram em escorrer por seu rosto.

-Não é isso... –Ela disse alto, o suficiente para que quem passasse pelo corredor escutasse, mas baixo demais para que os sentimentos magoados de Rodrigo pudessem escutar. Ela caminhou até o quarto dele e entrou fechando a porta.

-Vou ligar para o Gustavo e dizer que o apartamento não está disponível... –Ele disse rude, poucas vezes Ágatha havia escutado aquele tom na voz nele, e nenhuma delas tinha sido direcionada a ela, aquela dor, ela nunca saberia explicar.

-Não... eu quero alugar pra ele, diz que eu vou tirar aquelas caixas com os livros de lá, e ele pode ir...

-Não Ágatha, eu não quero que você faça algo só porque eu disse, ou porque isso gerou uma briga entre nós. Quero que faça porque quer, porque se sente a vontade... somos livres! Lembra?

-Mas eu não quero que fique pensando coisas Rodrigo, o que a gente tem é tão precioso pra mim, eu sei que as vezes posso não demonstrar, ou deixar minha insegurança transparecer, mas eu te amo tanto... –Ela sussurrou, o nó em sua garganta estava se tornando insuportável.

-Nem só de amor sobrevivem os relacionamentos, lembra? Você me disse isso uma vez...

-Não faz isso... por favor.

-Eu vou tomar um banho pra deitar, licença... –Ele tirou sua camisa a jogando em cima da cadeira no quarto, e caminhou até o banheiro, fechando a porta e a trancando em seguida.

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