Strawberry

Complexo de Amor

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Jungkook

— Jungkook… — Sua voz saia um pouco falhada, ele também me parecia nervoso, mesmo que eu não estivesse o olhando cara a cara, pois não conseguia o soltar. — Eu vou… embora. — De repente, meu corpo relaxou, enquanto soltei o ar pesado que prendia.

Eu me senti incomodado por talvez tê-lo feito se sentir constrangido, pois até mesmo eu me sentia assim, era um tanto estranho como meu corpo havia reagido. Eu não consegui formular algo, dizer algo que não transparecesse que eu estava realmente desesperado com essa notícia. 

Pra onde esse estrangeiro iria?

— Embora? — Ele assentiu. — M-mas, você acabou de chegar... — Idiota. Eu havia gaguejado e mostrado um pouco de fraqueza.

— Eu não vou embora definitivamente — Por que ele parecia tão calmo? — Eu vou visitar uma pessoa. — Ele suspirou. — Volto daqui uma semana.

Uma pessoa? Uma semana?

— N-não me dê sustos assim... idiota. — Seus olhos pareceram brilhar.

— Sabe, embora você seja rude, eu vou sentir sua falta. — Respirei um pouco mais rápido dessa vez. — Somos amigos, certo?

Amigos... é, talvez sejamos amigos. Fiquei em silêncio.

— Eu estou indo daqui a alguns dias.

— Alguns dias? — Engoli em seco. — Você precisa realmente ir?

— É. Essa pessoa não tem ninguém no momento.

Que estranho. Ninguém. Eu sempre carreguei esse sentimento comigo desde quando minha mãe me “abandonou” para viver sua vida. Não foi fácil aprender tudo sozinho, passar por tudo sem nenhum tipo de ajuda, mas, estranhamente, esse garoto estrangeiro não me deixa só um minuto sequer, ele realmente é insistente e, muita vezes, irritante. Mas mesmo com tudo isso, ele quer se manter por perto a todo custo, eu não tenho saída ou escolha, mas... ele — talvez — tenha conseguido algum progresso, eu — talvez — não me sinta 100% sozinho.

Mas se ele for agora... eu, tecnicamente, vou ficar sozinho de novo. Eu... não quero ficar sozinho.

— E por que você não me disse antes?

Eu me levantei, sendo até um pouco rude. Eu gostaria de completar aquele drama dando as costas para ele e voltando para a minha casa, mas a verdade é que ele estava tão perdido quanto eu estava (e eu estou falando de assuntos completamente diferentes), tendo a obrigação de voltar para casa com ele ao meu lado e minha mente no espaço.”

(...)

Eu não vejo razão alguma para as pessoas se apaixonarem.

Eu mesmo fui um idiota por ter me entregado aos sentimentos que julguei me fazerem feliz, quando estavam mesmo me destruindo por dentro e por fora, como uma bela doença. O ato de se apaixonar, como muitos dizem, não é algo previsível. Não é algo que escolhemos, queremos, ou gostamos. Talvez alguns gostem, mas acredito que estes só gostam por terem sido correspondidos.

Eu não me imagino num amor profundo.

Talvez eu esteja num complexo de aceitação. Eu temo por qualquer sentimento atualmente, tenho medo do que eles possam me causar, tenho medo de perder tudo de uma vez e nem me dar conta.

Mas por que aquele estrangeiro está no meio dos meus pensamentos?

Estou com um sentimento de fracasso, mas não sei ao certo o motivo. Por favor, não posso estar sentindo algo diferente e estranho, me diz que não. Não. Nunca. Não? Não, não é?