Capítulo 11: Sozinhos

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Capítulo 11: Sozinhos

Cinderela

"Quando você vai embora eu conto os passos que você dá

Você percebe o quanto eu preciso de você agora?"

               (Tradução da música When your gone - Avril Lavigne)

        Eu sei que em um certo momento da vida precisamos deixar ela seguir o seu curso, devemos tirar nossas armaduras e deixar os nossos fardos no chão, aqueles que carregamos com tanto sufoco.O grande problema é que temos muito medo de tirarmos nossas armaduras, e por quê? Sabemos que ela claramente não nos protege do total estrago que ganhamos após uma queda ou uma luta, ela apenas faz transparecer que ainda estamos vivos e que somos extremamente fortes, que somos super-heróis e conseguiremos superar todas as coisas ruins que fizerem para nós. Mas, sabemos no fundo que por trás de nossas armaduras bonitas, nossas marcas de guerra, nossas palavras firmes, encontramos um coração machucado, triste e com medo. No fundo ninguém quer amar de verdade, porque hoje em dia amar significa depender de uma outra pessoa para sermos felizes e depender dos outros é nosso grande medo. 

        Quando acordei eram cinco da manhã, o Noop estava ao meu lado em um sono leve. Eu tentei não ser feliz naquele momento, mas eu sabia que no fundo meu coração se sentia aliviado por ele estar ali. Usei a sua escova de dentes e tomei uma ducha não muito demorada, vesti o mesmo pijama de antes e quando retornei para o quarto, ele estava sentado na cama olhando para a janela. O sol ainda nem tinha aparecido, mas já dava para sentir a sua vinda. Sentei-me na ponta da cama e ele ainda um pouco sonolento voltou seus olhos para mim. 

— Dormiu bem? — Ele perguntou. 

— Sim, dormi sim. Obrigada. — Dei um meio sorriso. 

— Está se sentindo melhor? — Ele mexeu em seus cabelos e me fitou com seus olhos azuis. É difícil não achar ele bonito pela manhã. 

— É, eu estou. — Fui sucinta. Ele se chegou para a ponta da cama, deu um meio sorriso e colocou a mão em meu joelho. 

— Olha, eu não sei o quanto você sofreu, as coisas que você viveu e eu nem sei como enfrenta as dores que a vida te causou, mas eu sei que não da pra viver se escondendo. Você tem amigos agora, você tem em quem confiar Cinderela. — Aquele mar azul invadiu meus olhos e pela primeira vez eu me senti segura. Segurei em sua mão e dei um leve sorriso. 

— Ok. Obrigada Noop, você é mesmo um doce. — Respondi rindo.

— Não da pra ser romântico com você né? — Ele riu perguntando como quem já sabe a resposta.

— É, não dá. Eu juro que eu tento, mas não consigo. — Falei sem conseguir parar as risadas.

— Eu gosto disso. — Ele deu seu melhor sorriso. Ele se chegou para me beijar e eu rapidamente coloquei o dedo indicador em sua boca como um sinal de silêncio.

— Oh, oh, oh. Não, não. Primeiro escove os dentes! — Ele riu e pulou da cama em disparada para o banheiro.

— É pra já! — Ele disse.

— Escove bem a língua! — Eu ria divertidamente.

        Eu continuei sentada na ponta da cama, com um coração bobo de alegria. Não demorou muito para eu sentir as suas mãos geladas em meus ombros, acariciando-os. Eu sorri para mim, e mesmo não o vendo sentia que ele também sorria. Suas mãos soltaram o coque de meu cabelo e seus lábios beijaram meu pescoço fazendo com que todo o meu corpo estremecesse de arrepios. Ele me abraçou por trás e me jogou na cama, eu estava rindo enquanto sentia seu corpo por cima do meu, suas mãos deslizando pela minha pele, e com certeza nada era melhor do que o calor do seu corpo e suas mordidas em meu pescoço. Eu não conseguia parar de rir, e então ele me virou e ficamos cara a cara, não resisti e acariciei seu rosto, o rosto mais bonito que já tinha visto. Agora sim eu tive a certeza, a certeza de que ele era o meu grande medo, o meu grande amor. Seus olhos sorriram pros meus e ele me beijou com calma e tão fundo que até a minha alma se sentiu beijada. A razão já não comandava mais os meus atos, minhas mãos desenhavam seu corpo como se precisasse dele para viver, tirei a sua blusa e o calor de seu peito me invadiu. Eu sentia como se me faltasse ar, suas mãos deslisavam em minha barriga e faziam um suspense, aquele frio na barriga e aquela vontade absurda de que ele tocasse os meus seios me surgiu na mente. Eu já me sentia tão molhada, contudo quando ele entrelaçou seus dedos em meus cabelos e segurou com força puxando-o pra si enquanto suas mãos subiam para os meus seios, o meu corpo todo ficou desesperado por ele e eu me sentia mais molhada, seus lábios rosados e quentes me beijavam tão bem, eu já não estava tão lúcida. Infelizmente, alguém bate na porta. É a mãe dele. 

4 Amigas e os Passos de CinderelaOnde histórias criam vida. Descubra agora