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Agatha sentia como se o tempo voasse nesses meses que estava ao lado de Rodrigo, ela mal podia acreditar que já faziam quase seis meses de sua mudança, seis meses vivendo de um amor que nunca havia sentido por ninguém. A insegurança de desfazer de seu apartamento a alguns meses atrás deu lugar a uma leveza, que só ele conseguia trazer com aquele sorriso. Ela estava feliz, completamente feliz.

Mas havia algo estranho com ela, algo muito estranho. Já faziam três dias seguidos que Agatha passava a maior parte de seu dia colocando pra fora tudo o que havia comido. Era pela manhã quando acordava, era depois do café, depois e almoço e assim até nem ela se aguentar mais.

E parece que não ia ser diferente naquela manhã, sentiu seu estômago revirar e logo sabia o que estava por vir, se levantou rápido caminhando até o banheiro pra repetir o ato que havia se tornado tão comum.

-Agatha? -Rodrigo chamou ao ouvir a movimentação intensa demais para um domingo antes das oito da manhã.

-Já vou... -Ela gritou do banheiro enquanto sentia sua cabeça rodar.

-De novo? -Ele suspirou e se levantou caminhando até o banheiro, suspirou ao encontrar a mulher ajoelhada em frente ao sanitário, mais uma vez.

-Não era pra você ter vindo aqui. -Ela sussurrou.

-De novo esse papo de 'não quero que você veja isso?'

-E eu não quero mesmo! Olha o meu estado Rodrigo!

-Eu tô vendo. -Ele se ajoelhou ao lado dela pegando delicadamente os fios de cabelos que insistiam em cair sobre seu rosto.

-Eu não sei o que tá acontecendo comigo...

-Deve ser uma virose... você não tem comido direito. -Ele beijou o ombro dela carinhosamente.

-Eu não quero mais vomitar... Tô cansada disso.

-Então levanta. Chega, vamos lavar a boca e passou. -Ele sorriu fechando a tampa da privada e a ajudou a ficar de pé

-Passou agora, porque daqui a pouco vai dar de novo. -Ela disse e segurou forte nos ombros dele quando sua vista escureceu por alguns instantes a fazendo perder o equilíbrio.

-Hey, devagar. Tudo bem? - Ele perguntou preocupado.

-Sim. Estou melhor. -Ela respirou fundo e abriu a torneira jogando um pouco de água em seu rosto.

-Se não melhorar vou te levar ao hospital. Não pode ficar vomitando assim, combinado? -Ele acariciou os cabelos dela.

-Okay. Mas é só uma virose, daqui a pouco eu tô melhor. -Ela sorriu o acalmando, mas seu corpo tremia só de pensar na hipótese que lhe havia surgido.

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-Hey dorminhoca... -Rodrigo riu e engatinhou pela cama até estar por cima de Agatha e passou a beijar seu rosto.

-Ah não Rod... hoje é domingo vai. Por favor...

-Meu anjo você está dormindo desde cedo. Passou mal aquela hora, deitou e foi embora. Já vai dar duas da tarde. -Ele se deitou ao lado dela a abraçando.

-Só mais um pouquinho... bem pouquinho... -Ela sussurrou se agarrando a ele e sorriu.

-Só um pouquinho, você precisa comer. Como está se sentindo?

-Melhor, só estou com sono... muito sono...

-Tô vendo, não sei de onde sai esse sono todo... -Ele riu e beijou a testa dela demoradamente.

Agatha suspirou, ela queria não saber, ou pelo menos não imaginar de onde todas essas mudanças estranhas em seu corpo estavam vindo. Na verdade queria estar errada, não era o plano dela, não era o plano deles.

-Rod... -Ela chamou.

-Oi amor...

-Você quer muito ter filhos né?

-Muito? Ah, eu quero ter filhos amor. Mas não agora... -Ele sorriu a fitando, falar com ela sobre esse assunto era sempre como estar pisando em ovos, sabia que ela não queria ser mãe nem tão cedo.

-Por que isso agora?

-Só uma curiosidade. Você falou lá na sua mãe aquela vez. E depois brincou de novo. Mas agora é cedo né? Muito cedo. -Ela riu fraco.

-É cedo sim amor. Imagina o tanto de coisa que a gente ainda tem pra viver. Fica tranquila, eu brinco, mas eu não pretendo ser pai agora... -Ele sorriu, era melhor assim, no tempo dela. Amava sua mulher demais para perdê-la por uma insegurança boba.

-É... é isso. -Ela sorriu e tornou a fechar os olhos, seu coração batia descompassado e ela quase podia escutá-lo em seus ouvidos. E sua cabeça repetia automaticamente a frase que Rodrigo havia dito a pouco.
'Ele não queria ser pai agora... era cedo demais'

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