Capítulo 14: Dona do meu pensamento

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Capítulo 14: Dona do meu pensamento
Phelipe Fujita

— Tem certeza que isso é uma boa ideia? — Ele estava deitado no sofá bebendo seu milk shake de baunilha. 
— Sei lá, acho que não vai ser uma noite tão horrível assim. — Digo disfarçando meu temor. 
— Phelipe, sabe como sua mãe é, ela vai pirar quando souber que está namorando! — O Lucas diz isso com muita ênfase que eu chego a sentir arrepios. 
— Minha mãe não é tão bruxa assim, ela só quer garantir que eu tenha um futuro brilhante. — Tento amenizar.
— Phelipe lembra quando sua mãe descobriu que você namorava? Ela pirou! Infernizou tanto que terminou em traição e mudança de estado. Phelipe garanto que é melhor não apresentar a Gabi pra ela. — Seu olhar era sério e concentrado em mim.
— Mas, é que eu promeit a Gabi que ela conheceria minha família. Estou enrolando há muito tempo já.
— Ué, fale a verdade! Diga que sua mãe é louca, ela vai entender. — Responde-me ele não sendo sarcástico.
— Talvez ela não pire, não tenho mais 16 anos.
— Você esqueceu que ela só quer que se case depois de terminar a faculdade de Direito e fazer seu intercâmbio na França e passar 6 meses no EUA, além de fazer Doutorado em Direito Internacional? Phelipe sua mãe tem seus passos escritos em uma agenda de metas, acha mesmo que ela vai permitir que namore em pleno ano de vestibular? — Ele já estava ligeiramente nervoso, e sendo bem honesto, ele tinha um pouco de razão. 
— Você está certo, mas a Gabi é um exemplo de dedicação, estudo, ela é menina perfeita! Impossível minha mãe não aprovar ela. — Falo temeroso.
— Tem que convencer a Gabi de não falar nada sobre dança. — Ele diz insatisfeito.
— Como assim? — Questiono já premeditando a resposta. 
— Você sabe o que a tia Lúcia pensa sobre tudo o que é arte e dança? Ela chama de baboseira cultural! Ela vai ofender a Gabriela sem disfarce algum! Ai, isso vai dar ruim Phelipe! — Ele coça a cabeça agoniado. Me levanto do sofá e começo a andar em círculos, puta que pariu! 
— Eu controlo a conversa! Pronto! — Digo em voz alta num quase grito.
— Mas precisamos de mais tempo, marca esse jantar pra daqui há duas semanas.
— Não vai dar. — Falo em voz baixa.
— Como assim?
— Eu marquei pra amanhã. — Abaixo a cabeça.
— VOCÊ PIROU? QUER SE SUICIDAR? ACABOU!!! FODEU DE VEZ! — Diz ele aos berros.
        Sentei-me no sofá angustiado enquantro ouvia o Lucas gritar comigo, eu sei que ele estava certo, mas como explicar pra Gabi que não dava pra conhecer minha família? Que minha mãe não permite que eu namore e que minha irmã é exageradamente ciumenta, como explicar isso? Desde que entrei na adolescência minha mãe me estimulava a não me envolver sentimentalmente com as meninas, que eu deveria focar nos meus estudos e viver a minha fase de adolescente, no tempo certo eu conheceria alguém ideal e me casaria, mas isso depois da faculdade e assim tomar posse do meu lugar na Bayer, uma empresa Química e Petroquímica, não gosto muito de falar sobre esse assunto, é extensivo e requer muita paciência. A questão total é que minha mãe sempre se esforçou para que eu pudesse ter a melhor educação e conseguisse ajudar o meu pai em seus negócios e um dia assumir o seu lugar. Ele está me deixando um legado e eu tenho que me esforçar para merecer isso, logo sem namoros, pois sentimentos são distrações e fazem a gente sair do foco, isso é o que minha mãe sempre diz. Pois é, fodeu de vez! 

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        Eram 19:30 e a Gabi estava deslumbrante em seu vestido rosa delicado e levemente sensual, ela tinha um cheiro de Hypnose e sorriu pra mim com uma felicidade estonteante. Eu já me senti bobo antes, mas naquele dia eu estava um idiota de tão apaixonado. 
        Quando chegamos em minha casa pedi para que ela não reparasse no leve mal humor que minha mãe poderia exalar hoje, disse que ela teve um dia muito difícil e tinha ficado menstruada, falei sobre a intensa menstruação de minha mãe e como ela sofria com sangramentos de 15 dias. A Gabriela compreendeu com toda a sua gentileza e se portou muito preocupada com a saúde de minha mãe, pedi a ela também que não falasse sobre isso no jantar, pois minha mãe não gostava. 
        É claro que tudo sobre a menstruação era mentira, mas foi a forma que o Lucas inventou de disfaçar o rosto raivoso que minha mãe iria demonstrar durante todo o jantar. 

4 Amigas e os Passos de CinderelaOnde histórias criam vida. Descubra agora