Diferente.

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Meu pai voltou pela manhã, Jungkook não teve a decência de me dizer um tchau, na verdade ele somente murmurou um "hum" de algum vão da casa enquanto eu acenava para o vento da porta de entrada. Depois de me dar aquele beijo e aquela demonstração de ciúmes, um "tchau" era o mínimo que ele poderia fazer. Quero dizer, eu estava disposto a sair dessa, simplesmente sair dessa coisa de Jungkook e minha paixão por ele. Era infantil e irremediável ficar sofrendo por alguém que não te dá nenhuma atenção ou demonstração, nem que seja de amizade.

Mas Jungkook finalmente me deu a demonstração que meu coração precisava para querê-lo ainda mais, e agora fingia que não estava nem aí. Ou ele gostava muito de me fazer sofrer, ou ele era só um babaca por natureza, e o pior de tudo é que essas ofensas silenciosas que eu repetia em minha mente eram completamente vazias.

Yoongi estava tão feliz que parecia que a irmãzinha bebê era dele, não minha. Ele toda hora queria pegá-la no colo e ficava brincando com ela no berço. Minha irmã também era muito sedutora com aqueles olhinhos puxados de mestiça, jogando seu charme para todo lado.

Mas isso tudo tinha um lado negativo e ele me bateu com força.

Su Mi estava cansada por causa do resguardo e isso significava que eu tinha que fazer tudo em casa enquanto ela descansava, quando Yoongi não estava com minha irmã no colo ou no celular, ele me ajudava a fazer algumas tarefas. Eu estava feliz pela minha irmãzinha, o problema é que essa rotina de fazer tudo sozinho junto com a indiferença de Jungkook, estava começando a me deixar extremamente estressado. Eu lavava, passava e cozinhava. Papai cuidava das roupas do bebê e da Su Mi quando chegava do trabalho, mas depois que eu vi que ele chegava praticamente morto, resolvi fazer essa tarefa também. Os exames da escola estavam chegando, e eu ainda não conseguia parar de pensar em Jungkook.

Meus dias estavam se resumindo a isso, e eu acreditava que segunda-feira, quando HaNi estava já com seus 15 dias de existência, iria ser mais um dia normal.

Felizmente eu estava enganado.

Como qualquer outro dia, me arrumei preguiçosamente para ir à escola. Meus olhos coçavam de sono e eu tentava me manter de pé no ônibus, pedindo a Deus para que ele não desse um solavanco e eu caísse. O ônibus estava tão apertado, que era difícil até de respirar. E no meio de tanta gente eu ainda assim pude ver as costas de Jungkook, passando por quatro pessoas e se sentando perto da janela. Se eu fosse um garoto de atitude, poderia ir até ele e pedí-lo que segurasse minha mochila, porém eu não era, e fiquei espiando suas costas da parte de trás do ônibus, como uma paparazzi atrás de um artista. A verdade era que eu fazia papel de trouxa o ano inteiro e que às férias começariam sem eu nem mesmo ter beijado o cara que eu passei o ano todo perseguindo.

Alguém no comando do universo talvez não gostasse muito de mim.

Quando o ônibus parou perto da escola, eu desci ainda vendo as costas de Jungkook a minha frente, enquanto ele caminhava mais rápido cada vez que eu tentava me aproximar. Pensei em chamá-lo, mas seria humilhação demais para quem já estava sendo tão ignorado, então somente segui meu caminho em direção à minha sala, lentamente e sem segui-lo mais. Por um breve momento, ele olhou por cima do ombro, me viu, e quando eu separei meus lábios para falar com o mesmo, ele simplesmente se virou e foi embora.

O que eu poderia fazer para entender Jungkook? O que daria certo?

Eu estava quase subindo a rampa para minha sala, quando ouço alguém chamando meu nome.

Era Bo-gum.

— Ah, oi. — Eu disse em voz baixa quando ele se aproximou, me sentindo culpado por um simples beijo na testa vindo de Jeongguk, me fazer esquecer completamente dele.

— Oi. — Ele falou sorridente. — Então, eu queria saber como estão as coisas. Sua irmã nasceu, não foi?

Assenti.

— Ela nasceu. — Dei um sorriso.

— Fico feliz. — Falou. — Olha, eu sei que vai parecer estranho, mas… o que acha de sairmos de novo?

Bo-gum era legal, era bonito e muito simpático. O problema era eu. Era o fato de que eu estava completamente apaixonado por Jungkook, e isso me deixava sem escolhas para outros amores.

— E-Eu acho que não vai dar certo. — Falei engolindo seco. — Você é muito legal para mim.

— Obrigado?!? — Falou erguendo as sobrancelhas.

— Não! — Balancei a cabeça. — Não foi isso que eu quis dizer! O que eu quero dizer, é que talvez não seja bom saírmos mais.

Bo-gum ficou quieto por alguns segundos.

— É por causa do Jungkook?

Ele falou naturalmente, me espantando. Essa reação calma não era o que eu esperava dele, após dispensá-lo.

—… Sim. — Respondi hesitante.

Ele riu suave.

— Tudo bem, eu já sabia que você gostava dele. — Ele falou ainda simpático. — Na verdade, todos da escola já sabem.

Suspirei frustrado.

— Bem, obrigado pela compreensão. — Eu já estava voltando a subir a rampa, quando ele segurou de leve meu braço.

— Espera, — começou. — Eu gostei de você, e eu queria ser seu amigo!

Comprimi os lábios.

— Então seremos amigos, eu também  gostei muito de você!

Bo-gum deu um sorriso lateral.

— O que acha deu te ajudar a enciumar Jungkook?

Franzi a testa.

— Hm? E por que você faria isso?

Ele deu de ombros.

— Você foi legal em ser sincero e me dispensar, acredito que ele não te mereça…  mas eu gosto de ver meus amigos felizes.

Ok, isso não me pareceu tão convincente, mas eu decidi aceitar. Eu já estava no fundo do poço mesmo, o que é um peido pra quem já está todo cagado? Eu e Bo-gum conversamos bastante após aquilo, cabulamos a primeira aula para bolar um plano que faria Jungkook admitir que gostava de mim, mesmo eu tendo minhas suspeitas de que isso não fosse verdade. Contei a Bo-gum sobre o que aconteceu na noite do nascimento de HaNi, e ele achou graça. Bo-gum conhecia Jeongguk de vista, e disse que sempre o achou muito arrogante, mas que se sentia curioso em relação a ele.

O combinado era: andar de mãos dadas no intervalo, bem simples, nada muito complicado. Eu era um  pouco envergonhado, mas pra quem já havia beijado Bo-gum, andar de mãos dadas não era nada demais.

Quando as pessoas começaram a descer a rampa em grande quantidade, eu vi Bo-gum saindo de sua sala no andar de baixo, com um sorriso divertido. No mesmo instante, também vi Jungkook descendo a rampa um pouco acima de mim, com as mãos dentro dos bolsos. Eu andei um pouco mais rápido quando percebi que Bo-gum já me esperava lá embaixo, passei por algumas pessoas e finalmente cheguei ao seu encontro entrelaçando nossos dedos.

— Acha que isso vai dar certo? — Sussurrei para ele.

— Confia em mim. — Piscou. — Vamos comprar algo para comer.

Eu estava pronto para caminhar ao lado dele, e viramos de costas em direção à cantina. Até que uma mão agarrou meu ombro e me virou para o lado oposto ao que Bo-gum estava. Uma outra mão segurou meu rosto, e eu olhei em seus olhos até sentir…seus lábios nos meus.

Um beijo.

Jungkook havia me beijado.

StrawberryOnde histórias criam vida. Descubra agora