Capítulo 8 - Parte II: O Tempo
Noop
"Dizem que a incapacidade de aceitar a perda é uma forma de insanidade. Deve ser verdade. Mas às vezes, é a única forma de nos mantermos vivos." - Grey's Anatomy
Eu nunca perdi ninguém em minha vida, ninguém realmente especial, nem mesmo um animal de estimação muito amado e querido. Eu não sei a sensação de vazio que devemos sentir quando alguém parte, mas com certeza é como diz uma música do Coldplay, as lágrimas rolam de nosso rosto quando perdemos algo que é insubstituível. Naquele momento a única coisa que me cabia fazer era abraça-la bem forte, entretaçnto eu sabia que nada do que eu fizesse iria fazer com que ela conseguisse ser feliz naquele momento. Eu a olhei admirando cada traço de seu rosto tão gélido e amargurado, confuso e triste, com certeza devemos ficar sem rumo por um bom tempo quando perdemos um ente tão especial e querido, então eu me sentei na cama encostado na parede, estiquei minhas pernas e puxei a Cinderela para perto de mim, ela se deitou em meu peito e ficamos um bom tempo em silêncio, eu não queria incomodar ela e também não tinha muito para dizer, ao menos que ela quisesse desabafar algo comigo. Passamos exatamente uma hora e meia deitamos em silêncio, eu vi o sol nascer para o dia em minha janela, trazendo para o meu quarto uma luz amarelada que iluminava e irradiava alegria, notei que já eram seis e meia da manhã e eu precisava me arrumar para ir pro colégio, enfim a Cinderela depois de tanto tempo conseguiu adormecer novamente e eu silenciosamente saí da cama e a cobri com um lençol leve, pois já havia desligado o ar-condicionado e em seguida abri a janela para deixar que o dia clareasse e o ar puro e fresco penetrasse no quarto.
Tomei um banho de água morna, lavei bem meus cabelos e tentei me arrumar o mais rápido possível, quando terminei de me arrumar parei em frente a minha cama e a observei dormindo em um sonho tão leve, parecia que ela estava tendo um sonho bom, pois em sua boca notava-se um singelo sorriso prendido pelo sono. Então me aproximei afetuasamente daquela anjinha dorminhoca e beijei-lhe no rosto e acariciei seus braços e me direicionei para a saída do quarto, peguei minha mochila e fechei a porta lentamente para não fazer barulho. Meus pais e minha irmã já estavam sentados a mesa saboreando um maravilhoso café da manhã, juntei-me a eles, e então minha irmã dirigiu a palavra a mim:
— Bom dia irmão! A Cinderela está bem? — Ela me sorriu preocupada e eu contribui o sorriso.
— Sim, ela conseguiu dormir agora. Não irei acordar ela, quando eu voltar da escola levarei ela pra casa. Ela teve uma noite difícil, merece descansar.
Meu pai deu-me um meio sorriso convencional e disse: — Realmente ela deve descansar, ficamos preocupados com os gritos e choro durante a madrugada. Tem certeza de que ela está bem filho?
Eu ri porque meu pai parecia realmente preocupado, isso deve ser pelo fato dela ser filha de um grande empresário e que ele com certeza mantém negócios com o pai da Cinderela, seria muito ruim se o pai dela achasse que a Cinderela teve problemas aqui em casa, ou que tenha acontecido algo grave e não o avisamos. Respondi tranquilamente: — Sim pai, ela está bem.
Ele consentiu com a cabeça e minha mãe tomou-lhe a palavra com muita convicção e simpatia:
— Bom querido, irei passar essa manhã com ela. Não se preocupe.
Eu sorri e agradeci a minha mãe por sua preocupação e ajuda, com certeza a Cinderela tem problemas para serem resolvidos em relação a perda de sua mãe e talvez minha mãe pudesse ajuda-la melhor do que eu. Terminei meu café e chamei a Flávia para deixa-la no curso, fomos escutando ao som de Green Day, a banda favorita da minha irmã, ela fez questão de deixar um pen drive com todos os albúns da banda gravados em meu carro, assim toda vez ela pode me encher o saco para que eu coloque suas músicas. Até que é uma banda legal, e eu até gosto de algumas músicas, todavia esse é o meu carro e eu gosto de escolher as minhas músicas. Deixei minha irmã no curso e percebi que o mesmo garoto a esperava para entrarem no curso juntos, e ainda andavam abraçados. Eu tenho que averiguar quem é esse rapazinho!
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4 Amigas e os Passos de Cinderela
Roman d'amourEssa é uma obra sobre uma menina de 18 anos que vive na Zona Oeste do Rio de Janeiro, ela perdeu a mãe aos 15 anos e sofre uma certa revolta com o casamento do pai com uma mulher bem mais nova. Ela era bem retraída e revoltada, mas sua vida muda com...